sexta-feira, 20 de julho de 2018

Contos de fogo de conselho. Flávio Lembranças.



Contos de fogo de conselho.
Flávio
Lembranças.

O tempo passou. Estranho né, olhar pra aquele uniforme que já significou um mundo de felicidade prá mim e hoje sentir que minha vida não é mais a mesma. Estranho olhar pra aquele lenço que era o motivo que me fazia levantar pela manhã todos os sábados, e hoje não ter de vesti-lo novamente. Estranho não pensar mais naqueles jovens soberbos, não ficar querendo trazer tudo de volta por tempo inteiro. Estranho não ficar abrindo todas as minhas páginas de anotações e procurar saber sobre cada detalhe da minha vida escoteira, se eu dormi se me lembrei se eu chorei ou se eu sorri.

Estranho escutar o Rataplã aquela música que me encantou e não lembrar mais de como foi feliz. A música que salpicava meu coração de orgulho de ser mais um Escoteiro do mundo. Estranho como as coisas mudaram, como eu mudei e principalmente como o escotismo mudou. Estranho como muitas pessoas que já passaram pelo que passei e nunca esqueceram quanto foram felizes junto aos jovens que sempre nos querem bem.

Eu costumava dizer que seria um Escoteiro eterno, para sempre, que o amor que eu sentia por ele nunca acabaria. Hoje olho dentro de mim mesmo, e sinto que eu ainda amo ele demais. Mesmo longe desejo a todos que dele participam que sintam o que eu senti um bem enorme que sempre me fez bem. No fundo do meu coração eu quero que todos que labutam em suas hostes sejam infinitamente felizes. Um amor como o que eu senti no passado não acaba assim de uma hora pra outra.

Acho que eu me conformei sem raciocinar que nunca daria certo pelo meu gênio explosivo. Não foi fácil decidir e aceitar que nunca poderia continuar e foi extremamente difícil partir. Mas eu não tive outra saída, tive que desistir. E desistir eu sempre disse que faz parte dos que correm da luta, que não insistem por seus ideais. Ser Escoteiro puro nos pensamentos palavras e ações foi à coisa mais difícil que já fiz na minha vida.

Agora me arrependo e preciso voltar. Eu tenho que voltar! Eu sei que alguém me machucou, doeu, até hoje ainda dói à maneira com que me trataram. Mas eles são poucos e sei que não representam ninguém e que os outros me querem bem. Mas ninguém precisa saber não é mesmo? A partida sempre foi difícil, mas o retorno sempre é feito de felicidade e amor.  Irei colocar meu lenço, meu uniforme, irei até onde estive e tenho certeza que serei bem recebido. Afinal eu fui eu sou e serei por toda vida um Escoteiro de coração! Grupo lá vou eu!

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