domingo, 30 de dezembro de 2018

Lendas da Jângal. Um vira latas de nome Takala.



Lendas da Jângal.
Um vira latas de nome Takala.

Prólogo: - “Recolha um cão de rua, dê-lhe de comer e ele não morderá: eis a diferença fundamental entre o cão e o Homem”. - “O Homem tem feito na Terra um inferno para os animais”. - Separei algumas de minhas histórias mais incríveis para postar novamente aos que ainda não conhecem. Takala eu tenho certeza vocês vão adorar.

                              Ele tentava entender o porquê, mas era um cão, um mísero cão vira lata que achou que tinha um lar para morar. Cão não fala e não pensa dizem. Ele nem raciocinou quando ela o jogou pela porta do carro no meio da rua naquela tarde fria com uma chuvinha intermitente. Pensou ser uma brincadeira apesar de que ela nunca brincou com ele. Batia sim, chutava seu corpo e um dia lhe deu uma surra de vara porque fez xixi na porta que estava fechada. Correu atrás do carro de sua dona, mas já era Velho demais para isto. Logo ela sumiu em uma esquina e ele perdeu o carro de vista. Assustado no meio da rua quase foi atropelado por outros veículos. Alguém lhe deu um chute e ganindo correu para o passeio debaixo de uma marquise. Ele ficou ali por pouco tempo todos que passavam lhe davam um pontapé ou gritava com ele. Molhado ele gania de frio. Não sabia o que fazer. Nunca passou por isto, nunca.

                            Takala não sabia quando estava feliz ou triste. Era um cão vira lata com mais de doze anos. Quando mais jovem morava em um sitio de um homem pobre e velho e quando o menino da cidade começou a brincar com ele sua vida mudou. Nunca entendeu porque a mãe do menino o levou com ele. Durante meses foi feliz com o menino. Brincavam corriam e Takala se sentia outro. Um dia o menino sumiu. Sua mãe chorava pelos cantos. Ele não sabia o que fazer, afinal era um cão vira lata que não sabia pensar. Quando ela o pegou pelo rabinho e o jogou no carro ele não entendeu nada. Quando ela o jogou porta afora muito menos. O que fazer? A chuva aumentava. Na esquina encontrou um viaduto. Escondeu-se em um buraco onde ninguém poderia bater nele. A fome chegou. Comia pouco, pois a mãe do menino quase não o alimentava. Só o menino que sumiu. O dia clareou e a chuva passou. Precisava encontrar comida e água. Saboreou a água nas poças que encontrou.

                           Começou a passear pelas arvores e flores que havia embaixo do viaduto. Viu do outro lado da rua um menino o chamando. Sorriu. Será que terei um novo dono? O menino estava vestido de azul com um lenço branco no pescoço. Para Takala a roupa pouco importava ele queria era um dono amigo, que gostasse dele. Correu atrás do menino e ficaram brincando de pega, pega. O menino de azul sorria a mais não poder. Chegaram a um portão. Takala sabia que não o deixariam entrar. Sempre foi assim, cão vira lata sem pedigree não entra em nenhum lugar. O menino de azul entrou e o portão fechou. Takala esperou pensando que o menino lhe daria alguma coisa para comer. Algum tempo depois o portão se abriu e o menino de azul sorrindo o chamou para entrar. O rabinho de Takala nunca balançou tanto. Ao entrar viu muitos meninos de azul, outros de chapéu todos gritando e sorrindo. O menino de azul o levou até uma cobertura. Fez sinal para ele ficar ali.

                           Muitos meninos e meninas de azul se aproximaram de Takala. Ele sorria nunca pensou ter tantos amigos. Latiu, um latido fraco quase mudo. Logo trouxeram comida para ele. Ele nunca vira tanta comida. Comeu e quando comia levantava a cabeça com medo de um chute ou de um tapa, pois sua dona sempre fazia isto. Escurecia e os meninos estavam indo embora. O menino de azul veio com uma moça e Takala viu que conversavam muito. O levaram até um galpão coberto e aberto nas laterais. O menino de azul mostrou para ele um pequeno capacho, uma vasilha d’água e muita comida encostada a parede. O pegou no colo e o beijou. Takala viu que seu coração batia. Nunca ninguém o beijara. Ele ficou ali naquele galpão, pois agora era seu novo lar. Sempre a esperar que o menino de azul chegasse.

                           Um dia eles chegaram cedo. O sol acabara de nascer. Takala sorriu Agora no seu novo lar amava os meninos e as meninas de azuis. O seu amigo o pegou no colo e entrou com ele em um ônibus. Takala tremeu, de novo não! Pensou em latir, em morder e só o medo de ser jogado pela porta de novo o fez calar. Fechou os olhos embaixo da poltrona. Ele não sabia rezar, mas seu instinto o alertava para tudo. Durante horas ele ficou no ônibus tremendo de medo. Quando chegaram foi uma algazarra, todos correndo e Takala correndo atrás deles. Nunca Takala o vira latas foi tão mimado, tão cercado de amigos. A noite uivava para a lua como a dizer – Agora eu sou feliz, pois posso amar... No terceiro dia correu atrás do seu amigo de azul que se embrenhou em um bosque. Takala adorava aquela brincadeira. Sentiu seu coração batendo, corpo tremendo, e não queria parar. Correram tanto que uma hora ele deitou. Uma dor incrível no seu coração. Coração velho de vira latas que só sabem amar.

                        Ao seu lado o menino de azul ria e rolava no capim verde chamando Takala. Ele não aguentava mais. A dor era muito forte. Viu uma serpente enorme se enroscar para dar o bote no menino de azul. Ele sabia o que era uma serpente. Quando jovem seus donos corriam delas no sitio em que morou. Takala fez um esforço enorme. Levantou gemendo, pulou em cima da serpente latindo fraco, respiração ofegante. A serpente o mordeu na sua jugular. O menino de azul saiu correndo chamando a moça que tomava conta. Vieram vários. Não encontram a serpente e nem Takala. Os meninos e as meninas de azuis choravam. Ao voltar para a fazenda viram ao longe uma serpente e um cão lutando. Correram até lá. Tarde demais. Takala estava morto, mas conseguiu matar a serpente. Aquela noite nunca se viu tantos meninos e meninas de azul a chorarem. Custaram para dormir.

                       De manhã uma surpresa. O sol brilhava nunca se viu tantos pássaros no céu. Uma revoada acontecia. A moça amiga do menino de azul fez um lindo esquife verde. Ela reconheceu que Takala foi um herói e precisava ser homenageado. Embaixo de um Abacateiro em uma cova simples fizeram uma cerimonia fúnebre cantando uma canção chamada de até logo, breve adeus. Para um simples vira lata Takala teve honras de estilo. Todos choravam quando era enterrado. Takala só no céu ficou sabendo que era a Canção da Despedida. Takala próximo a eles estranhava que ninguém o via. Só o menino de azul que sorria para ele. Viu descendo do céu em uma nuvem branca uma grande Vira Latas branca, sorrindo, focinhos com focinhos ela e ele deixavam as lágrimas de alegria cair. Ela deu um latido leve e correu pela nuvem, Takala correu atrás dela e sumiu no horizonte azul. O menino de azul também chorava e ao chamado da moça todos ficam firmes e fizeram uma saudação que Takala já conhecia. Era o Grande Uivo. Feito em homenagem a Takala, um vira latas que só sabia amar e foi para o céu.

sábado, 29 de dezembro de 2018

Contos ao Pé do Fogo. Evelyn anjo ou demônio?



