Lendas Escoteiras.
“Texaco”
Nota - A fé em Deus nos faz crer no incrível, ver o
invisível e realizar o impossível. Uma história para quem acredita que para o
Senhor nada é impossível.
-
Seu apelido veio do local onde trabalhava. Posto Texaco. Todos os dias pegava
sua bicicleta e viajava 30 quilômetros até o local de trabalho. Nunca reclamou
das doze horas que ficava lá. Molambo era seu companheiro e ambos davam pulos
quando os caminhoneiros se misturavam com os carros para abastecer. Gostava de
seu nome, José Antônio da Silva, mas quase ninguém conhecia. Todos o chamavam
de Texaco.
-
Naquele sábado ia displicentemente na estrada pensando no filme que ia estrear
no cine Palácio. “Da terra nascem os homens”. Adorava um faroeste e este era
com Gregory Peck, Jean Simmons e Charlton Heston. Um elenco estrelar. Não ia
perder. Conversou com o Senhor Ademar para sair às sete da noite em ponto. Iria
pegar a sessão das nove. Tudo aconteceu na Curva do Onça. Um carro a toda
velocidade fez a curva aberta na contramão e o pegou em cheio.
-
Não sentiu nada. Rodopiou no ar e caiu na lateral da estrada ficando estirado
no chão. Olhou para o céu e as nuvens balançavam de um lado a outro. Nuvens
balançando? Viu quando alguém chegou correndo. – Ele está vivo! Ouviu uma vozinha
de criança dizer. Vivo? Achou que estava morto. Não sentia dores, parecia estar
em um anfiteatro com uma orquestras tocando belas musicas dos seus filmes
favoritos: - Dança com Lobos, Em algum lugar do passado e a maravilhosa musica
de Max Steiner em o Vento Levou.
-
Seus olhos abriram-se lentamente. Viu o rosto de alguns meninos em sua volta.
Eram escoteiros, ele já os tinha visto passando em fila em frente ao posto para
acampar. – Oi moço, não durma, o socorro já vem! Disse um deles. – Acho que
precisamos fazer alguma coisa disse o outro! – fazer o que ele pensou. Sentia o
corpo quebrado em vários lugares, só conseguia ver de um olho. Um deles segurou
na sua mão. Sentiu as mãozinhas de uma criança tentando lhe dar nova vida.
-
Nico, você não tem a especialidade de enfermeiro? A voz trêmula de Nico se
ouviu a seguir. – Monitor! O que eu posso fazer? Ele está todo ensanguentado e
veja as suas duas pernas tem fraturas expostas! Lembra do bombeiro que disse
que não devemos interferir nas fraturas e esperar ajuda especializada? Alguém
passava um pano molhado em sua testa e seu rosto. Era reconfortante. Viu a face
da menininha escoteira. Sorria para ele. – Moço, vai passar tudo passa nessa
vida e logo estará bom de novo!
-
Texaco queria sorrir, sua face era uma máscara vermelha de sangue que a doce
escoteira tentava limpar com seu lenço escoteiro e água do seu cantil. Sua
mente estava em dois lugares simultaneamente. Lembrava-se das palavras de José
um caminhoneiro: - Olhe Texaco, É
difícil acreditar em uma vida após a morte, mas é deprimente acreditar que nós
simplesmente morremos. Será que chegou minha hora? Pensou!
- Ele não tinha medo da morte, sabia que um
dia ia morrer só não sabia como. Ouviu ao longe uma sirene. Seria seu socorro?
A escoteira sorria para ele. – Calma Senhor. A fé em Deus nos faz crer no
impossível, ver o invisível e realizar o inimaginável. Por isso, creia e deixe
tudo nas mãos Dele e Ele fará o melhor pra ti, basta ter fé! Texaco olhou para
ela. Tão jovem e tão filosófica. Lembrou-se de sua mãe que já tinha partido
para o céu.
- Sentiu mãos vigorosas o segurando. Perdeu
os sentidos na terra, mas eles continuaram no céu. Ouviu a voz dela a dizer: -
Texaco, para Deus não haverá impossíveis. Basta tirar as duas letras iniciais
da palavra Im para que tudo se torne real na sua vida. Texaco dormiu. Um sonho
gostoso sem dor.
Dois anos depois...
- Eita Texaco, agora é sua vez! Acordou
assustado. Era a patrulhinha escoteira a brincar com ele em uma cadeira de
rodas. Viu Leninha a escoteirinha que lhe afogou a face ensanguentada com seu
lenço. – Conseguiu limpar? Perguntou. Ela sorria e disse que não, mas que se
fosse ele quem lhe deu a vida tinha valido a pena. Texaco deixou lágrimas rolar
pelo rosto. Viu sua mãe ali segurando sua mão. Filho... A fé em Deus nos faz
crer no incrível, ver o invisível e realizar o impossível.
- Um homem de uniforme escoteiro chegou. – E
então Texaco, pronto para a reunião? Ele olhou em volta, quanta alegria quanta
compreensão. Notou que estava com um uniforme e usava um lenço igual da
menina... Na cadeira de rodas sem poder andar pensou: - Você diz... Isso é
impossível e Deus responde: - Tudo é possível. Você interpela... Eu já estou
cansando. E Deus responde: - Eu te darei repouso. Você completa... Não vejo saída... E Deus
responde: - Eu guiarei teus passos!
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