Um poema de
boa noite... Nada mais...
Despedida de
Vital.
Lua cheia... Na choça a que se apega,
Morre Vital, velhinho, olhando o morro...
Por prece, escuta a arenga do cachorro,
Ganindo nas touceiras da macega.
Pobre amigo!... Agoniza sem socorro,
Chora lembrando o milho na moega...
Oitenta anos de lágrimas carrega
Na carcaça jogada ao chão sem forro.
Suando, enxerga um moço na soleira,
- “Eu sou leproso...” – avisa em voz rasteira,
mas diz o moço, envolto em luz dourada:
- “Vital, eu sou Jesus! Venha comigo!...”
E o velho sai das chagas de mendigo
Para um carro de estrelas da alvorada.
Morre Vital, velhinho, olhando o morro...
Por prece, escuta a arenga do cachorro,
Ganindo nas touceiras da macega.
Pobre amigo!... Agoniza sem socorro,
Chora lembrando o milho na moega...
Oitenta anos de lágrimas carrega
Na carcaça jogada ao chão sem forro.
Suando, enxerga um moço na soleira,
- “Eu sou leproso...” – avisa em voz rasteira,
mas diz o moço, envolto em luz dourada:
- “Vital, eu sou Jesus! Venha comigo!...”
E o velho sai das chagas de mendigo
Para um carro de estrelas da alvorada.
(Cornélio Pires).
- Daqui a pouco vou
repousar. Saudades de uma barraca, saudades de uma sopa do meu cozinheiro
Fumanchu. Saudades do Rael Pescador, saudades do Tãozinho, do Chico e Rildo. Saudades
do Luizinho com seu violão, saudades da fogueira, de uma lua cheia saudades de
ouvir histórias. Saudades de um café na brasa, saudades de canções saudades do
zumbido da cigarra que a noite procurava à namorada. Saudades da minha gaita de
fole que tão mal eu tocava.
- Melhor dizer até
logo, até quarta até quinta ou até no ano que vem. Ele decide até quando, pois
eu e você sabemos que na vida tudo passa, eu passei nas sombras do passado com
imensa vontade de ficar. Durmam com Deus!
Boa noite.
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