Contos ao Pé do Fogo.
Evelyn anjo ou demônio?

Prologo: - Nota de Rodapé: - Os que riam hoje choram, os que debochavam hoje respeitam, os que não acreditavam, hoje procuram o caminho, o que estava morto foi ressuscitado. Fica fácil quando cada chave é colocada em sua devida fechadura. Nada como um dia após o outro dia. Tudo faz sentido, quando a motivação é o amor...

                     E daí se gostam de mim ou não? Não estou nem ai! – Michel tremeu de ódio. Permaneceu calado para evitar dizer uma saraiva de palavrões e ofensas. Leo que estava próximo pensou em interferir. Melhor não pensou. Não era só os dois, toda a Patrulha Antares queria vê-la longe. Não entendiam a Chefe Sophia que sempre aconselhava relevar, pois ela um dia iria melhorar. Evelyn foi levada a corte de honra e a Tropa Sênior por diversas vozes se auto-convocou para um conselho de tropa. Por quê? Claro, Evelyn. Pensando bem Evelyn era uma jovem bonita, olhos negros incrivelmente belos. Mas sua apresentação era péssima. Vestia mal, nas inspeções ela sempre “enterrava” a Patrulha com seu uniforme.

                    Ninguém explicava porque ela insistia em continuar como Guia. Quando entrou falou para Dante: - Olhe Escoteiro, as montanhas da vida não existem apenas para que você Chefe no topo, mas para que você aprenda o valor da escalada. Viva sua vida e deixe-me viver a minha “- e quer saber”? Eu entrei nos escoteiros sem precisar de ninguém. Nem de minha mãe. Eu não preciso de você para ser feliz, eu sei como me alegrar todos os dias sem contar com nenhum de vocês. Evelyn era de amargar. Parecia não amar ninguém e não queria que os outros também gostassem dela.

                   Porque tão mal educada? Essa grosseria seria uma defesa? Mas defender de que? Natanael o Monitor disse a Chefe Sophia que a Patrulha tinha votado para ela não ir no acampamento. – Chefe, ninguém da Antares tem simpatia por ela. Acha-se a melhor, reclama e no acampamento de Julho ela foi um estorvo. A Senhora lembra que por dois dias ficamos em último lugar. Chefe Sophia tinha uma alma e um coração de anjo. Nunca aprendeu a tomar atitudes firmes que precisavam ser tomadas. Sempre achou que deveria ter um caminho uma solução.

                   Evelyn naquela sexta feira chegou como sempre emburrada e dizendo: Eu vou, mas não vou servir ninguém. Quero ser servida. Rui o Sub pensou no que viu e sentiu quando foi a casa de Evelyn. Não comentou com ninguém. Queria ver de perto. Nicolas um amigo do Colégio morava na mesma rua. Ficaram por horas conversando. Soube do seu padrasto, homem mau, de Sininho com seus dois anos que era mais paparicado do que Evelyn, soube também que na rua ninguém gostava dela, que sua mãe não se importava, não lavava louça e nem limpava casa. Evelyn fazia o mesmo.

                    Pensou em conversar com a Patrulha e colocar ao par tudo que viu e ouviu. Iria dizer que a vida pode ate derrubar, mas que escolhe a hora de levantar é você mesmo. Engraçado, diferente dos outros acampamentos Evelyn ao seu modo ajudou a Patrulha, mas sempre arredia. Lídia no segundo dia há encontrou chorando próximo ao Riacho das Flores. – Sentou ao seu lado, não disse nada. Ela sem olhar para Lídia disse baixinho: Na vida eu encontrei três tipos de pessoas. Aquelas que poderiam mudar minha vida, aquelas que querem predicar minha vida e ainda não encontrei aquela que serão a minha vida.

                     No terceiro dia um grande jogo foi realizado. Evelyn gostava de um grande jogo. Achava-se a melhor, resolvia sozinha, não dava satisfação a ninguém. Na subida do Morro do Macaco ela sumiu. Não era a primeira vez. A Patrulha se reuniu e discutiram em voltar e procurar ou seguir em frente e achar o Tesouro escondido. Eles já tinham decifrado todas as pistas e sabiam onde estava o Tesouro. Poderiam ganhar o jogo, o que não acontecia há meses por causa de Evelyn. Uma revolta grande. Achar o tesouro ou voltar para encontrar Evelyn?

                    Os artigos da Lei são aqueles que dão o tom para escoteiros de verdade. Vestir o uniforme nada significa se o coração não bate pela ajuda ao próximo. Era uma Patrulha unida, que se preocupava. Voltaram por onde vieram. Vasculharam cada barranco, cada ladeira, cada ribanceira e o talude do Cristo.  Já iam desistir e chamar a tropa para ajudar quando ouviram um gemido. Na rampa onde se uniam duas trilhas havia um buraco enorme. Lá em baixo estava Evelyn chorando. Desceram. Uma fratura exposta na perna e no braço. Ela devia estar sentindo dores terríveis.

                    Rui e Hélio voltaram para trazer socorro. Natanael, Rui Michel e Nair viram que não podiam esperar muito tempo. Ela estava perdendo muito sangue e pálida desmaiava e acordava. Michel no alto dos seus conhecimentos de Socorrista fez duas talas largas para não machucar. Amarrou uma na perna outra no braço. Ela desmaiada nada sentiu. Os lenços foram amarrados onde o sangue jorrava aos borbotões. Fizeram uma maca com dois bastões e com muita dificuldade arrastando morro acima a maca com uma corda chegaram ao topo.

                    O tempo passou um dois três meses e num belo dia de sol, Evelyn retornou ao Grupo. Mancava da perna que ainda não tinha cicatrizado. No cerimonial de Bandeira ela pediu a palavra: - Olhou nos olhos de cada um e disse: - Não sei o que dizer sempre me disseram que o maior problema em acreditar nas pessoas é que um dia você acaba não acreditando em mais ninguém. Sei que é difícil o perdão de todos, mas a partir e hoje serei outra Evelyn. Vou provar que posso ser amiga e irmã de todos vocês!

                    Quem esteve lá naquele dia nunca esqueceu. Um silencio sepulcral quando ela falava, quando parou a tropa parecia não entender bem sua palavras. Maria Eduarda, batendo palmas foi até ela e a abraçou. Todos correram para fazer o mesmo. Chefe Sophia sorrindo olhou para o alto e falou baixinho para ninguém ouvir: - “E tudo ficou tão claro, o que era raro, ficou comum”. Como um dia depois de outro como um dia, um dia comum!


sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Lendas Escoteiras. Era uma vez... Um chapéu Escoteiro para Cimarron.



Lendas Escoteiras.
Era uma vez... Um chapéu Escoteiro para Cimarron.

