“Lorenzo”
Você me pede para ser
Escoteiro. Conta uma parte da sua vida e por isto não acredita em nenhuma
religião. Diz para mim que fará tudo que eu pedir, mas que seja liberado da
promessa, pois não irá prometer algum que não acredita. Você me confirma que é
um humanista e agnóstico, que não pode provar que Deus existe e que suspeita
que ele não exista e por isto não quer perder tempo em pensar em religião. Ri e
me repete que duas mãos trabalhado fazem mais que milhares unidas rezando. Eu
disse a você que seria bem vindo, mesmo que pensasse assim. Pedi para virem
teus pais e você se recusou. Disse que eles não pensam como você e que com seus
dezesseis anos já é dono de sua vida. Não quis formar opinião e nem discutir
religião. Você desde o início dizia que não teme morrer e ir para o inferno ou
quem sabe o Paraíso. Confirma que a morte seja um nada e por isto remove todos
os medos possíveis da morte. Sorri dizendo que és muito agradecido ao ateísmo.
Eu fiquei calado ouvindo
você, pensei comigo como seria sua participação junto aos seus companheiros, se
aceitaria a fé que eles têm ou sublevaria para mostrar que a fé não existe.
Pensei em dizer se você nas reuniões todos orando como se sentiria sozinho sem
rezar? Iria respeitar ou iria sorrir? Pensei na sua promessa assistida por
todos você dizendo: Prometo fazer o melhor possivel para... Sem Deus? Pensei
como seria sua vivencia na natureza, prova viva da criação vendo as formigas,
as borboletas coloridas, os beija flores e o cantar dos pássaros se eles também
seriam como você. Não existe o outro lado o outro lado é aqui. O que diria
quando sua patrulha no alto da montanha visse um lindo por do sol e alguns
iriam fazer uma circunflexão e dizer obrigado senhor por ter deixado que eu
veja sua grande criação. Até pensei em um santo que dizia: - Nenhum homem diz
“Deus não existe”, a não ser aquele que têm interesse em que Ele não exista!
Você foi embora, tentou se
explicar, mas desistiu. Fiquei tristonho, queria você Escoteiro, queria ter
mais um irmão, mas você seria o único, eu e você sabíamos que não ficaria a
vontade com alguém que pensa diferente de você.
Sujeito que clama e berra. Contra a vida a que se
agarra,
Vive em perene algazarra, colado aos brejais da
terra.
Do raciocínio faz garra, com que à verdade faz
guerra,
Na desdita em que se aferra à ilusão em que se
amarra.
De mente sempre na birra. Ouve a ambição que lhe
acirra
A paixão que o liga à burra. Mas a luz divina jorra
E a vida ganha a desforra na morte que o pega e
surra.
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