Duzentos anos depois.
Diário de Tarsila do Amaral... Uma
escoteira.
Serra da Canastra, 24 de março de 2220.
- A noite estava linda, o céu de
estrelas um espetáculo a parte. Na porta da barraca o Chefe Frederick Russel
Burnham olhava com carinho sua tropa de dezoito jovens. Ele preferia ser
chamado de Chefe Dakota. Orgulhava de terem dado a ele o nome do seu ancestral nascido
a onze de maio de 1861. Era um dos homens que se tornou um explorador militar
norte-americano e um grande viajante. Ficou conhecido pelos serviços prestados
no exército colonial britânico e por ter ensinado “woodcraft” (escotismo) a
Robert Baden-Powell e se tornado um influenciador notável ao fundador do
Escotismo. Junto a ele alguns escoteiros e escoteiras cantavam em volta de um
pequeno fogo. A noite agradável com temperatura ambiente e relaxante fazia
daquele acampamento próximo a nascente do Rio São Francisco mais um marco da
Tropa Alpha Centauro. Nabucodonosor Monitor da Camaleão sorria com a beleza do
universo. Todos o ouviram dizer a Isaac Newton seu sub... Meu amigo, olhar o
céu, as nuvens, a lua e as estrelas realmente eu me sinto calmo e esperançoso.
Vejam bem, azul, verde, cinza e branco alvo o céu é de todas as cores! Chefe Dakota
sorriu. E eis que Barbara Heliodora, uma escoteira cujo sorriso era sua marca
perguntou: - Chefe! Dizem que nesta data ouve uma mudança na humanidade por
causa de uma epidemia na terra? Chefe Dakota pensativo deixou sua mente voltar
no tempo e começou a contar...
- Quando minha bisavó Tarsila do Amaral
ainda vivia, ela contava que houve uma grande epidemia na terra, apelidaram-na
de Pandemia Covid-19. Ela não tinha certeza, pois esta história lhe foi contada
pelo seu Bisavô e como sabem a cada lembrança vamos mudando o rumo da história.
– Chefe! Perguntou Cora Coralina, naquela época os escoteiros acampavam? – Sim disse
o Chefe. Mas eram mais elitistas, preferiam os Grandes Acampamentos, os jamborees
e os lobos eram levados para grandes atividades que eram desenvolvidos pelos
distritos e regiões. Muitos grupos tinham pais para lhe dar todo apoio. Os
escoteiros quase nada faziam, não limpavam a sede, o pátio, e até as patrulhas
não tinham seu material como hoje vocês tem. Eles gostavam mais de ficar na
sede, ir para riachos e praças limpar a sujeira que naquela época os habitantes
estavam acostumados a fazer. – Mas Chefe! Perguntou Charles Darwin, um
escoteiro da Patrulha Condor. – Quer dizer que eles não faziam nada? Dakota o Chefe
sorriu. Não era bem assim, eles faziam muitas atividades, mas eram mais
coletivos. Os chefes gostavam de frequentar uma rede social de nome Facebook e
ali escreviam, diziam sobre si, suas qualidades e ouve um que se intitulava Velho
Chefe Escoteiro que era daqueles que diziam ser o dono da verdade costumava
aconselhar, mas ninguém dava atenção. – Todos riram e alguns bateram palmas...
- Um breve silencio, pois um belo jato
de luz azul atravessou o céu devagar... Sabiam que era a “Esperança” uma nave
espacial que patrulhava a terra para dar noticias e boas novas. William
Shakespeare da Patrulha Borboleta lembrou o que sua mãe contava quando se
sentia triste: - Filho, quando sinto que estou angustiada, triste e ficando sem
saídas, olho para o céu para lembrar que a vida é infinita e grandiosa. – Mas Chefe!