Baseado em fatos reais, “Um chapéu Escoteiro para Cimarron” foi uma feliz lembrança de historias Escoteiras que nunca foram esquecidas. Com algumas alterações considero como uma das dez melhores que escrevi. Obrigado.

                             Noite alta, devia passar da meia noite. Não tínhamos relógio, mas a lua e o sol nos dava o horário que precisávamos. Próximo a Ponte do Alemão onde tocaiávamos o trem de ferro, permanecíamos em vigília. Sabiamos que a qualquer momento o comboio de 300 vagões ou mais com quatro locomotivas iria passar. O pontilhão era enorme, mais de um quilômetro sobre o Rio Amarelo. Tininho olhou para Noka o Monitor. – Acho que vamos atrasar... – É... Respondeu Noka. Nosso Monitor falava pouco. Mas entendíamos sempre o que ele iria dizer.

                           Lilico dormitava sem preocupação com o trem. Não foi a primeira vez que atravessariam o Pontilhão do Alemão. Se estivessem atravessando e a buzina tocasse, adeus. Não tinha como fugir ou escapar do comboio, seria morte certa ou tentar pular na água e nadar perdendo tudo que tinham. Toliar sorria brincando com seu cabo trançado nas mãos. Sempre a fazer um ou outro nó. Era bom nisto. Diziam que fazia de olhos fechados mais de 80 nós escoteiros e marinheiro. Délio Abelha dormia. Era uma Patrulha de experimentados escoteiros. Todos sabiam o que fazer.

                      Lilico de olhos cemi-cerrados, mas com ouvidos atentos olhava a estrada de ferro com carinho. Colocou os ouvidos no trilho. Está chegando! Falou. A patrulha se animou. Cada um pegou sua bicicleta e suas tralhas e ficaram a espera do comboio. Quem sabe era pequeno? Uma vez na Ponte do Cara Preta ficaram quase meia hora esperando o comboio passar. Mais de trezentos vagões e cinco locomotivas a dizel. Diziam que era o maior trem do mundo. Quase 3.500 metros de extensão. 40.000 toneladas de minério gemendo nos trilhos daquela ferrovia infernal.

                       Na curva do Maribondo avistaram o farol do trem. Potente! Iluminava tudo. O maquinista e o seu ajudante sorriram para eles quando puxavam a potente buzina. A patrulha sorriu. Délio Abelha sabia que todos sonhavam um dia estar ali, naquelas máquinas infernais, levando minérios e outros bichos para países do além mar. Quinze minutos até passar as cinco locomotivas acopladas e os vagões. No ultimo uma vagonete com um lampião vermelho a querosene aceso.

                      Atravessaram o pontilhão com calma, nada de correrias. Prender uma perna era programa de índio. Do outro lado respiraram aliviados. Noka custou para falar – Acho melhor arranchar no campinho de futebol do Arraial do Lagarto. Esta hora todos estão dormindo e sairemos cedo para a Serra do Roncador. Chegaremos lá antes das onze e a escoteirada já devem estar nos esperando! Deu um suspiro montou e lá foram eles. Meia hora e chegaram ao campinho.

                     Vinte minutos e estavam dormindo nas barracas de duas lonas. Deixaram os chapéus em cima da barraca para apanhar a brisa da manhã e não perder a aba reta. O sol surgia quando todos levantaram. Hora de partir. Noka viu que o seu chapéu tinha desaparecido. Os demais ali estavam como os deixaram. Em volta viram umas vinte pessoas olhando. Eram moradores do Arraial. Noka perguntou se ninguém viu seu chapéu. Um menino gritou: - Foi Cimarron quem levou!

                     Noka perguntou quem era o Capitão da Cidade. Em qualquer arraial sempre tinha um. – Procure o Madrepérola. Ele já deve ter acordado, pois tem quatro vaquinhas leiteiras. Noka montou em sua bicicleta. Os demais o seguiram. O centro nada mais era que um descampado sem grama e empoeirado com umas quarenta casas de taipa em volta. Uma plaquinha dizia – Casa do Capitão. Bateram palmas e a meninada riu. – Vá por trás. Ele está tirando leite! Os Escoteiros da Morcego não estavam rindo. Sabiam do valor do chapéu Escoteiro e como era difícil adquirir um. Viram o capitão tirando leite. Noka explicou com poucas palavras. De novo? Respondeu o Capitão. – Cimarron vai aprender. Eu mesmo vou lhe dar uma lição!

                       Madrepérola foi junto com os Escoteiros a casa de Cimarron. Sua mãe estava à porta com o chapéu de Noka. – Onde ele está dona Efigênia? No quarto Capitão. – Chame-o! Cimarron apareceu na porta chorando. – Conheço seu choro, disse o Capitão. A meninada gritava: Prende ele Capitão! Tudo para eles eram festa. No arraial nada acontecia. Noka pegou seu chapéu. Olhou para Cimarron. Nunca tinha visto menino tão magro e de olhos caídos. – Cimarron chorava. Soluçando disse que um dia seria um Escoteiro. Sabia que nunca seria no Arraial. Mal tinha a escola para estudar. Noka se compadeceu. Chamou Délio Abelha e o pediu para arvorar a bandeira nacional. Feito pegou na mão de Cimarron. Venha menino. Você vai ser Escoteiro! – Formaram uma ferradura pequena. O povo do arraial apalermado sem saber o que ia acontecer. – A bandeira em saudação! Gritou Noka. Pegou na mão de Cimarron ensinando. Firme! Descansar!

                   A patrulha ficou de sentido. Noka pediu para Cimarron levantar a mão direita. Ensinou a meia saudação Escoteira. – Repita comigo Cimarron! – Prometo, pela minha honra, fazer o melhor possivel para: - Cumprir meu dever para com Deus e minha Pátria, ajudar o proximo em toda e qualquer ocasião e obedecer à lei do Escoteiro! Sabe Cimarron, um Escoteiro não mente, um Escoteiro é leal, um Escoteiro respeita o que é do próximo. Agora você é um Escoteiro. Noka tirou seu lenço e o colocou em Cimarron. Depois pegou seu chapéu e o colocou em sua cabeça. Cimarron chorava, e como chorava. O povo bateu palmas. – Alguém gritou! – Viva Cimarron um Escoteiro do Brasil! – Os patrulheiros o abraçaram. Arriaram a bandeira. Pegaram suas bicicletas e partiram. Muitos meninos ainda correndo atrás.

                      Pararam na subida da Onça Pintada. Noka desceu da bicicleta e olhou para trás. Cimarron chorava gritando para eles: - Obrigado irmãos! Obrigado. Prometo ser um escoteiro de valor. Prometo que vão se orgulhar de mim. A patrulha montou em suas bicicletas e partiram na estrada que os levaria ao seu destino. Antes da curva da Coruja ainda ouviram ao longe a voz de Cimarron – Adeus amigos, adeus! Voltem um dia! Vão encontrar um Escoteiro Leal e amante da paz!

