quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Uma crônica do Velho Chefe Escoteiro. Tempo “bão” tempos que não voltam mais.



Uma crônica do Velho Chefe Escoteiro.
Tempo “bão” tempos que não voltam mais.

Prefácio: Esta pequena crônica é uma homenagem ao Antigos Escoteiros. Temos muitos deles aqui. Sempre lendo e comentando lembrando com saudades seus velhos tempos. Isto é uma forma de resistir à passagem do tempo. Como escreveu Mário Quintana, o tempo é um ponto de vista. Velho é quem é um dia mais Velho que a gente...

                                 Ouve um tempo que foi há tanto tempo que nem sei se esse tempo ainda pode de novo voltar... Nem que seja em saudades, em pensamentos, em vontades daquela que faz a gente sonhar, tremer, tempo que a gente lembra e vive a se orgulhar. Tempo “bão” de bastão a caminhar, bandeirolas soltas no ar. Chapelão do sol quente do poente de tudo que ele guardava a chuva, na caminhada, patrulha danada que saia por aí a acampar. Tempo de ver tanta gente, olhando a gente sorridente, a dizer baixinho com orgulho a que ao seu lado estava: - É escoteiro, valente caminheiro que vão mudar a nação. Traz no peito o orgulho de um brasileiro sonhador, que acredita no futuro um futuro promissor. Tempo, por favor, traga de novo ao vivo o tempo que eu vivo a sonhar...

                                 Patrulha sedenta por descobrir uma trilha verde jeitosa, de encontrar uma árvore frondosa e sem discutir ou falar, todos iam se sentar! Respirar a natureza em toda sua realeza olhar ao redor e pensar: - Terra bonita, terra do boi valente, da onça que aparece de repente, do Pica Pau espantado, olhando por todo lado, a patrulha que parou, parou na sombra da árvore, naquela bela tarde um suspiro para voltar a caminhar. Quem já viu uma patrulha, andando pela colina, correndo pelas campinas, nas costas mochilas encantadas e tudo ali eram levadas, para uma refeição, um bom café mateiro, coisa de bom Escoteiro? Tempo da descoberta, do rio para pular, da jangada tão perfeita que nas águas tão travessas era um vai e vem para atravessar.

                               Tempo do feijão na brasa, da carne no carretel, do sal do sarapatel, do olhar do cozinheiro, ao lado os escoteiros, esperando a boia terminar. Sons gostosos de quem ouviu o bater nos pratos como a dizer; - Turma amiga da onça é hora de encher a pança. É cantar que a boia é boa, tem arroz queimado, o feijão está bichado e a carne estragada. Sorrisos em profusão, mas tudo sendo consumido, na panela de feijão e o arroz cozido faziam sorrir valentões. E a noite escurecendo, o tempo que foi passando, hora dos ventos noturnos, hora de limpar o coturno, hora de um belo jantar. Jantar feito na moita, bebendo uma bela sopa, de tomate ou de abacate você já viu? “Bão” demais meu amigo. Coisa de bons mateiros, bons valentes escoteiros na clareira da floresta, pois esta noite terá festa.

                               Apenas uma patrulha? Podem ser uma duas ou três não importa. O Chefe confiava, na turma acreditava que tudo ia nos conformes, nada daria errado. Monitor um companheiro, um bom líder Escoteiro, a contar causos sem fim. Sempre tinha o gaiteiro, nas estradas nos atoleiros ele tocava: - £ “Em uma montanha bem perto do céu, existe uma lagoa azul”. E a gente acompanhava todo mundo só cantava lembrando a família que muito longe ficou. Mamãe papai cofiava. Sabia que só valentes escoteiros de repente iria um dia ser homem honrado, com todo mundo apalavrado, orgulho de uma era, que nunca mais irá voltar. Eita chapéu que representava, por onde a gente passava, ali estão os escoteiros do Brasil.

                         Será que ainda verei mochileiros escoteiros, correndo por aí nas montanhas, acampando em vales floridos, dormindo sob o céu estrelado fazendo um escotismo gostoso, onde o Chefe confia e deixa acontecer? Será que verei no horizonte, bandeiras do Brasil tremulando, nas mãos de um Escoteiro de hoje, altaneiro viageiro, mostrando a sua raça, deixando a vida sem graça do moderno que nada tem? Ainda fico pensando onde anda os patrulheiros, que dão a vida pela patrulha, que seguram o seu bastão como se fosse sua alma seu coração? Quem sabe eles trarão as respostas, quando os chefes acreditarem que o escotismo é deles dos jovens e de mais ninguém. Quem sabe seguirão o líder, que um dia disse na Jângal: “Quem ao crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça de lenha, quem já ouviu o crepitar do lenho ardendo, quem é rápido em entender os ruídos da noite;... deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos do desejo provado e do encanto reconhecido...”.

                                  Se isto acontecer irei para a terra dos meus ancestrais sorrindo, já pensei em deixar de sonhar, mas isto não pode acontecer. Quero ainda ver os novos remanescentes, fazendo com que de repente, nem que seja de improviso, aquele belo escotismo, que um dia irão orgulhar. Sei que o chapéu é ultrapassado, que mesmo não sendo amado pode trazer o calor, de sentar em volta do fogo, uma chaleira fumacenta, um café brasileiro esquenta um papo aqui outro ali, menino vai ser bom demais. Sei que é difícil de ver, afinal sou Velho ultrapassado o meu escotismo sonhado já deixou de existir. Mas me provem que um dia de vestimenta e tudo, partirão sorrindo nas trilhas, sem ter a sua chefia para tudo atrapalhar. Mostrem que não há tempo, seja em qualquer momento existem bons escoteiros, com seu monitor gritante avante, patrulhas! Sigam-me, pois agora é nossa hora, partiremos sem demora ao nosso acampamento anual.

                         E façam como B-P: Arregace as mangas e tome iniciativa, olhe longe e depois olhe ainda mais longe... Bons caminhos escoteiros, valentes e bons brasileiros!

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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