domingo, 17 de fevereiro de 2019

Uma fábula para meditar. O menino que carregava água na peneira.



Uma fábula para meditar.
O menino que carregava água na peneira.

Prólogo: - Minha primeira Fábula. Lançada a cinco anos atrás. Dizem que é uma narrativa em prosa ou poema épico breve de caráter moralizante, protagonizado por animais, plantas ou até objetos inanimados. Contém geralmente uma parte narrativa e uma breve conclusão moralizadora, onde os animais se tornam exemplos para o ser humano, sugerindo uma verdade ou reflexão de ordem moral. Serei eu humano animal ou escoteiro?

                      Certa vez, nos tempos dos sonhos impossíveis, um Velho sentado na beira de uma estrada sorrindo me chamou. – Escoteiro! Você sabe carregar água na peneira? Fiquei imaginando o que ele queria dizer. Ele não se fazendo de rogado, acedeu seu pito de palha me olhou e começou a contar: Era um Escoteiro que carregava água na peneira. O Chefe dele um homem muito sábio disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento e sair correndo com ele para mostrar aos demais amigos da patrulha. O Chefe disse que era o mesmo que catar espinhos na água. O mesmo que criar peixes no bolso. O escoteiro era ligado em despropósitos. Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos. O chefe reparou que o escoteiro gostava mais do vazio, do que do cheio. Falava que vazios são maiores e até infinitos.

                   Com o tempo aquele escoteiro se tornou cismado e esquisito, porque gostava de carregar água na peneira. Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar água na peneira. No escrever o escoteiro viu que era capaz de ser um sonhador. O Escoteiro aprendeu tudo de nós e amarras e a usar as palavras. Viu que podia fazer peraltagens com as palavras. E começou a fazer peraltagens. Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela. O Escoteiro fazia prodígios. Até fez uma pedra dar flor. O Chefe reparava o escoteiro com ternura. O chefe falou: Escoteiro você vai ser poeta! Você vai carregar água na peneira à vida toda. Você vai encher os vazios com as suas peraltagens, e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos e outras não! E assim termina a história do Escoteiro que carregava água na peneira e depois se tornou um poeta.

                  Verdade ou não hoje fico pensando se ainda carrego água na peneira. Vejo e sinto que a água me escorre pelos dedos. Para onde vamos? Levanto a cortina dos meus olhos, contemplo a maravilha do amanhecer. Eu sei que a vida é uma criança, esperta, bonita, inteligente passa correndo, é preciso ver. Acredito e nem duvido que não exista dor sem alento nem tristeza tão longe da alegria. Quando a luz de cada dia acende a vida, iluminando o amanhecer, não vacila, toma posse da imensa alegria de viver. E então esqueço as tempestades, me dá uma vontade imensa de colocar meu uniforme, meu lenço e meu chapéu, pegar meu bastão e sair por aí a acampar. Chegar ao campo e ouvir a voz do vento: - Escoteiro! - Acende a fogueira acende! Ilumina esta clareira, as fagulhas subindo alto no firmamento vão virar estrelas! Acende fogueira acende! Tira da mata a escuridão, escoteiros reunidos ao pé do fogo de chão contam histórias da tropa guardadas no coração! - Acende fogueira acende arde até ao alvorecer, madrugada já vai alta acalenta o meu viver!

                   Apenas sonhos?

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