                      Ninguém disse mais nada. Cada patrulheiro sabia o Monitor que tinham. Um orgulho em pertencer àquela patrulha. Se Cimarron ia mudar ou não, era sua escolha. Uma boa ação foi feita. A patrulha virou a curva do morro da Coruja. Sumiram na estrada que os levaria ao seu destino. Eles acreditavam que Cimarron cumpriria sua promessa. Sabiam que ele aprendeu a raça, a cortesia, o respeito e a fraternidade de um escoteiro. Na descida da estrada do Cantador, imaginavam que deixaram para trás um Escoteiro sem tropa, sem patrulha, mas com um imenso amor para dar!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

A história que não foi contada. Pitfundo, o Chefe que engoliu o apito.



A história que não foi contada.
Pitfundo, o Chefe que engoliu o apito.

Prólogo: - Vez ou outra eu gosto de histórias engraçadas. Quando estou na minha dou risadas enquanto escrevo. Pitfundo é uma delas. Ri a mais que não poder. Se você não rir meu amigo melhor tomar um xarope de Limão Azedo. É disto que você está precisando! Kkkkkkk. E umas ótimas férias do escotismo em Dezembro.

                 Você o conheceu? – Claro que sim Chefe. Quando soube do que aconteceu eu rezei quarenta Ave Maria e trinta Pai Nosso! – Nossa! Vejo que gostava dele – Não é questão de gostar Chefe, mas Pitfundo era irritante. Apitava que nem um danado. Ele ria se inchava, se mostrava como um verdadeiro louco no apito. E olhe se alguém chegava atrasado, levava uma carraspatana e um apitaço no ouvido para não esquecer nunca mais! Como ele era magro gordo, alto ou baixo? Baixo Chefe, uma barriga maior que a sua. Andava com as mãos balançando. Gostava de fazer jogos de transportes em maca e ele se fingia de doente para ser carregado! Olhe Chefe, ele tinha mais de cento e vinte quilos!  Um dia ele se apaixonou pela Pamonia, o senhor lembra-se dela, todos a chamavam de Olivia Palito, a mulher do Popeye. Ela não tinha namorado, mas Pitfundo era chato demais com aquele apito alemão e ficava de olho nela. Ele comprou muitos apitos. Um francês, um inglês um americano e um italiano. Andava com todos no bornal para uma eventualidade.

                 Olivia Palito não deu bola. Nem ligou. Ela era a Diretora Secretária do grupo Escoteiro. Solteira, trabalhava na Biblioteca Municipal. Dizem que entrou no Grupo Escoteiro atrás de um marido, mas suas investidas davam em nada. Ela comprou cinco tipos da vestimenta destas novas que os “Maiorais” inventaram. Cada reunião vestia uma. Ia às reuniões do distrito, região e não perdia uma boca livre na nacional. Era perita em Assembleias e o escambal. Ficava passeando nos salões e despistava sempre entrando nos WC dos homens! Risos – “Discurpe” gente me enganei, procurava os da madame foi engano! Pois é. Uma vez ficou atrás do Presidente do BNE (Boquinha Nacional Escoteira) por dias. Não deu sossego ao coitado. Coitado? Bem namorar Olivia Palito era melhor namorar o Quasímodo. Viu que no Brasil não conseguiu nenhuma lasquinha de chefes e então foi parar no Jamboree do Japão. Agora sim pensou esta turma dos olhos costurados não me escapam!

                   Não conseguiu nada. Com muito custo começou um affair com um Chefe japonês. Gordo, enorme, pesava cento e oitenta quilos. Ela em principio assustou, mas soube que ele era cheio da grana um “Lutador de Sumô” e Samurai e figuraço na Associação Escoteira dos “Japa”. Não conhecia o esporte, mas viu que ele era podre de rico. A levou para sua mansão. Chegando lá chamou seu interprete: - Senhô diz que senhora será a sétima esposa. Todo domingo será sua vez! Sumiru Ka Kombi avisa que vai ser a sétima gueixa. Vai se chamar Cotira na Nuka. Deve obedecer as ordens de Sumira ká Nota a primeira esposa. Olivia Palito tremeu. Que roubada me meti? Pensou. A noite fugiu a pé do castelo de Sumiru Ká Kombi. No Jamboree desistiu de namorar japoneses. Ficou impressionada com os Escoteirinhos japoneses. Uns tiquititos de nada e falavam japonês de cor e salteado, já pensou? Voltou para sua terra pensando em namorar Ptifundo. Só sobrou o apitador chefe das multidões.

                  Ele o coitado solteiro desistiu de Olivia. Que ela fosse a Chefe que quisesse ser, mas não seria mais sua esposa. Foi então que conheceu Praquitinha. Amor à primeira vista. Pegou seu bornal, encheu de apitos e foi até a janela da casa dela altas madrugadas com duas patrulhas. Apitava por dois minutos com cada um dos seus apitos e de cinco em cinco minutos as patrulhas davam o grito. Quando o silvo agudo do apito de marinheiro começou levou um tiro de espingarda chumbinho no traseiro. Era o pai dela de saco cheio com tantos apitos. Gritou e rolou pelo chão berrando que estava morrendo. No hospital disseram que foi só oito balinhas cheias de querosene e sal. A escoteirada de sua tropa pagou pelo que não fez. Polenta, Nariz Catarrento, Zebedeu dos bodes e Joelho Seco os monitores se revoltaram. As patrulhas se reuniram. Procuram o Diretor Técnico Cobra D’água que nada resolveu. Procuraram o distrital Sapo do Brejo e nada também. Na região nem recebidos foram.

                  Reuniram a tropa. Discutiram por oito horas seguidas. Todos eram unânimes que se o Chefe Pitfundo quisesse apitar que fosse apitar no raio que o parta. Muitos Escoteiros estavam ficando surdos de tanta apitaria! O Presidente da Nacional Doutor Aquiquemmandasoueu, mandou um recado: - Vocês pagaram a mensalidade anual da UEB? Não? O Chefe Pitfundo pagou. Portanto ele é bem vindo. Se quiserem pagar posso pensar em resolver o caso do Chefe Apitador. Duros não sabiam o que fazer. Bem ninguém resolveu o problema dos Escoteiros. Pitfundo parece que soube do motim da tropa. Agora é que não daria mais sossego. No lugar de jogos cinco minutos de apito inglês. Técnica seria substituída pelo apito francês e assim por diante. Viajante um Escoteiro da Patrulha Sapo do Brejo apresentou um plano. A tropa aprovou. Fizeram uma vaquinha e compraram uns vinte super bonder. Encheram sem o Chefe ver os miolos dos apitos.

                 Naquela reunião logo que chegou meteu a boca no apito americano. Ele gostava. Gostava de ser chamado Boy Scout gud whistle Morney. No primeiro apito nada, sem som. No segundo perdeu o fôlego, no terceiro puxou o ar ao contrário. O apito foi sugado pela sua boca e desceu como um bólido pela goela até o esôfago. Ele berrou sem voz. Começou a dançar em volta de si próprio. Começou a fazer xixi na calça. Pulava feito Macaco Prego. A diretoria veio correndo. Chamaram o Samu que ao socorrê-lo sentiu que ele lançava violentamente para fora de si o canhão que vomitava fogo. O apito foi parar longe. A Tropa Escoteira deitada no chão rolava de rir e dava gargalhada atrás de gargalhada. Olhe, não sei se ele continuou na tropa, mas nunca mais apitou em sua vida. Olivia Palito casou com Jujú Marreco e tiveram vinte filhos. Dezoito deles são lobinhos, escoteiros e seniores. Que eu saiba o apito foi proibido naquele grupo escoteiro. Bem feito pensei, que sirva de exemplo para os chefes apitadores! Kkkkkkkk kkkkkk.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Um poeta sonhando acordado. As vozes do silêncio.



