Contos
para fogo de conselho.
Marcinha
deixe a raiva secar!
Marcinha era Lobinha da
Alcatéia Waingunga. Um dia ela ficou toda feliz porque ganhou de presente um
joguinho do caminho de Mowgly, todo azulzinho com a floresta verde e amarela.
No dia seguinte Julia que morava no mesmo prédio que ela e era da sua matilha,
veio bem cedo convidá-la a brincar. Marcinha não podia porque ia sair com sua
mãe naquela manhã. Julia então com aquela voz doce que sempre conquista aos
lobos da matilha marrom pediu a ela que lhe emprestasse o seu joguinho para que
ela pudesse brincar sozinha nas áreas livres do prédio.
Marcinha não queria emprestar,
mas, com a insistência da amiga Lobinha, resolveu ceder para não demonstrar
todo o seu ciúme por aquele brinquedo tão especial e que adorava. Ao regressar
do passeio com sua mãe, Marcinha ficou chocada ao ver que seu brinquedinho
estava jogado ao chão e faltavam partes para completar a trilha da floresta de
Mowgly. Chorando e muito nervosa, Marcinha desabafou: - Está vendo mamãe, o que
a Julia fez comigo? Emprestei o meu brinquedo da Floresta de Mowgly ela
estragou tudo e ainda deixou jogando no chão.
Totalmente triste e com raiva
Marcinha queria, porque queria ir ao apartamento de Júlia e pedir explicações.
Mas a mamãe, que também era assistente da Alcatéia como o nome de Raksha com
muito carinho ponderou: Filhinha lembra o dia que você saiu toda contente com
seu novo uniforme de lobinha, lindo e você sorrindo e um carro jogou lama em
você? E quando chegou em casa quis lavar imediatamente aquela sujeira e vovó
não deixou? Você se lembra do que a vovó falou? – Ela falou que era para deixar
o barro secar primeiro. Depois ficava mais fácil de limpar.
Pois é minha Lobinha
querida! Com a raiva é a mesma coisa. Deixe a raiva secar primeiro. Depois fica
bem mais fácil resolver tudo. Marcinha não entendeu bem, mas resolveu ir para a
sala ver televisão. Logo depois alguém tocou a companhia. Era Júlia, toda sem
graça, com um embrulho na mão. Sem que houvesse tempo para qualquer pergunta,
ela foi falando: - Marcinha sabe aquele menino mau da outra rua que não é
Lobinho e vive correndo atrás da gente? Ele veio querendo brincar comigo e eu
não deixei. Aí ele ficou bravo e estragou o brinquedo que você havia me
emprestado. Quando contei para a mamãe ela ficou preocupada e foi correndo
comprar outro brinquedo igualzinho para você. Espero que não fique com raiva de
mim. Não foi minha culpa!
- Não tem problema, disse Marcinha,
minha raiva já secou. E, tomando a sua coleguinha pela mão, levou-a para o
quarto para contar a história do uniforme novo que havia sujado de barro.
Pois é,
gato não é rato, feijão não é arroz e quem quiser que conte dois!
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