Contos ao
redor da fogueira.
Um
acampamento longe demais.
Prólogo: - Um
acampamento esperado. Uma mentira inventada. Sozinho chorava perdido na trilha
do medo. Noite alta o que fazer? Uma história que me contaram. Nem sei se
aconteceu. Leia e espero que gostem e contem para seus escoteiros. A mentira
nunca é companheira de um escoteiro.
O mundo caiu
aos seus pés. Um sonho de meses sumindo e ele sem saber o que fazer. Um
acampamento esperado, programado, preparado nos seus mínimos detalhes. Dormia
pensando e acordava com o que seria o seu acampamento dos sonhos. – Dona Olga
deu seu veredito. Destruiu tudo, pisou em seu coração sem nenhuma piedade. –
Faremos a recuperação quarta feira pela manhã. Quem falta já sabe, vai repetir
o ano!
– Deus meu!
Porque não estudei? Porque achei que os escoteiros me dariam a alegria e com
isto eu iria tirar boas notas? Mas ele sabia que os escoteiros não tinham
culpa. A culpa era dele. Seu pai sabia, disse que se ele repetisse seria
castigado. Nada de escoteiro, nada de internet, nada de nada. Não tinha saída,
a patrulha se preparou para sair na quarta às seis da manhã. Jornada longa,
onze quilômetros. Desmarcar? Ele sabia que Tomé o monitor não iria aceitar. -
Diremos ao seu pai que iremos a tarde, mas não será verdade. Você Mozart pode
seguir e nos achar facilmente nas planícies do Vale da Lontra. Não é difícil,
faremos um mapa, um croqui e se sair às duas as seis vai chegar! – Mozart
pensou. Uma mentira? Nunca mentiu, mas a vontade de estar com eles era tanta
que aceitou. O pior, era novato, não entendia de mapas, croquis bussola nada.
Partiu sozinho a tarde como se acreditasse que o vento seria sua bussola. Pegou
a estrada do Vale conforme tinham explicado. Uma estradinha de terra onde nem
carro passava. Cinco quilômetros e ela terminou.
- E agora? A
explicação é que seu final seria em uma porteira e uma bifurcação apareceria.
Nela devia entrar. Mas cadê a porteira? – Mozart estava com medo. Muito medo. A
estrada acabou agora só uma trilha. Mais uma hora e o sol iria se por. Não
sabia o que fazer a não ser seguir em frente. A trilha foi diminuindo ate que
chegou a uma floresta escura. Mozart parou sem saber aonde ir. Nos seus onze
anos começou a chorar. Menino medroso, sem experiência não sabia o que fazer. A
noite foi chegando e ele tremendo de medo. Acendeu um foguinho com o isqueiro
que pegou de seu pai. Nem o calor nem a chama lhe deram ânimo para tomar uma
decisão. A Floresta falava, ouvia gritos distantes, rosnados e sons que ele não
conhecia e sem condições de explicar. O medo era tanto que dormiu abraçado a
sua mochila.
Madrugada, o
sol já a pino, ele ainda dormindo. Um barulho, sorrisos, alguém gritou: - Vamos
lá Mozart, é hora de partir. Acordou e viu que o sol se espalhava pelo vale. Viu
sua patrulha rindo a sua volta, o fogo apagado, uma noite mal dormida, mas
salvo pelo gongo. Foi um belo acampamento. Cinco dias inesquecíveis. Tomé
contou na conversa ao pé do fogo que alguma coisa tinha acontecido. Voltaram
pela manhã e o acharam na “boca” da Mata. Mozart quando chegou em casa contou
para seu pai. Prometeu nunca mais mentir. Seu pai nada disse só escreveu em um
pedaço de papel: - A lição muitas vezes vem tarde demais. Aprender a fazer
fazendo é uma arte, mas não abuse da sorte!
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