Indagou Tomaz Edson, eles não tinham liberdade para ir e vir? – Dakota se
lembrou das palavras de seu bisavô: - Era outra época. Muita criminalidade, não
se podia confiar aonde iam. Tudo calculado. Ninguém tinha confiança no andar,
ir e vir. Pois é Chefe, disse Clarice Lispector, minha avó sempre dizia que
enquanto pudermos erguer os olhos para o céu, sem medo, saberemos que temos o
coração puro, e isto Chefe significa felicidade! Todos aplaudiram com uma palma
marciana. Hã! Lembrou-se dos Escoteiros de Marte.
- Havia naquela época muitos
escoteiros simples, humildes que faziam ao seu modo um belo escotismo,
continuou o Chefe Dakota. Eles eram pobres e não podiam frequentar os Grandes
Acampamentos e nem comprar seus materiais. Tudo muito caro, chamavam “Escotismo
dos Ricos”. Aqui mesmo onde estamos muitos deles montaram tendas de folhas e galhos,
olharam para o céu e um deles deixou escrito em uma pedra: - Como é bom
contemplar o céu, interrogar uma estrela e pensar que ao longe, bem longe, um
outro alguém contempla este mesmo céu, essa mesma estrela e murmura para si
mesmo... Saudade! – “Céu azul e brilhante é a barraca e o telhado do mundo
inteiro”... Comentou Platão, um escoteiro sonhador. O Chefe Dakota continuou: -
A tal Pandemia matou muita gente no planeta, aqui no Brasil milhares morreram,
mas eles foram mártir de uma época que desconhecia tamanha mortandade. Ensinaram
muito. Deixaram um legado de como viver em família, a conversar, a esquecer da
modernidade, pois amar é bem melhor que deixar de lado a confraternização e fraternidade.
Chiquinha Gonzaga levantou e com sua vozinha tão linda disse bem alto mostrando
uma nuvem passando: - Vejam irmãos escoteiros, que paisagem linda, o vento
levando as nuvens pelo céu azul! Todos olharam calmamente, apreciando os novos
tempos que começavam.
- Conta mais Chefe! Disse Voltaire. –
Dakota continuou. Eles escoteiros e escoteiras aprenderam a simplicidade, a
ouvir mais do que falar, a olhar com mais carinho os jovens e os jovens
aprenderam a entender melhor a Lei Escoteira e a amar seus chefes pelo novo
exemplo que na terra floresceu. Acabou aquela ilusão de ser melhor, de ter mais
que os outros, esqueceram-se de suas promoções, condecorações e passaram a ver
vocês os jovens como o motivo principal do escotismo. Procuraram ler o nosso
amado fundador Baden-Powell, entender suas palavras e ver que nada é moderno
perto deste céu tão lindo. Francis Baicon da Patrulha Urso Panda sorrindo
recitou: - Chefe... Para muitos o céu é o limite. Para mim o céu é o meu lar!
Leonardo da Vince pegou sua harmônica e começou a tocar Stoldola... Uma canção
tão antiga como a frase de Fernando Pessoa... Às vezes ouço passar o vento; e
só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido. Todos olharam para a
fogueira e em uníssemos cantaram com o som de Leonardo... Brilha a fogueira ao pé
do acampamento, para alegria não há melhor momento, velhos amigos não perdem a ocasião
de reunidos cantar uma bela canção!
- Um ribombar se ouviu no céu como
sempre acontecia quando chovia na Cachoeira Cascata D’Anta... – Olavo Bilac
sorriu. Era sempre assim, trineto de um Escoteiro do Ar lembrou-se do que leu
em suas memórias: - Não fique triste. Olhe para o céu e veja que o sol também
está sozinho, mas nem por isso deixa de brilhar. Sabia que os anos passaram, os
velhos tempos ficaram para trás. Mas ali naquela noite de março de 2220 ele
tinha certeza que seu coração era escoteiro. Não importa quantos anos mais,
Baden-Powell o Criador seria lembrado para sempre. Dakota um sonhador pensou
que a felicidade era sua por ter escoteiros e escoteiras como aqueles ao seu
redor. Dizia para si que o que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o
vento que não se vê! E todos foram dormir!
Obrigado por ter me
dado à honra da leitura. Comentários são sempre bem vindos! Sempre Alerta e
fraternos abraços.
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