Um poeta sonhando acordado.
As vozes do silêncio.

Prefácio: - A Melhor mensagem para quem ama o escotismo é aquela que sai em silêncio de nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida. E o poeta repica no seu pensamento que da árvore do silêncio pende seu fruto, a paz. Escoteiro, viva intensamente use seu silencio para discordar. As mais lindas palavras de amizade e fraternidade são ditas no silêncio de um olhar...

                      Foi um poeta que escreveu que o sentimento mais profundo de um ser humano é o silêncio. – “Se você não consegue entender o meu silêncio de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos”. Eu gosto do silencio, de ouvir, interpretar as palavras, olhar nos olhos e pensar se era isto mesmo que eu queria dizer. Paulo Coelho diz que nós vivemos em um universo que é, ao mesmo tempo, gigantesco o suficiente para nos envolver e pequeno o bastante para caber em nosso coração. Na alma do homem está à alma do mundo, o silêncio da sabedoria. Deve ser fantástico passear pelas estrelas, sentir o som do silencio velejando pela via láctea, ver o brilho de um comenta passante, tentar entender o universo mais lentamente, sem pressa... Passar por um buraco negro sem saber o que encontrar... Ah! O silêncio. Dizem que ele e oração dos sábios.

                    Fico extasiado ao ler Saramago gritando ao mundo o seu silêncio: - Não direi: - Que o silêncio me sufoca e amordaça. Calado está calado ficarei, Pois que a língua que falo é de outra raça. Palavras consumidas se acumulam se represam cisterna de águas mortas, ácidas mágoas em limos transformadas, vaza de fundo em que há raízes tortas. - Não direi: Que nem sequer o esforço de dizê-las merece, Palavras que não digam quanto sei neste retiro em que me não conhecem. Nem só lodos se arrastam, nem só lamas, nem só animais boiam, mortos, medos, túrgidos frutos em cachos se entrelaçam no negro poço de onde sobem dedos. - Só direi, Crispadamente recolhido e mudo, Que quem se cala quando me calei Não poderá morrer sem dizer tudo. Não só ele, mas eu também me extasio com as vozes do silêncio.

                  Quem já teve a felicidade, a alegria, a satisfação de acampar onde não se ouvia o cantar de um ser humano? As vozes gritantes pululantes procurando destruir o maravilhoso som do silencio da natureza? Quanto deleite. Quanta satisfação e contentamento em apagar a voz, deixá-la escondida na garganta e sentir o fundo musical do tempo que nada diz e a gente se transforma em um ser humano imortal. Um dia tentei interpretar o silencio das matas, do alto de uma montanha, na cascata sorridente de um vale feliz. Lá fui eu com uma mochila, uma matutagem, um cantil uma faca escoteira e viajar na trilha da bem-aventurança. Era só eu. Sozinho naquele cercado de um lugar chamado paraíso. Ninguém mais pode entender meu prazer, meu deleite e a euforia de estar ali... Em silencio! Já ouviu a voz do vento? Ele canta divinamente. Canta para embalar as árvores, para alegrar as flores do campo, ele canta para dizer que existe que o mundo não e o que pensamos, mas é uma nascente de Deus.
       
                  Não há como viver na natureza. Audição ao vivo ao ouvir o som das arvores balançando ao receber sua aragem nas folhas, nos galhos, macaquinhos pulando ao alegre ventar. Não importa de onde veio ou para onde vai. Tente ficar de olhos fechados, deixe seu pensamento se misturar com os sons da floresta, sinta o vento no corpo, estremeça deixe fremir o seu olfato, percorra com sua audição seu jubilo de ouvir tão linda canção... Do vento! Só sendo Escoteiro é que podemos interpretar a voz da cascata murmurante, sua fonte e o borbulhar das águas cristalinas. Nunca esqueci no alto daquela montanha, uma vista de tirar o folego, eu ali calado, em silencio, tentando imaginar tudo aquilo e o dom de quem criou tão bela imagem. Fiquei parado. Extasiado.

                Os minutos se passaram, e tudo estava calmo, exceto a minha respiração. Ela dava arrancos, entrecortada, tendendo a soluçar em silêncio. A música expressava o que não pode ser dito em palavras, mas não pode permanecer em silêncio. Uma voz da noite me disse: Escuta e serás sábio. O começo da sabedoria é o silêncio. Não sabia o que dizer ou fazer. Estava parado estático. Lembrei-me de uma poetisa que dizia: - O silencio de Deus nos ensina, antes de reclamar que Ele não te respondeu tente entender o que Ele está te ensinado. Fechei os olhos. Não queria abrir, só queria ouvir. Nunca na vida tinha me sentido assim. Era como se eu estivesse sozinho abraçando um fogo de conselho, luzes de algodão vermelho querendo subir aos céus. Céus? Lindas estrelas no firmamento. Queria pegá-las, acariciá-las, levá-las comigo para não esquecer aquele momento. Uma orquestra noturna de grilos e pirilampos com suas luzes brilhantes começaram a tocar uma linda melodia. Uma coruja buraqueira rindo cantava: - Linda é à noite, tente ouvir o Senhor, pois muitas vezes Deus se cala... Mas o silêncio de Deus não significa que Ele desistiu de nós.

              Tenho que retornar, me enrosco em minha manta azul como o céu que vejo e amo. Existe um vento calmo no ar. Brisa gostosa. Ouço ao longe o cantar do Uirapuru. Sinto pardais dedilhando um violão encantado. Uma melodia toca no violão apaixonado. Sinto pedacinhos molhados gotejando na minha face. Sei que são lágrimas de alegria. O que dizer de tudo que sinto que vi e amo ao sentir o silencio maravilhoso em mim? Como Einstein em penso noventa e nove vezes o que sou e nada descubro. Deixo de pensar e continuo em profundo silêncio. E eis que a verdade vai aos poucos me revelando: - Você Escoteiro é filho da natureza. Reconhece nela o Criador e por isto sente falta dela. Não sei mais o que dizer. Volto à civilização. Civilização? Deve ser quem sabe um dia todos aprenderam a voz do silencio, ouvir, entender, sorrir sem discutir quem está com a razão.  

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Contos de Natal. Uma canção para o Canário Amarelo de Giacomo. Histórias para contar aos Lobinhos.



Contos de Natal.
Uma canção para o Canário Amarelo de Giacomo.
Histórias para contar aos Lobinhos.

Prologo: - Um filhotinho de canário amarelo caído do alto de uma castanheira em flor. Novo não sabia voar. Sentiu-se só e abandonado. Sua mãe saiu para buscara comida e não voltou. Sozinho a fome aumentando. Sua mãe prevenira do Gavião Malvado. Uma história simples, que terminou bem graças a um Lobinho da Jângal.

