Uma fábula para meditar.
O menino que carregava água na peneira.
Prólogo: - Minha primeira Fábula. Lançada a cinco anos atrás.
Dizem que é uma narrativa em prosa ou poema épico breve de caráter moralizante,
protagonizado por animais, plantas ou até objetos inanimados. Contém geralmente
uma parte narrativa e uma breve conclusão moralizadora, onde os animais se
tornam exemplos para o ser humano, sugerindo uma verdade ou reflexão de ordem
moral. Serei eu humano animal ou escoteiro?
Certa vez, nos tempos dos
sonhos impossíveis, um Velho sentado na beira de uma estrada sorrindo me
chamou. – Escoteiro! Você sabe carregar água na peneira? Fiquei imaginando o
que ele queria dizer. Ele não se fazendo de rogado, acedeu seu pito de palha me
olhou e começou a contar: Era um Escoteiro que carregava água na peneira. O
Chefe dele um homem muito sábio disse que carregar água na peneira era o mesmo
que roubar um vento e sair correndo com ele para mostrar aos demais amigos da
patrulha. O Chefe disse que era o mesmo que catar espinhos na água. O mesmo que
criar peixes no bolso. O escoteiro era ligado em despropósitos. Quis montar os
alicerces de uma casa sobre orvalhos. O chefe reparou que o escoteiro gostava
mais do vazio, do que do cheio. Falava que vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele escoteiro
se tornou cismado e esquisito, porque gostava de carregar água na peneira. Com
o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar água na peneira. No
escrever o escoteiro viu que era capaz de ser um sonhador. O Escoteiro aprendeu
tudo de nós e amarras e a usar as palavras. Viu que podia fazer peraltagens com
as palavras. E começou a fazer peraltagens. Foi capaz de modificar a tarde
botando uma chuva nela. O Escoteiro fazia prodígios. Até fez uma pedra dar
flor. O Chefe reparava o escoteiro com ternura. O chefe falou: Escoteiro você
vai ser poeta! Você vai carregar água na peneira à vida toda. Você vai encher
os vazios com as suas peraltagens, e algumas pessoas vão te amar por seus
despropósitos e outras não! E assim termina a história do Escoteiro que
carregava água na peneira e depois se tornou um poeta.
Verdade ou não hoje fico
pensando se ainda carrego água na peneira. Vejo e sinto que a água me escorre
pelos dedos. Para onde vamos? Levanto a cortina dos meus olhos, contemplo a maravilha do
amanhecer. Eu sei que a vida é uma criança, esperta, bonita,
inteligente passa correndo, é preciso ver. Acredito e nem duvido que
não exista dor sem alento nem tristeza tão longe da alegria. Quando a
luz de cada dia acende a vida, iluminando o amanhecer, não
vacila, toma posse da imensa alegria de viver. E então esqueço as
tempestades, me dá uma vontade imensa de colocar meu uniforme, meu lenço e meu
chapéu, pegar meu bastão e sair por aí a acampar. Chegar ao campo e ouvir a voz
do vento: - Escoteiro! - Acende a fogueira acende! Ilumina esta clareira, as
fagulhas subindo alto no firmamento vão virar estrelas! Acende fogueira acende!
Tira da mata a escuridão, escoteiros reunidos ao pé do fogo de chão contam
histórias da tropa guardadas no coração! - Acende fogueira acende arde até ao
alvorecer, madrugada já vai alta acalenta o meu viver!
Apenas sonhos?
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