Conversa ao
pé do fogo.
Apenas um
Fogo de Conselho... Da Tropa...
... - Era para ser uma história, que nunca foi contada... Foi
apenas um Fogo de Conselho da Tropa... Diferente... De tudo que muitos
conhecem. São meus convidados. Escolham seus lugares... Protejam-se com suas
mantas e se preparem é hora de cantar apresentar e brincar. Neste fogo meu
amigo, somente os valentes entre os valentes... Podem participar!
A Patrulha de
Serviço escolheu o local. Poucos sabiam onde seria. Os monitores foram
alertados para cada escoteiro levar três ou quatro achas de lenha, mais grossa
se possíveis. O esqueleto do fogo já estaria pronto. Havia uma trilha até o
local. A Patrulha de Serviço preparou surpresas durante a caminhada de
trezentos metros. Uma mensagem iluminada com uma vela, um Cata-vento, montado
próximo a um riacho e claro, pistas para ninguém se perder. O Fogo seria em uma
clareira, com arvoredo em volta. Tudo foi planejado para que o fogo não se
espalhasse pela mata. Eles sabiam que o Espírito da Coruja morava neste
Acampamento! Os Touros foram convidados a fazerem o café e o chá. As patrulhas
foram liberadas para trazerem biscoitos, salgados o que ainda tinha sobrado dos
dias acampados.
O Monitor da
Patrulha de Serviço convidou um escoteiro que terminava sua Segunda Classe para
preparar e ascender o fogo. Havia muitos na fila para o batismo indígena. Todos
teriam seu nome escrito no Livro da Patrulha. Mayara, Ubiratã, Guaraci e até
mesmo aqueles que gostavam de nomes exóticos: - Cabelos longos, Caçador da
Noite, Ventos do Norte... Cada Patrulha preparou uma apresentação. Era ponto de
honra à participação de todos... De todos, ninguém ficaria de fora! Os
escoteiros sabiam a hora que deviam estar preparados no inicio na arena do
fogo. Cada um foi instruído da trilha para chegar lá. Algumas patrulhas foram
completas outras não. Liberdade de ir e vir e a vontade para chegar lá. Alguns
comentaram que um meteoro uma bola de fogo vindo do céu iria dar as boas
vindas. Apenas uma mecha preparada com uma argola no sisal preso em uma árvore.
Cada Patrulha tinha seu truque para acender a fogueira. Quinze minutos antes do
horário muitos já tinham chegado e escolhendo seu lugar. As capas reluziam sob
a luz do luar. Algumas cheias de recordações outras usadas à moda índia.
O Escoteiro
responsável prometeu acender com um palito. Quando estivesse crepitando o
Meteoro iria dar seu ar da graça em volta do fogo. Cada tropa cada Patrulha
tinha sua mística própria. A Patrulha de serviço sabia o que fazer para dar sua
contribuição quando do inicio da fogueira. O Chefe já havia contado para eles o
efeito das cerimonias ou conselhos onde os índios discutiam seus problemas,
contavam suas façanhas e reverenciavam seus deuses. Todos sabiam que o fogo é
um símbolo das energias da vida, era importante para a sobrevivencia desde os
primórdios da evolução da humanidade. Aprenderam que dos quatro elementos da
natureza, terra, ar, água e fogo sempre foi o fogo que mais fascinou o homem.
Temido e amado, salvando ou ameaçando a vida. Desde que apareceu às primeiras
chamas que os homens compreenderam o valor do fogo como fonte de energia.
Os nativos da
Ásia, os selvagens Africanos, os peles-vermelhas da América se reuniam a noite
em torno do fogo, que com sua luz e calor espantavam as trevas, o frio e os
animais. Era o momento sublime em que todos se encontravam para conservar,
cantar, contar histórias ou para planejar caçadas (jogos do dia seguinte) a
guerra e a paz. A hora sagrada. O tempo de estar juntos, à vontade em
confraternizar. O Monitor da Patrulha de serviço corre em volta das patrulhas,
empunhando seu totem e gritando: - “Que os ventos do norte, frio e violento,
que os ventos do oeste suave e agradável, Que os ventos do leste Criador das
tempestades, que os ventos do sul quente e formador de nuvens, tragam nesta
noite a alegria a paz e a amizade em todos os corações escoteiros”.
O Escoteiro escolhido
ajoelhado frente ao fogo acende seu palito... Defende do vento, ele não pode
apagar. As primeiras labaredas aparecem... O Monitor de serviço da o seu grito
final: - Que hoje seja festa, seja noite de alegria neste Fogo de Conselho. Que
hoje nunca esqueçamos que somos todos irmãos. - Amigo, eu e você... Você trouxe
outro amigo, e agora somos três... Nós começamos o nosso grupo, nosso círculo
de amigos... E como um circulo, não tem começo e nem fim! Um por todos? – todos
por um! Todos saltam de uma só vez para o alto e repetem “Todos por um”! – A
canção da fogueira, as palmas, as esquetes, as histórias, e chega a hora
sagrada do Batismo Escoteiro. Um se chamou Lobo Cinzento, outro Águia das Planícies,
não faltou Anahí, Xamã, Kayke e tantos outros. O importante é que todos
cantaram, brincaram, foram heróis, participaram, abraçaram e quando o sono
chegou, era hora da despedida.
Em pé entrelaçaram as mãos.
Com a saga de amigos para sempre cantaram... Alguns sorrindo outros com
lágrimas e repetindo: - Não é mais que um até logo, não é mais que um breve
adeus. Canção inesquecível sempre cantada e nunca esquecida. Mais um Fogo na
vida de cada um. Voltam para as barracas contando causos, sorrindo e alguns com
sua caneca cheia de café. E naquela noite, na floresta encantada, Escoteiros
dormiam. Uma mão acariciava cada um protegendo seu sono. Fora da barraca um céu
estrelado, um cometa com cauda colorida agigantando no céu passou anunciando um
novo dia... Mais uma noite mais um dia de um acampamento para nunca mais
esquecer...
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