Contos
ao redor da fogueira.
Nota –
Este conto foi escrito pelo Chefe Jesse Pinheiro de Itapeva SP. Seguidor de
minha Fanpage O Contador de Histórias me enviou este pequeno conto pela qual
estou postando por ter boas qualidades na escrita e no tema. Que ele siga na
trilha dos Contadores de História é meu desejo. Precisamos de muitos como ele
para alegrar os corações escoteiros em volta de uma fogueira.
Se
você tem algum conto e gostaria que eu publicasse, me envie para meu e-mail ferrapsvaçdp@bol.com.br
Um
Tal de Zé
Corria o curso avançado 1/2018 no
campo escola Jaraguá, estávamos felizes, pois era nossa Jornada escoteira, com
percurso de Gilwell e tudo o que tem direito e sem pressa..., Descíamos a
estrada parque, em uma curva à direita paramos para observar a trilha do mirante.
Dia bonito de Outono, seco, a névoa poluída cobre são Paulo, aproximadamente
9:00hs da manhã.
Um vento frio repentino nos faz
virar para trás... eis que surge um senhor Negro , forte e atarracado de voz
mansa , vestido de branco , cachimbo na mão e diz..
- Venho observando "os moço"
aí caminhando e observando a natureza como se gostassem muito...fiquei com
vontade de proseá.
Respondi:
- Verdade meu Senhor, gostamos muito
e achamos muito bonito tudo isso aqui
- É mais "vóis mece devia vê",
quanto era mais bonito, quando cheguei por aqui, ainda inté peixe tinha nos
ribeirão, caça era à vontade, e a gente fazia só pra "comê", palmito
Jussara, e outras fruta e remédio nóis tirava tudo da mata.
- Pelo jeito faz tempo que o senhor
conhece aqui.
Disse para o velho, pois negro
quando embranquece o cabelo, já deve ter muita idade.
- É "meus fio", faz tempo,
e vi muita coisa mudá, coisa que entristece esse negro aqui, as pessoas vão
avançando e destruindo tudo, não tem respeito pela mata nem pelos dono dela,
água ..sujam tudo como se não fosse acaba, até uns que passeia e vão jogando
lixo e sujando tudo pela trilha.
- Agora por "úrtimo",
deram de “robá”, avançam nas visitas e tomam o que tem, e saem correndo, parece
uma sina do lugar desde que um “tar portuguêis” marvado construiu aquela casa
lá em baixo, diz que até assombrada é, hêhêhê, pegava os índio pra “trabaiá”, e
os que desobedecia matava e colocava as tripa misturada com taipa pra da liga
no barro das parede...
- Pois é cada lugar com sua história
e a sua sina
- E “ocêis”, sei que são esses “tar”
escoteiro, já vi bastante por aqui, às “veis” passo lá onde “oceis” faz
reunião, já vi as cantoria, os fogo de noite. Tem muita gente de coração bão lá
ajudando os erê. Que dize as criança, e “trabaiando pra miorá” as coisa que tá “difice”...
_ Ué, mas você é ou já foi Escotista?
- Não “mizinfi”... É que o Preto
aqui anda por tudo esse lugar, espia e acode as gente que precisa... É assim
desde que chegou por aqui
Fiquei intrigado com aquela figura,
sua roupa branca, seu jeito de falar, aquele cachimbo na boca...
- E hoje já vi por demais,... Inté
não é hora mais de preto tá por aqui, já tô fazendo hora extra que nem “oceis”
fala, o Preto gosta mesmo é das noites de lua, e de preferência antes do galo “cantá”.
Mais uma ventania, minha parceira de
jornada me chamou.
-.
Jessé...Que tá vendo vamos embora se não atrasa...
Olhei para a trilha morro a baixo...
Lá ia ele.
- Sr.. qual seu nome...
- “Zé mizinfi”... Mais chamam eu Pai
Zé de Aruanda... Seu criado.
E sumiu no pó da estrada...
desapareceu sem nunca ter estado, sempre esteve sem nunca aparecer... olhei a
placa do mirante, lá estava escrito: “Trilha do Pai Zé”...um arrepio me veio, uma
tontura e uma vontade de tomar um gole da pinga do “Jeremias de Iporanga....pra
rebatê o susto”.
Chefe Jessé
Pinheiro.
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