Imagine que não há paraíso. É fácil se você tentar
Nenhum inferno abaixo de nós, acima de nós apenas o céu.
Imagine todas as pessoas vivendo para o hoje .

         Era apenas um filhotinho de canário amarelo caído do alto de uma castanheira em flor. Ficava em pé com dificuldade e sabia que não podia voar. Sentiu-se só e abandonado. Sua mãe saíra para buscar o almoço e não voltou. Estava ali há horas e a fome só aumentando. Tentou um lugar para esconder, pois sua mamãe canária lhe dissera para tomar cuidado com o Gavião Malvado. Ele podia morrer se fosse encontrado só. Mas o que ele poderia fazer agora? Não podia andar e nem voar. Era muito pequeno e ali perdido naquela grama alta seria descoberto logo. Poderia ser pelo Gavião Malvado, poderia ser por um animal da floresta e poderia ser também pelo filhote de homem. Eles gostavam de machucar os pássaros da natureza. Fechou os olhos e chorou. Dizem que canário não chora, mas ele chorava. Saudades de sua mamãe canária, saudades do sua Tia A coruja Buraqueira. Ela também o protegia, mas desapareceu como o vento na tempestade.

Imagine não existir países não é difícil de fazer,
Nada pelo que matar ou morrer e nenhuma religião também,
Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz.

              Ele ouviu passos. Era de um menino pequeno. O filhote de Canário Amarelo tremeu. Pensou que era sua hora de morrer. Meninos não gostam de pássaros disse sua mamãe canária. O menino vestia de azul com um lenço verde e amarelo no pescoço e um boné azul também na cabeça. Ele não sabia o que era isto. Mas viu que o menino sorria, não o maltratou. Tentou falar com ele, mas ele não o ouvia. O menino viu que ele não podia andar nem voar. Saiu correndo e algum tempo depois voltou. Colocou em sua frente semente de arroz cozido. Em uma latinha havia água de beber. Viu que o menino de azul tinha bom coração. Sentiu-se revigorado após comer e beber. O menino olhava para ele. Um sorriso e dizia: – “Não tenha medo eu tomarei conta de você”. Ele dormiu em paz acreditando no menino de azul. Não sonhou. Canários não sonham. Acordou sozinho, pois o menino de azul se foi. De novo sozinho. De novo o medo. Agora tinha água e comida e mesmo assim ele não podia fugir dos seus predadores.

Você pode dizer que sou um sonhador
Mas não sou o único, tenho a esperança de que um dia,
Você se juntará a nós e o mundo será como um só.

          A noite chegou. Ele não tinha medo da noite. Para ele o dia e a noite eram iguais. Gostava mais da noite, pois podia se esconder. Sabia que o menino de azul não ficaria por muito tempo. Viu ao longe o dia amanhecendo. Era a alvorada. Onde estaria o menino de azul que lhe deu água e comida? Onde ele foi? Não entendia porque ele sumiu. A comida não iria durar muitos dias. Ele pequeno tinha de comer bastante. Sentiu seu corpo revigorar. Levantou as asas e ela bateu para cima e para baixo. Tomou distância em uma trilha correu e saltou para o espaço. Caiu feito uma abóbora madura. Ainda não estava na hora. Ele tinha de tentar e tentou muitas vezes. Qual foi sua surpresa que de tanto tentar levantou voo. Como era lindo voar. Rodopiou no ar varias vezes e quase foi engolido pelo Gavião Malvado que voava por trás. Ele não viu. Não sentiu o som de suas asas.

Imagine não existir posses me pergunto se você consegue
Sem necessidade de ganância ou fome uma irmandade do Homem
Imagine todas as pessoas compartilhando todo o mundo.

                   Viu ao longe uma onça parda olhando por um precipício e sabia que devia ser sua caça. Ela estava à espreita. Voou baixo e viu espantado o menino de azul caído no buraco. Gemia baixinho e com muitas dores chorava e cantava baixinho – “Meu Jesus me proteja, não deixe que nada aconteça comigo neste dia de natal”. Meus pais irão chorar quando não me virem na ceia da meia noite. Senhor Jesus amado, não quero que eles chorem. O filhote de Canário Amarelo sabia que precisava fazer alguma coisa. O menino de azul o salvou e ele tinha de fazer o mesmo. Pousou em um galho de uma arvore pensativo. Viu no céu milhares de Canários Amarelos. Estavam a sua procura. Sua mãe o viu, voou até ele e com bico o beijou varias vezes. Ele contou para sua mamãe sobre o menino de azul. Ela lhe disse para não se preocupar. Mandou-o ficar ali na espreita enquanto ela iria montar um plano para salvar o menino de azul.

Você pode dizer que sou um sonhador
Mas não sou o único tenho a esperança de que um dia
Você se juntará a nós e o mundo viverá como um só.

         Não demorou muito tempo. Milhares de canários chegaram com uma enorme rede de cipó feita por Araras vermelhas, tico tico da floresta, pardais das campinas verdejantes e tantos pássaros para um só objetivo. Tirar o menino de azul do buraco. Quinhentas andorinhas voaram por cima da Onça Parda. Não deram sossego e quando ela se sentiu bicada pelas andorinhas saiu em desabalada carreira. Em pouco tempo os Canários Amarelos jogaram a rede em cima do menino de azul que assustado sentou no meio da rede e foi levado pelos ares até onde estava acantonada sua Alcateia. Os lobinhos e lobinhas quando viram bateram palmas. O menino de azul foi salvo. Naquela noite de natal ele e sua família cantaram felizes por estarem juntos. Os pais não sabiam que ele salvou um Filhote de Canário Amarelo e eles o salvaram de morte certa. O filhote de Canário Amarelo nunca mais esqueceu este dia. O menino de azul foi o melhor natal de sua vida. Ele sabia que ajudar o próximo sempre estará ajudando a sí mesmo.

A letra da canção “Imagine” é de autoria de John Lennon.


segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Contos de Natal. O último adeus do Velho Lobo.



Contos de Natal.
O último adeus do Velho Lobo.

                           ♫ “O espírito da coruja mora neste acampamento!” - Para ele seria o mesmo natal de sempre. A família reunida, os netos correndo pela casa, as conversas dos filhos, nada diferente, mas sempre com um sabor especial. Sexta feira, 23 de dezembro. Ele acordou cedo. Tomou seus remédios e sem o desjejum partiu. Era sempre assim. Uma volta no bairro para sua caminhada matinal e comprar dois paizinhos. Uma para ele e outro para sua mulher. Sabia que no retorno o café fumegante estaria pronto. A família se reunia na tarde do dia 24 e por volta da meia noite todos iam a mesa para se refastelarem com o magnifico manjar da Mama. Ele já havia notado uns lapsos de memória e sabia a tempos que seus pensamentos se misturavam.

             A Santa Catarina pirolim pirolim pom pom, era filha do Rei”♫. - Sentiu-se cansado, sentou em um ponto de ônibus em frente á padaria. Fechou os olhos para tudo voltar ao normal. Não sabia como, mas o ônibus chegou e ele entrou. Sentou na frente. Porque fazia isto? Ele não sabia. Nunca fez isto antes. Na viagem começou a lembrar do seu passado. Viu-se menino escoteiro na Mata do Morcego. Encurralado em uma árvore por uma jaguatirica. Ela o olhava com olhar amigo. Ele não acreditava.

