Contos
escoteiros.
Em algum
lugar no passado...
Prefácio: - Hoje me lembrei de um
“causo” que me contaram. Não sei onde, não sei nome, mas juraram que o
Escoteiro morreu de amor. Verdade ou não prefiro acreditar que nem tudo acabou.
Às vezes pensamos que tudo tem um fim, esquecemos, no entanto que tudo está
apenas recomeçando...
Sentia saudades, muitas
saudades que machucavam seu coração. Ele zanzava por aí sem saber para onde ir.
Porque insistir nestas lembranças? Vale a pena? Ele um Velho Escoteiro olhava o
por do sol naquela praça bendita onde nos últimos anos costumava ficar todas as
tardes de cabeça baixa, respirando um ar fresco vindo das montanhas que se
despontavam naquela selva de pedra. Ele
sabia que a distância faz esquecer, esquece que a saudade faz lembrar. Não dava
para voltar no tempo. Uma tristeza enorme ao se sentir sozinho.
Ela veio docemente na lembrança.
Ele sabia que não importa a distância que os separavam, se há um céu que os
une. Sim, ele sabia que a distância pode impedir um beijo, um toque, um abraço.
Mas não pode impedir um sentimento. Ele pensou que quem inventou a distância
nunca sofreu a dor de uma saudade. – Ah! Meu amor, eu sinto tanto a sua falta!
Eu sinto sua falta a cada dia, cada hora, cada minuto, cada segundo, mas tinha
de ser assim. Não tenho o direito de reclamar...
Queria chorar, mas prometeu a si
mesmo não o fazer mais. Não fazia tanto tempo que ela disse adeus dizendo que
não queria vê-lo mais. Partiu como um vento fresco das madrugadas para nunca
mais voltar. Olhou para o céu, sentiu a dor da saudade, sentimentos que
machucavam seu coração. O tempo não apaga o que é verdadeiro, assim como a
distância não é o fim para quem ama. Levantou, a pequena bengala ressonou alto
no cimento da praça. As seis badaladas da Ave Maria tocavam docemente no sino
da pequena capela. Ele tateando foi em frente pensando: - Que minha coragem
seja maior que meu medo e que minha força seja tão grande quando a minha fé.
Fechou os olhos. Transportou-se para
a ilusão que criou. Conheceram-se de uma maneira inusitada. Sorriram ao
conversar por letrinhas que voavam no espaço de uma cidade a outra. Ela pouco escrevia
e ele nem sabia o que dizer. Mesmo longe ficaram íntimos. – Sou Pioneira ela
disse. Ele sorriu. Veio-lhe a lembrança da canção do clã: - “Em uma montanha,
bem perto do céu, existe uma lagoa azul”. Ali na praça já noite alta ele viu o espírito da coruja piar sem saber
que o fogo apagou. Olhou em volta... Menino escoteiro, as patrulhas foram
dormir. Sozinho de sentinela olhando as brasas adormecidas viu o brilho da
noite e ficou encantado com tantas estrelas a brilhar. Viu um cometa passar
sorrindo e dizer: - Sempre Alerta Escoteiro, um dia terás uma amada... O
silêncio reinou naquele acampamento. Ele sabia que a vida não acontece dentro
de uma casa, de uma cidade, de um país. Ela tem de ser experimentada em todo o
universo.
Voltou à realidade. Queria
lembrar e nunca esquecer. Mas quem sou eu para pensar assim? Eu sei que
três coisas não podem ser escondidas por muito tempo: - O Sol, a Lua e a pessoa
amada. Foram anos e anos vivendo e dormindo sob o manto do universo. Olhou
novamente para o alto e admirou as maravilhas que brilham como a saudar seus
passos de menino escoteiro indo para sua barraca. Extasiado ao ver a beleza da
lua sua alma se expandiu em reverência ao criador. Ah! Mundo fantástico! Foi
dormir. Quem sabe sonho com ela? Pode ser depois que a lua adormece... É que o
sol acontece!
Ele queria levá-la para ver o
céu nas montanhas da lua, no pico da imaginação, e dormir na sombra da castanheira
no vale do Eco. Foi na virada da Curva do Leopardo, sentado a beira do caminho que
ele pensou em fazer o pedido de casamento. Será que seus pais entenderiam? A
diferença de idade, ah! Não iria dar certo pensou. São sonhos de uma noite de
verão? Ele contou causos, ela ria ele dizia que queria ser um aventureiro, um
Escoteiro um herói brasileiro. Ele sabia que ela ia viver em sua mente para
viver eternamente nos seus sonhos de Velho Escoteiro. Até hoje ainda lembra com
saudades de tudo que aconteceu. Um amor lindo, uma felicidade sem fim, um par
de anjos que iriam ficar juntos até na eternidade.
Uma lagrima rolou caindo no asfalto quente dos
carros que passavam sem pedir favor. Veio-lhe a mente o poema de Apoema, venho
conhecedor das saudades e dos amores impossíveis: - Não sou índio, não sou
sábio, mas eu desejo a você meu amor, mesmo não estando aqui, que o sol possa
lhe trazer nova energia a cada dia. Que a lua suavemente lhe restaure durante
noite. Que a chuva lave as suas preocupações. Que a brisa sempre sopre uma nova
força em seu ser. Que você possa caminhar suavemente através do mundo e saber
de suas belezas todos os dias da sua vida. Eu amo você!
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