Lendas da Jângal.
As estripulias e travessuras da
Matilha Marrom
A chefia da Alcatéia estava descontente com a Matilha Marrom. Não foi a
primeira vez. O Balu estava preocupado. Eles conheciam a Lei do Lobinho e a
matilha sabia o que isso significava. Na Marrom havia três meninas e três meninos.
Quase todos com mais de um ano de Alcateia. O que fizeram, ora, ora! De novo
aprontando. Na uma esquina avenida movimentada esperam o sinal ficar verde,
escolhiam pessoas idosas para irem por traz e buzinar com grande algazarra uma
Guguzela, bem perto do ouvido.
Porque fizeram isto? Perguntou a Bagheera. - Ora Pantera Negra o sinal
podia abrir e os carros passariam por cima deles. Só ajudarmos! Bela ajuda.
Existiram outras. Entraram em um jardim de uma residência, e colheram todas as
flores sem pedir destruindo boa parte delas. O proprietário vendo aquilo os pôs
para correr e foi até ao Grupo Escoteiro reclamar. De novo? – Bagheera
perguntou: - Bagheera, hoje é o dia da mulher e íamos distribuir rosas para
elas!
Um dia amarraram não
se sabe como uma matula de mais de 15 cães de rua. O que aprontaram em frente a
um posto médico foi demais. Akelá ficou uma fera. – Chefe! A ideia era para
facilitar os donos encontrarem quando procurassem seu cão perdido! A Akelá há
tempos preocupada. Pensou em suspender todos eles por trinta dias. Conversou
várias vezes em particular com cada um. Ameaçou contar pra os pais. O Diretor
Técnico alma boa gargalhava quando lhe contavam as façanhas dos marrons. No Conselho
de Chefes a maioria dizia: - São crianças e a idade permite.
Os Marrons não eram
assim. Tudo começou com a entrada de Lili. Calada, ninguém podia imaginar que
ela exercesse tal liderança. Eles não eram maus. A Akelá dedicada amava todos
eles. Fazia questão da Lei do Lobinho. A vizinhança passou a evitar os lobinhos.
O Diretor Técnico começou a ficar preocupado. O nome do Grupo estava em jogo. A
Akelá pensou em bolara um plano. Precisava dar uma lição em todos eles. Se o
seu plano desse certo eles iriam parar com as traquinagens.
Lili nos seus oito anos pensava como um adulto, mas tinha seu lado
criança. Seus pais já observavam isto. Quando foi inscrita no Grupo Escoteiro
foi sugestão de uma psicóloga que conhecia um pouco o Movimento Escoteiro. Uma disciplina
mais rígida, sem tolher sua liberdade e criatividade poderia ajudar. Lili foi
aos poucos liderando a Matilha mesmo sem ser a Prima. Todos tinham por ela
respeito e admiração. Fora ela quem planejara todas as traquinagens. Os
lobinhos juraram manter segredo. – Somos irmãos disse. Tudo que fizermos
manteremos segredo. Quintinho o menor de todos não entendeu bem, mas balançou a
cabeça concordando.
Verdade seja dita, Lili gostava muito da Akelá. Quando faziam coisas erradas
Lili ficava com medo de ser descoberta e perder a amizade de sua Chefe. Passou
a organizar suas “expedições” em locais mais distantes. Chegavam uma hora antes
do início das reuniões. Ela inteligente conhecia bem a lei do Lobinho, a
promessa e as etapas. Seus pais compraram para ela o Livro da Jângal e ela leu do
começo ao fim. Sonhava com Mowgly e sempre pensou porque Kipling não tinham
posto na história uma lobinha, companheira de Mowgly.
Sentia falta de receber seus distintivos e especialidades. Culpa dela
que não se dedicou como devia. No sábado seguinte, após a reunião fora chamada
para uma conversa em particular com a Akelá. Ela preocupada foi ao encontro. Pensava
que só ela e a matilha sabiam que ela era a Chefe. Mas a Akelá parecia saber. Ficou
com medo de ser suspensa. Seu coração bateu forte. E se fosse expulsa?
Foi de cabeça baixa. Seus olhos estavam vermelhos. A Akelá a abraçou e
disse para não se preocupar. A Akela sabia de toda a potencialidade de Lili. Não
entrou em detalhes e nem comentou sua liderança sobre os demais. Somente a
convidou para ir com ela ao Zoológico no domingo. E os outros ela perguntou? Só
eu e você, respondeu a Akelá. Já falei com seus pais e eles deram autorização. Quem
sabe lá teremos muito a aprender você e eu?
Conversaram pouco durante a viagem. Mas se soltaram quando chegaram. A
Akelá pediu para ela prestar atenção de como os animais, pássaros, repteis e
peixes se comportavam. – Veja Lili, cada um tem sua morada e um respeita a
individualidade do outro. Eles vivem juntos na floresta e só quando tem fome a
lei da selva é considerada. Lili não entendeu bem. Queria entender.
Ao meio dia, pararam
para um lanche em um quiosque. A Akelá começou a contar história da Jangal que
ela não conhecia. Como Balu e Bagheera defendeu Mowgly dos outros animais. Como
Káa foi uma amiga e sempre ao seu lado. Explicou como o Rei da Selva tratava os
demais na floresta. Falou sobre o respeito, as normas e da Lei da dos animais e
como viviam melhor que os homens vivem. Tinham respeito entre si, ninguém
desfazia de ninguém.
Lili ficou pensando nas
palavras da Akelá. Prometeu a si mesma mudar. Em nenhum momento a Akelá deu
exemplos do que fizeram, mas Lili sabia onde ela queria chegar. Prometeu a si
mesmo que iria mudar. Afinal todos nós temos nossos direitos e nossos deveres.
Devemos ver onde começa e onde termina cada um para não prejudicarmos ninguém.
Dois meses depois a paz voltou a reinar na Alcatéia. Não houve mais
traquinagens. A matilha Marrom era outra. Todas as matilhas passaram a admirar.
Lili era agora muito querida. Recebeu sua segunda estrela e chorou de
felicidade. Sonhava em ser uma lobinha cruzeiro do sul. A matilha Marrom
continuou unida por muitos e muitos anos. O tempo passou. Lili fez a passagem
para a tropa, mas sempre voltava a Alcateia para rever os amigos. Agora nas
cerimônias do Grande Uivo, os marrons saltavam com alegria e vivacidade a dizer
a plenos pulmões dizendo o que seriam: – “Melhor, melhor, melhor e melhor? –
Sim, melhor, melhor, melhor e melhor”.
Nota – No escuro da floresta,
Shery Kaan está por lá! Mowgly para e escuta... O Grande Tigre rosnar! – Apenas
um história com final feliz. Afinal Kaa não disse aos lobos: - Somos irmãos de
sangue... Tu e eu! Divirtam-se!
Nenhum comentário:
Postar um comentário