             ♫”Acenda, Fogo, acenda, Acenda essa fogueira”. Aqueça minha tenda e ilumine essa clareira! ♫... - Senhor aqui é o ponto final! – disse o motorista. – O senhor não vai voltar? – Espere o próximo ônibus. Este vai recolher a garagem! Ele desceu. Não sabia onde estava. Lembrou-se quando sênior acordou em um vale enorme, cheio de pássaros cantantes e uma cascata que faziam um barulhão. Ele não sabia onde estava quando saiu da barraca. Chegaram à noite perdidos e sem rumo certo.

            ♫ “Acorda escoteiro que o galo já cantou, cantou, cantou o galo já cantou"... Co-co-ro-có.... ♫. Olhou para um lado e para o outro, uma enorme avenida e milhões de carros passando. Prédios enormes. Qual ônibus para voltar? Ele não sabia. Não sabia de mais nada. Esquecera seu telefone e endereço. Nunca saia com seus documentos, pois sua volta no quarteirão era pequena. – Seu guarda, preciso voltar para casa – Onde o senhor mora? – Não sei! – Seu nome? – Não lembro. Sei que me chamavam de Velho Lobo, eu fui escoteiro. – O guarda o olhou de esguelha. – Não posso ajudar, atravesse a rua e ande dois quarteirões. Vais encontrar uma viatura equipada com rádio. Quem sabe podem ajudar o senhor!

           ♫ “Avançam as Patrulhas, lá ao longe, lá ao longe”. Avançam as Patrulhas, cantando com valor, lá ao longe!”. Teve medo ao atravessar. Nunca viu tanta gente correndo e querendo chegar do outro lado. Confundiu-se e no meio do caminho. Sua mente o levou até o Despenhadeiro do Lobo. Um medo incrível de escorregar e cair. Ele ficou pendurado em um galho e se não fosse o Nonato cozinheiro tinha morrido. 

           ♫ “Rigor, Boom, rigor, boom. Vem correndo depressa Escoteiro Ajudar o cozinheiro a fazer um jantar supimpa, supimpa Parazibum, zibum” ♫. Parou no meio da avenida. Nunca sentiu tanto medo. Ninguém se preocupava com ele. Com seus 87 anos ele ainda pensava que podia manter o domínio de sí mesmo. Em passadas largas atravessou a outra parte da avenida. Sentiu que alguém o segurava por trás e na frente um jovem lhe deu um murro na barriga. Ele sentiu uma dor tremenda. Estava sendo assaltado por pivetes e ninguém o socorreu.

           ♫ “Como é feliz o acampamento na floresta, Junto de nós passa um riacho a murmurar, cantam as aves em seus ninhos sempre em festa, o vento sopra a ramagem a cantar!” ♫. Uma moça o pegou com braço e mandou-o sentar próximo ao vão do MASP. Eram duas da tarde, ele precisava dos seus remédios. A fraqueza chegava e ele sabia que não ia aguentar. Precisava comer. Em sua casa já teria almoçado. Lembrava que nem o café da manhã tomou. Levantou com dificuldade. Viu uma lanchonete, viu coxinhas, e bolinhos de carne. – Moço eu posso comer uma e pagar depois? – O garçom riu. - Sem dinheiro necas meu Velho. Saiu andando em passos trôpegos. Começou a sentir tontura. Sabia por quê. A diabete fazia efeitos em seu corpo.
          
            ♫ “Quando se planta la bela polenta, la bela polenta, Se planta cosi. Se planta cosi. Oh, oh, oh, bela polenta cossi” ♫. A tarde chegou de mansinho e as luzes dos postes se ascenderam. O frio começou a fazer efeito em seu corpo. Não tinha blusa. Uma senhora negra riu quando viu que ele tiritava de frio. Lembrou-se quando se aventurou no Deserto de Atacama e no Vale da Morte. No dia um calor de rachar a noite o frio era demais. – Venha comigo ela disse. Debaixo do viaduto tem fogueiras feitas pelos meus amigos. Ele foi.

              ♫ “Em Silêncio acampamento, este canto vinde ouvir, são fagulhas da fogueira que nos dizem escoteiros a Servir” ♫... A noite foi cruel. Mesmo em volta daquela fogueira ele pensava que não iria resistir até o outro dia. Carros passavam proximo buzinando. Era noite de natal e ele não se lembrava do seu nome, de sua família só lembrava-se do seu apelido. Velho Lobo. Lembrou-se também da subida no Pico da Manada no Peru. Dormiram encostados em uma enorme pedra onde cabia só dois e eram cinco! Foi lá que pela primeira vez viu a neve que caia em flocos brancos e lindos de ver.

              ♫ “Longo é o caminho, longo, longo, mas andaremos sem parar! Duro é o caminho, duro, duro, cantemos para não cansar!” ♫... Dormia e acordava, dormia encostado a lateral do viaduto. Os seus novos amigos dormiam tendo como cobertor papelões que eles guardavam das lides onde recolhiam lixo reciclado para sobreviver. Ouviu ao longe alguém cantando uma canção de natal. Lembrava vagamente quando em uma reunião de Giwell em um Jamboree alguém contou uma história de natal. A lembrança o emocionou.

           ♫ “Eu era um bom lobo um bom lobo de lei. Não estou mais lobando, o que fazer não sei, me sinto velho e fraco não sei mais lobear, logo a Gilwell Assim que eu possa vou voltar” ♫... O dia amanheceu. Ele estava mal. Sentia falta de ar, tremia e quase não ficava em pé. Seu corpo estava um trapo. Como um robô saiu cambaleando pela rua. As pessoas desvencilhavam-se achando que ele estava embriagado. Viu uma senhora dizer: – “Com esta idade e bêbado pela manhã”? Ele começou a se sentir mal. Uma dor enorme no peito. Sabia que era seu fim. Seus olhos se fecharam.

          ♫ “Prometo neste dia, cumprir a lei, sou teu escoteiro, Senhor e Rei. Eu te amarei pra sempre, cada vez mais. Senhor minha promessa, protegerás” ♫... Viu sua mãe sorrindo, como ela era bela e nova. Viu seus irmãos e irmãs que já tinham partido ali acenando. Fechou os olhos e esperou ser chamado para subir aos céus com eles. Acordou assustado em sua cama em seu quarto. Toda sua família em volta sorrindo. Era sua mulher, eram seus filhos, seus netos e vizinhos. O quarto cheio de gente. Bem vindo Papai, bem vindo marido, Vovô estava morrendo de saudades! Então não tinha morrido? Viu próximo uma jovem uniformizada de Escoteira. – Quem é você? Foi sua esposa quem contou – Ela viu você caindo e dizendo ser um Velho Lobo. Sabia que você era um Escoteiro. Pediu um taxi e o levou ao pronto socorro. Telefonou para várias delegacias e uma delas já sabia do seu sumiço. Comunicaram por telefone. Ela meu marido, foi seu anjo de natal!

