quarta-feira, 10 de maio de 2017

“Lucy”


“Lucy”

                  Era uma amizade que diziam ser para sempre. Na Matilha Verde havia uma química entre elas. A conta de telefone sempre alta. – Lucy! Precisamos economizar! – Um dia a mãe de Lucy desistiu. Nas reuniões de Alcateia conversavam o tempo todo. Os chefes compreensivos procuravam entender. Receberam o Cruzeiro do Sul no mesmo dia. A passagem por insistência também foi feita com ambas. Exigiram ficar na mesma patrulha. Os Leopardos tiveram seu momento de glória. Elas deram nova vida à patrulha. Aos quinze passaram para os seniores. Foi difícil ficar na mesma patrulha, pois eram duas e ambas com seis. Uma não poderia ficar com oito, seria desproporcional. Isto não impedia a conversa, os sorrisos, os causos e os segredos que duas moçoilas contavam da vida. Faziam planos para o futuro. Ambas diziam que não iriam casar. Seriam amigas para sempre.

                    Mirtes se apaixonou. Lucy viu o distanciamento. Chorava e pensava que não queria perder a amiga. Encontravam-se agora fora das reuniões poucas vezes. Lucy sentia falta, muita falta. Nas reuniões o sol para ambas não era o mesmo. Não esqueciam os momentos felizes, os acampamentos, os fogos de conselho e principalmente a excursão em Lagoa dos Mares. A lua ajudou, as estrelas deram nova conotação. – Um dia vou morar em uma estrela – Lucy riu. Eu também. Quero sentar em uma ponta brilhante e ver um cometa passar. – Eu não, quero fazer dela minha morada, meu transporte e viajar pelo cosmos conhecer um buraco negro e ir até onde ninguém até hoje foi. As duas riam e contavam suas ilusões seus pensamentos seus sonhos.


                      - Ele quer que eu saia. Disse- sem meias palavras – Ou o escotismo ou eu! Não posso viver sem ele. O amo demais e não tenho como escolher. – Lucy viu a partida de sua amiga e chorou por dias e dias. Ninguém nas patrulhas comentou. Parece que sua falta não era sentida. Ela tinha medo, muito medo de se apaixonar. Medo de ter de decidir entre um e outro. O que diria? Qual ação tomar? Conheceu Miguel, se apaixonou. Era compreensivo, muito mais amigo que um companheiro. A vida sempre nos coloca em nossa frente várias opções. A escolha é livre, mas, uma vez feita à opção, cessa nossa liberdade e somos forçados a recolher as consequências. Após a reunião ele estava à espera. Nem entrar entrava. Dizia não se sentir bem. De mãos dadas saíram a caminhar. Ela então ouviu o que nunca queria ouvir. Sempre pedia a Deus para isto não acontecer. – “Escolha, ou o escotismo ou eu”...

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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