Lendas
Escoteiras.
O
amanhã pertence a Deus.
Foi uma semana difícil para
Rodney. Primeiro não sabia o que fazer e quando tomou pé de tudo viu que seria
difícil tomar uma decisão para que tudo fosse resolvido. Resolvido? Como saber
se isto seria conseguido? Ele como Chefe Escoteiro nunca tinha passado por
isto. Sabia que nos dias de hoje é comum tais acontecimentos entre os jovens e
que mesmo dizendo saber onde pisam insistem em continuar. Mas no escotismo?
Afinal sempre disseram que ali tinha tudo para dar uma vida significativa aos
jovens e tal fato seria difícil de acontecer. Passava e repassava os fatos em
sua consciência e buscava uma solução. Notibook o Monitor da Garça o procurou
na saída da fábrica no inicio da semana. – Chefe podemos conversar um pouco
antes de o senhor ir para casa? Pararam na praça e Notibook sem rodeios falou
para seu Chefe: Tom Sauer está fumando maconha!
Rodney nunca esperou por isto.
Ficou estupefato, mas sabia que Notibook não tinha o costume de mentir. –
Chefe, eu o vi indo para o descampado da Rua das Camélias junto com mais dois
outros jovens que não são escoteiros e ali ficaram um bom tempo pitando. Não me
fiz de rogado e o interpelei. Ele ficou sem graça, mas seus “amigos” me
mandaram “catar coquinho”. Na reunião de sábado tentei conversar com ele, mas
como resposta me disse que ia sair do escotismo. Não precisava de papai e nem
chefinho para dizer a ele o que fazer. Pensei em levar o assunto a Corte de
Honra, mas Chefe quer saber? – Nem sei se ela está preparada para resolver tais
problemas. – Não havia mais nada a dizer, o problema agora era de Rodney. O que
fazer como fazer e quando fazer ele é quem decidiria.
Conhecia Tom Sauer há mais de
três anos. Gostava daquele garoto. Gostava de vê-lo sonhar com o Lis de Ouro.
Sempre foi disciplinado e não precisava ser empurrado, a patrulha sabia que
podia contar com ele. Tinha lido uma vez que a solução sempre passa pela
família. Dona Elza sua mãe viúva poderia resolver sozinha? Foi sim uma semana
que custou a passar. Iria conversar com ele. Sabia que estava em uma fase
difícil, teria que ser amigo e não ter uma postura agressiva. Sabia por outro
lado que fazer de conta que não viu também não era a solução. Mas meu Deus! Se
ele sempre foi um ótimo Escoteiro, se amava as atividades ao ar livre, se um
dia prometeu cumprir a lei, por que este desvio? Chorar o leite derramado não
seria a solução.
Quando o convidou para uma
conversa particular no final da reunião, viu nos olhos de Tom Sauer que ele
sabia qual seria o assunto. Sentiu também que ele se armou para as respostas.
Sabia que não bastaria o aconselhamento. Muito ainda haveria de ser fazer e sua
mãe não poderia ficar sem tomar conhecimento. Afinal a experiência demonstrava
que ao experimentar alguma droga, com o tempo viriam drogas mais pesadas. Sabia
que alguns abandonavam o vício e que outros acabaram morrendo ou loucos. Sempre
procurou ouvir mais e falar menos, mas agora não podia ser tão educado, pois
ele precisava ouvir o que ele tinha a dizer.
Começou perguntando sem rodeios. –
Tom está fumando maconha? Tom Sauer enrubesceu. Ficou calado. Rodney sabia que
muitas vezes o jovem está em busca de respostas para seu vicio e precisava
encontrar conforto nas palavras de quem tentava ajudar. Ele ainda não havia
chegado ao “hábito de Comportamento” e quem sabe uma conversa amiga seria a
ideal para ele. - Tom, sei o que está passando. Mas e sua mãe? Ela como vai
ficar quando souber? Você sabe que direi a ela se continuar e não vai adiantar
ser rebelde dizendo que sabe o que fazer. Não serei e nunca vou ser seu
salvador. Também não vou encobrir seus erros. Não vou ajuda-lo em nada na
manutenção dos seus vícios.
Tom estava assustado e começou
a chorar. – Se achar que chorar resolve chore muito, mas lembre-se que compete
a você dar um rumo em sua vida assim todos poderão voltar a ter o respeito
que você merece. Eu tenho minha família
para cuidar, tenho uma Tropa para colaborar, e são meninos como você procurando
cumprir seus deveres para com Deus e com eles próprios. Não acredite em falsas
esperanças momentâneas que tudo vai dar certo e tudo vai mudar. Feridas custam
a curar. Procure conhecer melhor quem usa maconha e depois passou para outras
drogas. Vai servir de exemplo a você. Isto é uma doença contagiosa que não leva a
lugar algum.
Você sabe que sou seu amigo,
sempre serei mesmo que tudo vire de cabeça para baixo. Olhe para dentro de
você. Lembre-se da sua vida escoteira, do que fez e do que conseguiu. Não vou
lembrar a você da Lei. Ela ajuda a quem quer ser ajudado. Não quero ver você
ferido, rejeitado, traído e com segredos escondidos em vez da sua fé. Não
permita que isto o leve a ser um saco de pancadas ou um capacho. Faça da sua
dor de hoje a cura do amanhã. Pense duas vezes ou mais quando for usar a droga
de novo. Pense que tem amigos que não fazem isto. Pense que o consideramos um
irmão e nunca iremos abandonar você. Mas faça sua parte também. Afinal você é um
Escoteiro e sabe como agir nas horas mais difíceis.
Quatro meses depois Dona Elza
me procurou. Abraçou-me e me agradeceu. - Chefe, acho que ele mudou. É mais
carinhoso, me ajuda em tudo em casa, não sai à noite e olhe isto tudo devo a escotismo.
Pessoas como o senhor é difícil de achar. Muito obrigado e que Deus lhe
proteja. Meus olhos molhados não conseguia segurar as lagrimas que corriam pelo
meu rosto. Tom Sauer correu até nós. Abraçou-me e sua mãe também. Ficamos ali
os três sendo observados por uma Tropa de escoteiros que não estavam entendo o
que acontecia. Mas eles sabiam que ser Escoteiro todos podem dizer que são, mas
ser um verdadeiro Escoteiro no sentido da Lei não é para qualquer um!
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