Lendas Escoteiras
“Suae Quisque
Fortuna Faber est”.
(O homem é o
arquiteto do seu próprio destino).
Prólogo: - Contam-se “causos”
de como arregimentar chefes que me espantei com esta maneira de meninos que
agiram como homens quando conseguiram um novo Chefe para a Tropa. Verdade? Contaram-me
e eu passo para frente contando a vocês!
Nada como um dia após o
outro. Jerônimo não estava cansado, devia estar. Amigos se afastaram. Sua mãe
não sabia mais o que dizer. Jerônimo tinha uma ideia fixa, queria a todo custo
ser o melhor corretor da Bolsa de Valores. Seu salário aumentava a cada dia,
mas esta não era sua maior preocupação ele queria sim ser um dos diretores e se
possível ser o CEO de tudo. Sonho? Não. Jerônimo sabia que o homem era o
arquiteto de seu próprio destino. Disto ele não abria mão. Dia e noite com os
livros na mão. Formou-se aos 23 anos com distinção como Administrador de
Empresas. Mais dois anos se formou em Economia na FGV – Fundação Getúlio Vargas. Fazia a noite na Escola Politécnica da
USP MBA em capacitação, atualização e difusão em engenharia, pois isto era a
porta de entrada para ter uma carreira bem-sucedida e estruturada em
conhecimento sólido. Chegava em casa por volta da meia noite e sua mãe sempre a
dizer que ele devia dar um tempo. Ele sabia que não. Levantava às cinco e meia
fazia uma caminhada, banho e era um dos primeiros as chegar no trabalho. Seus
colegas o admiravam pelo seu esforço pessoal.
- Infelizmente meus jovens
escoteiros sou obrigado a pedir a sede. Como manter a Tropa sem um chefe? Todos
vocês são jovens e mesmo dizendo que são responsáveis eu não posso mais
autorizar o funcionamento do Grupo Escoteiro aqui no colégio. A diretoria me
cobrou. Tem pais que exigem que o salão de vocês seja utilizado por outra
associação! – Tudo porque o Chefe Nonato recebeu uma proposta melhor no Canadá
e mesmo tentando achar um substituto o tempo passou e nada. Ele já havia
partido. A Tropa se mantinha fiel as suas patrulhas. Os monitores se revezam
com as reuniões, mas sabiam que sem chefia seria impossível continuar.
Resolveram manter a Corte de Honra em reunião permanente enquanto o impasse
existisse. Quantas foram? Inúmeras e todas sem uma solução. Tentaram de tudo.
Procuraram o Diretor do Colégio para ajudar e este disse que ninguém queria
aceitar.
Jerônimo vivia pelo seu
trabalho. Com 26 anos sabia que em dois anos seria reconhecido como um dos maiores
economistas da atualidade. Naquela noite voltava para casa de ônibus. Desceu no
ponto e ao caminhar para sua casa tropeçou em dois meninos que subiam a rua e
sem perceber jogou um deles ao chão. Socorreu logo. Eles sorriram para
Jerônimo. – Então é você? – Eu? Disse ele. – Você mesmo. Foi Tino quem disse
que iriamos esbarrar no nosso futuro Chefe! – Jerônimo riu. – Não sou eu meus
jovens. Desculpe e seguiu seu caminho. Os dois escoteiros foram atrás dele.
Viram quando entrou em sua casa no final da rua. – Bem disse Milton, agora
sabemos onde nosso Chefe mora. – Será? Perguntou Mario. – Afinal você sabe que
sonhar é bom, mas a realidade é outra. – Não vamos deixar a oportunidade
passar. – Os dois caminharam até a casa de Jerônimo. Bateram na porta e uma
senhora idosa muito simpática os recebeu.
Jerônimo saiu do banho só
pensando em jantar e dormir. Naquele sábado trabalhou até as sete e deu para si
uma folga que dificilmente teria. Sua mãe veio lhe contar da visita. – Mãe!
