Lendas
Escoteiras.
Era
uma vez... Um Escoteiro!
"Em algum lugar, alguma coisa incrível está esperando para ser conhecida."
Você já os viu? Liceu
balançou a cabeça. Leo James deixou sua mente vagar. Nunca pensou neles e nem
sabia por que agora tinha curiosidade em saber. Ao terminar as aulas do colégio
foi para sua casa como sempre sozinho. Era perto. Esqueceu-se do assunto que
conversou com Liceu. Sua mãe ainda não havia chegado e ele mesmo fez um lanche
frio até ela chegar para fazer o jantar. A rotina de dias e dias sempre foi à
mesma. A mamãe chega, o abraça, pergunta como foi o colégio e vai preparar o
jantar. Papai chega já noitinha, sorri para ele e vai tomar o banho antes do
jantar. Leo James nem sabia por que perguntou ao seu pai: - Pai, o senhor já
ouviu falar nos escoteiros? – Seu pai sorriu. – Venha comigo. Foram até o sótão
e de uma mala antiga retirou um uniforme de Escoteiro.
- Eu fui monitor filho. E
logo mostrou seu cantil, sua mochila, sua faca e o cabo trançado. – E o chapéu
pai? – Seu pai sorriu. Tem uma historia. Um dia conto para você. Porque
perguntou? – Não sei pai, me veio à cabeça em conhecê-los melhor. – Porque no
sábado não vamos lá, você os conhece e quem sabe se torna um deles? – A semana
custou a passar. Leo James que nunca pensou em ser um agora ansiava o sábado
para quem sabe poder viver a vida deles. – No sábado após o almoço ele e seu
pai foram até onde eles se reuniam. Não eram muitos, mas se divertiam a valer.
Tinha os pequeninos de azuis e os mais velhos de uniforme. Ninguém com o
chapelão. O Chefe os levou para a sala. Leo James perguntou se podia ficar no
pátio para ver as suas brincadeiras. – O Chefe disse não. Temos coisas para
falar de homem para homem! – Seu pai riu e ele não sabia o que dizer.
Em casa seu pai disse que ele
começaria no próximo sábado. Esperava que ele se orgulhasse e aprendesse tudo
que eles fossem lhe ensinar. Leo James passou uma semana incrível. Nunca pensou
que teria uma alegria tão grande só porque iria participar de um movimento que
nunca ouviu falar e agora não saia de sua mente. Segunda, terça, quarta... No
colégio ele contou para todos seus amigos, alguns se entreolharam com a notícia
e outros não. Liceu era o mais chegado. Morava a uma quadra de sua casa. Sempre
se encontravam. – Porque não vai comigo? Não posso, aos sábados ajudo meus pais
na feira. O sábado chegou. Leo James olhou na janela, era um lindo dia. – Pai!
Posso ir com seu uniforme? – Não meu filho. Você tem que provar que é digno
dele. Antes do almoço foi até a casa de Liceu. Ele não estava.
Às vezes vencer é saber esperar
e Leo James esperou o dia mais feliz da sua vida. Ao retornar a sua casa
atravessou a rua assoviando uma canção que aprendeu. Um utilitário negro vinha
a toda velocidade. Leo James não viu e quando olhou era tarde demais. Foi
levado ao hospital entre a vida e a morte. Todos torciam por ele. Seu pai e sua
mãe não saiam da sala de espera do hospital. O medico deu a notícia: - Ele vai
viver, mas perdeu os movimentos da perna. Difícil recuperação. Dizem que um dos
segredos do sucesso é se recusar a deixar que as adversidades nos derrotem. Leo
James deixou de sorrir. Voltou para casa em uma cadeira de rodas. Liceu agora
não o visitava frequente. Ele não poderia corresponder ao programa que ambos
faziam as noites na praça.
O escotismo ficou no passado.
Leo James não queria mais lembrar. Foi apenas um momento, um sonho que acabou.
O tempo passou. A cadeira de rodas virou rotina. Leo James resolveu voltar a
estudar. Quando entrou para a faculdade não sabia o que escolher. Formou-se em
letras. Seria um professor. Porque não? Ele sabia que seria feliz em ensinar. O
tempo passou. Leo James conheceu Isadora. Ela o amou desde o primeiro dia e
nunca o viu como um cadeirante. Joel nasceu dois anos depois de casado. Sete
anos depois Joel o procurou: - Pai! Eu quero ser Lobinho! – Leo James se
assustou. Não guardava boas lembranças. Não podia negar aquele pedido. Foi ao
mesmo grupo onde pela primeira vez conheceu os escoteiros. Não era mais o Chefe
de outrora. Ouviu o que o Chefe disse. – Porque o Senhor também não vem
participar conosco? Leo James se assustou. Eu?
Existem verdades que a gente só
pode dizer depois de ter conquistado o direito em dizê-las. Seu filho se tornou
um Badeniano e ficou Escoteiro para sempre. Ele ajudava no que podia. Foi
Secretário, Tesoureiro e quando os via partindo para os acampamentos sentia uma
tristeza incrível. Seu coração doía, seus olhos teimavam em ficar embaçados. –
Porque não vai conosco? Eu? Como? Nem posso andar! – Mas tem dois braços, sabe
pensar, é um professor querido pelos seus alunos. Lá no campo sempre terá seu
lugar. Basta escolher o que vai fazer. – Leo James pensou que se ele não
acreditar nos seus sonhos do passado como ele iria poder se realizar? Foi. Viu.
Viveu e sentiu. Voltou a ser criança. Não perdeu a esperança. Não foi o
primeiro, Leo James era agora um Escoteiro. De promessa e barba feita,
contrafeita com as dificuldades ele foi o primeiro Chefe Escoteiro Cadeirante
do Brasil!
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