Bravo, bravo Bravo, bravíssimo, bravo, bravo bravo, bravíssimo bravo, bravíssimo bravo, bravíssimo bravo, bravo bravo, bravíssimo” ♫...

domingo, 23 de dezembro de 2018

Um conto de Natal. Do mundo nada se leva.



Um conto de Natal.
Do mundo nada se leva.

Cabecinha boa de menino triste,
De menino triste que sofre sozinho,
Que sozinho sofre, e resiste...

      Valentine seguia pela rua deserta. Era dia ainda e ela não tinha medo, pois conhecia a todos no bairro onde morava. Tentou a casa de Marly e ela não estava. Era sua sub-monitora. Sentia um vazio tremendo. Não gostava de férias. O grupo Escoteiro interrompia suas atividades e ela ficava sem saber o que fazer. Os chefes precisavam mudar de rumo, passear com suas famílias e ter uma folga merecida. Valentine só pensava em escotismo. Sempre foi boa filha e boa estudante, mas quanto tempo tinha que entrou e amou? Acreditava ser mais de nove anos. Lobinha, escoteira e agora guia. Porque não dar liberdade às patrulhas para fazerem atividades sem os chefes? Valentine caminhava devagar. Era véspera de natal e sua mãe em viagem pela firma prometera chegar no dia vinte e quatro sem falta. Sua avó materna era quem tomava conta. Valentine se acostumara e sabia que sua Avó tomava conta dela como se fosse sua mãe. Valentine ouviu um choro de uma criança recém-nascida. De onde vinha? Viu do outro lado da rua uma pequena cesta e correu atravessando a rua sem olhar. O que viu quase perdeu a respiração. Um lindo bebê de olhos azuis a sorrir para ela.

Cabecinha boa de menino ausente,
Que de sofrer tanto se fez pensativo,
E não sabe mais o que sente...

         Pegou a cestinha e sorria de alegria. Mas o que fazer? Ir à delegacia? Ela estava tão sozinha em sua casa, e muitas das amigas viajando que pensou: Sempre sonhou em ter um bebê porque não este? Valentine tomou uma decisão não condizente com uma Guia Escoteira. Sem pensar levou a criança para sua casa. Tinha que escondê-la da sua Avó e de algumas visitas que costumavam aparecer. Entrou e foi direito para seu quarto. Uma parte da cama ela colocou o bebezinho. Correu a cozinha e fez uma mamadeira. Ela sabia como fazer. Tirou a especialidade de Babá. Ninguém notou nem mesmo quando de madrugada José chorou. Ela o chamava de José quem sabe para homenagear o esposo da virgem Maria. Assim como Jesus nasceu em uma manjedoura por um milagre, ela começou a acreditar que aquela criança seria seu milagre. Dois dias seguidos e ninguém desconfiou. Sua Avó era bem velhinha e meio surda. Isto ajudou muito nos planos de Valentine. Marly chegou de supetão ao seu quarto. Eram amigas e ela tinha plena liberdade de entrar e sair quando quisesse. Marly se assustou com a criança. Valentine explicou. – Impossível Valentine. Você sabe disto. Uma mentira não dura para sempre e você é uma escoteira tem honra e ética. Valentine chorava. Não queria perder o bebê. Mas qual a saída?

Cabecinha boa de menino mudo,
Que não teve nada, que não pediu nada,
Pelo medo de perder tudo.

     Pediu a sua amiga Marly que não contasse nada para ninguém. Que ela esperasse até o natal e ela iria levá-lo a delegacia. Seriam apenas mais três dias. Marly mais nova que ela tinha a cabeça no lugar. Sabia que era errado o que ela queria fazer e seria errado ela esconder também. Mas adorava sua amiga viu em seus olhos pequenos lágrimas que desciam e ela teve pena. Virou cumplice. Será que a Chefe Noêmia iria entender? Ela falava tanto da Lei Escoteira! Agora elas eram duas a cuidar do menino José. Sem perceber Marly começou a amar aquela criança. As noites ela dormia pensando como fazer para as duas ficarem com ela para sempre. Sabia que em sua casa era impossível. Nonô seu irmão mais novo “fuçava” em tudo. Ele logo iria descobrir. Onde então? Não vislumbrou nenhum local para criar a criança. Adotar? Mas elas eram tão novas! Valentine com desesseis e ela com quinze. Contar para o Padre Zózimo? Ele nunca iria entender. Também nenhum Chefe do grupo iria compreender. Constance, Joelma, Mary e Nair da patrulha não poderiam saber. Correriam para contar as suas mães e o segredo iria para o brejo.

Cabecinha boa de menino santo,
Que do alto se inclina sobre a água do mundo
Para mirar seu desencanto.

          Era o dia de Natal. Dia que elas se comprometeram ser o ultimo a viver com o menino José. Sabiam que no dia seguinte seria um martírio devolvê-lo a delegacia. Valentine sabia que ele seria levado ao Juizado e eles o encaminhariam para uma Vara da Infância e Juventude. Alguém um dia iria adotá-lo. Não poderia ser elas? Mas com esta idade? Sua mãe nunca iria concordar em entrar com um pedido de adoção. Valentine passou a pior véspera do natal de sua vida. Chorou o dia inteiro. Corria a dar tudo para o Bebê José. Teve hora que riu de si mesma pelos cuidados e ria mais ainda quando Marly chegava e queria disputar com ela os cuidados com o menino José. Valentine deixou o menino com Marly e foi comprar leite na padaria. Onde tinha encontrado a cestinha com o bebê ela viu uma mocinha sentada na calçada e chorando. Perguntou por que chorava e ela respondeu – Deixei meu filho recém-nascido aqui. O abandonei em uma hora de desespero. Agora me arrependi. Não sei quem o levou e onde ele foi parar. Valentine pegou sua mão, pare de chorar moça, seu filho está comigo. Venha, vamos a minha casa e você poderá ver que o tratamos como se fosse um filho nosso.

Para ver passar numa onda lenta e fria,
A estrela perdida da felicidade
Que soube que não possuiria.

          Não há mais para contar. Mirtes a mãe de José foi com ela a sua casa e passou um natal com todos eles como nunca passou em sua vida. Era de família rica e sabia que eles não iriam entender a gravidez. Mas ela resolveu enfrentar a tudo e a todos. A mãe de Valentine chegou e a festa foi mais linda ainda. No dia seguinte Mirtes levou José para sempre. Deixou o endereço para um dia se quiserem visitá-lo. Era em uma cidade não muito longe. Insistiu para que elas fossem madrinhas. Valentine e Marly não paravam de chorar. Madrinhas? Seria uma honra! Quando o ônibus partiu Valentine e Marly abraçaram-se chorando. Elas sabiam que foi encontrada a melhor solução. Fizeram questão de contar para todos o que fizeram. Não houve recriminação, mas sua mãe a orientou que não deviam ter feito o que fizeram. Do mundo nada se leva e devemos perceber que os verdadeiros valores da vida devem ser feitos dentro da lei e da ordem. Isto antes que seja tarde demais...

Os versos são de autoria de Cecília Meireles.

Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

Bem vindo ao Blog As mais lindas historias escoteiras. Centenas delas, histórias, contos lendas que você ainda não conhecia....