Agora? Estou cansado. Eles acham que vou ser o Chefe deles, pode? – E porque
não? Mãe! A senhora sabe que não tenho tempo. Nenhum tempo. Eu já me programei
para os próximos dez anos! – Programou filho? Isto é programa? Eu já disse a
você que só existem dois objetivos em nossa vida. O primeiro de obter o que
desejamos e você o faz muito bem e o segundo é de desfrutar a vida o que você
nunca fez. Não sou eu quem disse isto, pois os sábios que inventaram esta frase
viveram a vida intensamente em todas suas formas. – Jerônimo a contra gosto foi
atender aos dois meninos escoteiros. – Eles narraram tudo que aconteceu com seu
antigo Chefe e com o ultimato do Diretor do Colégio.
Falar o que para eles?
Que não tinha tempo? Que vivia para o trabalho? Que nunca foi Escoteiro e não
sabia como era? – Eles sorriram. Sabe Doutor! – Ops! Não me chamem de doutor. –
Pois não Chefe! E riram a valer. Nosso antigo Chefe dizia que o valor das
coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade que acontecem. Esta
é a hora. Se o senhor fosse um desocupado não estaríamos aqui, precisamos de
chefes como o senhor! – Jerônimo olhou para sua mãe. Ela sorria. Os meninos
ficaram em pé e em posição de sentido deram um sempre Alerta bem alto. Ao sair disseram
que o esperariam sábado que vem às duas da tarde. Jerônimo boquiaberto os viu
ir embora. E agora? O que fazer? Decepcionar os escoteiros? Afinal ele não
tinha obrigação nenhuma com eles. Foi dormir preocupado. Jerônimo teve um
sonho, sonhou uma linda floresta, belas árvores, uma cascata de águas límpidas,
um vento gostoso a soprar de norte a sul, e ao lado os escoteiros rindo e
dizendo: - Vamos lá Chefe. Á agua está boa para um banho!
Acordou descansado. Era
domingo. Levantou sorrindo. Nunca fez isto, quando acordava só pensava no
trabalho. Lembrou de seu sonho gostoso demais. Porque não? Riu de si mesmo
pensando como seria ele junto a meninos correndo pelas campinas com aquele
chapelão esquisito. Pesquisou tudo o que viu. Pediu pela internet dois livros.
Escotismo para Rapazes e o Guia do Chefe Escoteiro do fundador do movimento. Um
general Inglês muito famoso em todo mundo. Os livros chegaram na quarta, e
tempo para ler? Ele lembrou dos escoteiros que o tempo existe para a gente
fazer e não deixá-lo fazer a gente. Leu os livros naquela quarta quinta e sexta
até duas da manhã. Sua cabeça não para de pensar. Agora tinha de dar pelo menos
um oi para eles no sábado. Sua mãe sempre que o via sorria. – Sempre Alerta
Chefe! Ela dizia. Ele não dizia nada, mas a ideia formigava em sua mente.
A Tropa estava formada as
duas em ponto. Mario foi o monitor encarregado para esperá-lo no portão. Ele
chegou ressabiado. Assustou quando ouviu aquela escoteirada dizendo - “Sempre
Alerta Chefe”! O tempo passou, Jerônimo foi promovido em sua empresa. Era
outro, mais alegre mais humano e para surpresa de todos agora um Escoteiro. A
Tropa orgulhosa do seu novo Chefe. O Diretor do Colégio Sorriu quando soube.
Naquela noite em volta do fogo Jerônimo cantava com seus novos amigos. Estavam
acampados no mesmo local do seu sonho. Jerônimo dizia para si – Quando estamos
ou queremos estar bem, viver assim distrai. Para mim que aprendi isto
recentemente agora sei o que é viver bem. Jerônimo nunca mais deixou o
escotismo. Fez dele parte de sua vida e hoje chegando nos sessenta anos sempre
recebe em sua casa seus novos amigos que fez. Gente boa, gente cuja amizade ele
as manteve para sempre.
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