segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Contos de Natal O Tenente Dante da Marinha do Brasil teve sua noite de natal.



Contos de Natal
O Tenente Dante da Marinha do Brasil teve sua noite de natal.

¶ Qual cisne branco que em noite de lua Vai deslizando num lago azul.
O meu navio também flutua Nos verdes mares de Norte a Sul. ¶
               Fora seu sonho, desde criança sonhou em ser um marinheiro. Jurou que um dia seria. Resolveu ser Escoteiro do mar. Gostava de ficar na praia olhando o horizonte e vendo um ou outro barco passar. O seu chefe fora almirante, quantas histórias para contar. Quando eles acampavam ele ficava esperando a noite chegar só para sentar em volta de uma gostosa conversa ao pé do fogo e ouvir com a maior atenção as histórias do Chefe Mascarenhas. – Era uma vez... Ele assim começava as suas histórias. Era uma vez eu estava em uma pequena fragata. Navegamos em águas calmas proximo as “Águas da Morte”. Diziam ser uma versão do Triângulo das Bermudas. Sempre contavam ser um lugar amaldiçoado.

             - Nosso Almirante era um homem calmo e não acreditava em maldições e nada o assustava. Foi então que percebermos que fragata começou a girar, a girar e todos a bordo se agarraram e se amarraram onde fosse possível. Os ventos começaram a soprar forte. Relâmpagos cruzavam o céu. Havia uma mística que mesmo com águas calmas e tempo ensolarado de um segundo ao outro surgia uma maré. Ela quase destruiu nossa fragata. Eu achei que não ia viver. Todos nós achamos. E de repente, e de repente o sol voltou a brilhar. O vento ficou calmo e os trovões desapareceram. Eu nunca acreditei em coisas do outro mundo, mas daquele dia em diante nunca mais duvidei. – Todos nós Escoteiros do mar em volta do nosso Chefe ali na praia em uma conversa ao pé do fogo ficamos sem folego. – E o Chefe Mascarenhas completou – Quando retornamos ficamos sabendo que todos os anos, embarcações dos mais diferentes tipos afundam nas “Águas da morte”. Os que se acreditaram que com um dia calmo e mar azul poderiam atravessar se foram para sempre. Não sabiam que era um local voluntarioso, onde tempestades demoníacas ocorrem do nada, em dias de sol e de mar calmo!

¶ Linda galera que em noite apagada Vai navegando num mar imenso
Nos traz saudades da terra amada Da Pátria minha em que tanto penso. ¶

                        Eu fazia de tudo para aprender com meus chefes a arte de um escoteiro do mar. Fazia tudo para conseguir conhecimentos práticos e teóricos para conseguir as especialidades de Arrais Amador, Mestre Amador e Capitão Amador.  Eu sonhava o dia que iria colocar meu uniforme de um Oficial da Marinha do Brasil. Meu Chefe me incentivava e me disse que se estudasse muito poderia entrar na escola especializada para formação de oficiais (EFOMM). Eu sabia que para entrar não era fácil e se conseguisse iria estudar em regime de internato por três anos. Se tudo desse certo poderia sair sendo um Oficial da Marinha. Não deu outra. Estudei e entre na escola de formação de oficiais. Sentia-me orgulhoso com o uniforme de cadete bem parecido com o meu de Escoteiro do mar. Era um cadete estudioso, prestativo e orgulhoso do que fazia. Em três anos me formei e após um treinamento como Fuzileiro Naval vesti meu uniforme de sub. tenente da marinha. Agora estava apto para começar meu treinamento naval. Valeu e muito. Adorava tudo. Era disciplinado e nunca disse não para as ordens dos meus superiores.

                        Eu amava o escotismo, mas nos primeiros meses não tive a menor condição de estar junto com meus irmãos Escoteiros. Dizem que a vida não é igual para todo mundo. Meu mundo era colorido e eu amava o que fazia. O que aconteceu então? Até hoje me pergunto por que caí naquele abismo sem fim. Conheci uma moça, linda, sabia tudo sobre escotismo e marinharia. Contava-me que seu pai foi um grande Almirante e faleceu sozinho em um quarto do hospital das forças armadas. Disse-me que seu pai morreu de AIDS. Isto irritou seus amigos. Eles não aceitavam. Eu me apaixonei por ela. Ela me vendia horrores da Marinha. O que eu amava eu passei a não acreditar mais. Não comparecia a ordem do dia e fui preso e expulso da marinha. Eu chorei como chorei. Mas Naldinha me consolava. Dizia que era melhor assim. Eu tentei voltar para os Escoteiros, mas meu próprio grupo não me aceitou. Ficaram sabendo do meu procedimento e diziam que um Escoteiro do mar não procede assim. Eu e Naldinha começar a naufragar. Não no mar, mas nas asas do vício maldito. Ela morreu dois anos depois de uma overdose.

¶ Qual linda garça que aí vai cruzando os ares Vai navegando
Sob um belo céu de anil Minha galera Também vai cruzando os mares
Os verdes mares, Os mares verdes do Brasil.¶.

              Um dia passei no portão do Grupo Escoteiro. A meninada do mar se divertia em um gostoso jogo e meu deu uma saudade enorme. Entrei na sede. Todos pararam o que estava fazendo. Era como um silêncio profundo e doído acontecesse na alma daqueles Escoteiros do mar. Tentei correr dali, minhas pernas falharam. Cai e bati a cabeça no cimento do pátio. Dois lobinhos e uma assistente correram para me ajudar. Chamaram uma ambulância e fui para um hospital comum. Recuperei minhas forças. Notei que Norma estava sempre lá a me visitar. Era uma assistente de lobinhos linda demais. Eu não esquecia Naldinha. Eu não esquecia nada. Eu só sabia chorar e afinal me perguntava: - Você é um homem ou um rato? Dizia isto em voz alta e Norma sorria. Não sei por que ela me deu forças. Hoje recuperei um pouco da minha coragem. Nunca mais fui o marinheiro que sonhava, mas agora era um Escoteiro do mar. Arrumei um emprego e hoje sou um Chefe de uma tropa que amo demais. O que aprendi ensino a eles com alegria. Eles me amam e eu amo todos eles.

                       Não adianta chorar e reclamar da vida. A luta é renhida e os fracos não tem vez. Não vou errar mais. Casei com Norma, somos felizes e mesmo lembrando de vez em quando da minha vida de cadete e quase oficial de marinha não me arrependo do que fiz. Aconteceu, não dá para mudar ao destino. Tudo para nós acontece uma só vez. E assim vamos aprendendo a cair e levantar. Hoje é um dia importante em minha vida. Carlinhos meu filho de sete anos como eu vai ser um Escoteiro do mar. Ele vai fazer sua promessa. Eu disse a ele que a vida era dele. Ele tinha de lutar sozinho por um lugar ao sol. Quando ele fez sua promessa de lobo Norma pegou na minha mão e apertou. Vi seus olhos cheios de lágrimas, lágrimas de orgulho. Ela sabia que eu faria tudo para que Carlinhos vencesse na profissão que escolhesse. Não direi a ele para ser um homem do mar. A vida é dele. Deixa-o crescer aprendendo a fazer fazendo. Neste natal eu quero agradecer a Deus o seu milagre. Poderia ter morrido, mas não morri. Se eu perdi não sei, mas ganhei uma família, uma não duas, Norma e Carlinhos e meu maravilhoso mundo dos Escoteiros do mar!    

¶ Qual linda garça que aí vai cruzando os ares Vai navegando
Sob um belo céu de anil Minha galera Também vai cruzando os mares
Os verdes mares, Os mares verdes do Brasil. ¶.

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