Lendas Escoteiras.
A Cigarra Azul do Lago Dourado.
Prologo: - Esta é a
historia de uma Lobinha e uma cigarra azul. História simples para lobinhos,
pois eles sabem se encantar com belas passagens pelo bosque e de pequenos
insetos que encantam nossas historias de faz de conta. Espero que os lobos
gostem desta historia.
Era apenas uma cigarra azul. Nunca ninguém ligou para ela. No mês que todas
cantavam para arrumar um namorado, ela simplesmente se calava. Gostava de ficar
no tronco da frondosa figueira próximo de sua morada no Lago Dourado. Era o mês
das flores, das abelhas procurando mel, dos beija-flores coloridos a procura do
néctar para sobreviver. Suas amigas estavam espalhadas pelo bosque, cantando,
pois este era o destino de todas. Assim era na Jângal, na época na Primavera,
onde todos ficavam contentes, corriam pelos campos sorriam e cantavam. Isto não
acontecia com a Cigarra Azul. Nunca foi feliz. Não sabia por que todas as
cigarras eram cinza esverdeadas e ela azul. Não podia entender.
Um dia na brisa fresca
da manhã, ouviu uma vozinha doce e suave a lhe dizer – Canta minha linda
cigarra. Porque você não canta? A cigarra Azul olhou espantada. Viu uma menina
vestida de azul, com um lenço verde e amarelo e um bonezinho azul sorrindo para
ela. – Quem é você? Perguntou a Cigarra Azul – Eu? Eu sou a Dorothy, da matilha
azul como você. Sou uma lobinha minha amiga Cigarra Azul. Ela ficou a pensar
como podia conversar com aquela menininha tão magrinha, com uns olhos fundos e
tristes, que mal conseguia ficar de pé. - Eu não posso cantar! Respondeu.
Porque não pode? – Porque sou azul e todas são cinza esverdeada. Sou diferente.
Nunca terei uma família. Nunca serei ninguém! Dorothy pediu de novo, desta vez
quase chorando: Cigarra Azul cante para mim. Prometo que cantarei com você.
Irei aprender a letra e a melodia e ambas cantaremos juntas.
A cigarra ficou
pensando porque aquela menina insistia tanto para ela cantar. Dorothy então
disse a ela – Sabe Cigarra Azul, eu também estou muito triste. Eu tenho uma
doença que me acompanha desde que nasci. Meus pulmões sempre me dão falta de
ar, tenho dificuldades para respirar e sinto um aperto no peito e tenho tosse.
Sou lobinha, mas sou uma lobinha triste. Quero brincar e correr como todo
mundo, mas a minha Aquelá não deixa. Diz que não posso ficar no sol, à noite
não posso ver o céu, e nem ver o amanhecer do dia, pois não posso também pegar
o orvalho que cai. Veja! Ando sempre com esta bombinha. Ela me dá certo alívio.
A Cigarra Azul ficou triste mais ainda. Viu que a menina dos olhos cinzentos
era mais triste que ela. Resolveu cantar e sorriu para a Dorothy. - Você sabe
cantar música Muito além do arco-íris? Não sei, respondeu Dorothy. Mas cante
que vou aprender. A Cigarra Azul tinha uma linda voz. Encantou logo a menina
Dorothy. Assim ela começou:
- ♫♫Além do arco-íris,
pode ser que alguém, veja em meus olhos, o que eu não posso ver. - Além do arco-íris,
só eu sei que o amor poderá me dar tudo que eu sonhei...
Nesta hora a Cigarra Azul parou de cantar. Sentiu que uma pedra atingira suas
asinhas. Caiu no chão desmaiada. Dorothy não podia acreditar. Olhou e viu
Pedrinho um lobinho com várias pedras na mão. Chorou e gritou com ele – Você
matou a Cigarra Azul! Pedrinho ria. A Aquelá veio correndo e viu o que
aconteceu. Durante todo o Acantonamento Dorothy chorou. Não se conformava. No
dia seguinte após o cerimonial de bandeira, Dorothy deu mais ultima olhada no
tronco da figueira. Sabia que não ia ver nada, mas não custava olhar. Pedrinho
a procurou chorando. Pedindo desculpas, pedindo perdão. Dorothy não sabia o que
dizer. Afinal ele matou a Cigarra Azul! E então, surgindo no final do bosque
eis que surge ela, a linda Cigarra azul, acompanhada de outra cigarra verde
garrafa.
A lobinha Dorothy não cabia em si de contente. Ria, e até começou a cantar. A
Cigarra Azul sorria. – Dorothy, a cigarra dizia – Este é meu namorado. Ele me
socorreu. Levou-me até onde esta o Arco-íris. O homem que mora lá, um velhinho
de asas azuis me colocou as asas de volta. Agora estou feliz. A Aquelá chamou
todos para embarcar. Dorothy não queria ir. Vá – disse a Cigarra Azul. Volte no
ano que vem. Estarei aqui para cantarmos e sorrirmos muito. Quando chegou a sua
casa, contou tudo para sua mãe e seu pai. Eles sorriram. Viram que ela tinha
mudado. Já não usava a “bombinha”. Achavam que Deus lhes deu um presente. A
saúde de Dorothy.
A noite de domingo seu pai disse que tinha alugado um filme para ela. Um lindo
filme que ele tinha assistido quando criança. O Mágico de Óz. Era o filme mais
lindo que ela tinha assistido. A menina também se chamava Dorothy e a musica
era igualzinha a que a Cigarra Azul cantou para ela:
- Um dia a estrela vai brilhar,
e o sonho vai virar realidade. - E leve o tempo que levar, eu sei que eu
encontrarei a felicidade, - Além do arco-íris, um lugar que eu guardo em
segredo e, Que só eu sei chegar... - Me fez ver que o amor dos meus sonhos tinha
de ser você...
Todos os anos Dorothy ia
acantonar com sua Alcatéia no Lago Dourado. Lá ela encontrava a Cigarra Azul,
seu namorado e agora eles tinham quatro filhos, duas lindas Cigarras verde
garrafa e duas outras lindas cigarras azuis! Ei! Deixe-me contar. Pedrinho
virou ao avesso. Transformou-se no mais disciplinado lobinho da Alcatéia. E
assim termina a lenda e quem sabe a real história de Dorothy e a Cigarra Azul
que morava lá, no Lago Dourado muito além do Arco-íris.
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