Lendas da Jângal.
A Coruja de olhos verdes.
(Uma história para lobinhos).
... – “Mesmo onde existe a maldade, devemos perdoar
e sorrir”. Isto é como se a felicidade estivesse sempre conosco. “A Árvore da
Felicidade aprendeu com a Coruja de Olhos verdes que a verdadeira felicidade é
fazer os outros felizes”! Uma lenda? Uma fábula? Não apenas uma historia. Sei
que muitos lobos irão gostar.
Ela não tinha muitas lembranças do seu
passado. Sua mãe morreu quando tinha um mês de vida. Quem a matou foi um menino
com uma pedrada sem motivo algum. Um Pardal Cinzento fez a vez de pai. Trazia
comida todos os dias. Quando aprendeu a voar saia sozinha a procurar sua
comida. Um dia O Pardal Cinzento também sumiu. Quem sabe morreu por outra pedrada
de outro menino. Corria deles. Parece que não gostavam das flores, dos animais,
dos pássaros, das arvores e matavam por qualquer coisa sem motivo. Saia pela
manhã se alimentava e voltava logo. Gostava de voar até o Vale da Saudade onde
encontrava sempre minhoquinhas frescas que lhe davam força para viver. Às vezes
passeava no Vale da Esperança. Era lindo o vale, tinha borboletas, bem-te-vis,
abelhas douradas todos seus amigos.
A maior parte do tempo ficava no galho da
Arvore Da Felicidade sua grande amiga. A árvore foi à mãe que não teve. A viu
crescer e se tornar adulta. A coruja fez ali sua casinha. Na porta virada
contra o vento, ficava a perscrutar o horizonte para ver se algum animal, se
algum pássaro iria se aproveitar da sombra da Arvore da Felicidade. Ela gostava
de companhia e conversar. Vez ou outra aparecia um elefante, um lobo, um urso,
uma pantera ou até mesmo uma cobra que se tornou grande amiga. Riu muito um dia
quando um casal de periquitos cantou para ela dando gargalhadas. Tinha medo de
meninos. Medo de suas pedradas. Quando a tarde chegou viu seis meninos e duas
meninas chegando. A Coruja dos Olhos Verdes se escondeu na copa mais alta da
Árvore da Felicidade. Eles se arrancharam, ajuntaram lenha e outros foram ao
Riacho do Amor pegar água nos cantis e pescar. Eram alegres e A Coruja dos
Olhos Verdes criou coragem e voltou ao seu posto de observação.
Eles não gritavam, não brigavam e cantavam muito. Tinham um enorme boné na
cabeça um lenço verde e amarelo e suas roupas azuis eram iguais. Fizeram uma
espécie de sopa e comeram com vontade. Um deles cujo nome era Toquinho olhou
para cima e viu a Coruja dos Olhos Verdes. Parecia que ele entendia sua língua
e ele disse – Olá Corujinha, você é linda! Não tenha medo. Sou um Lobinho Escoteiro
e o lobinho é amigo dos animais e das plantas! Ela sorriu e ainda tremendo
disse – Olá! Os outros a viram, mas não sabiam sua língua. Só o Toquinho.
Ficaram por um dia e meio. À noite cantaram canções lindas. Acenderam uma
fogueira e a Árvore da Felicidade reclamou da fumaça. Eles dormiram encostados
a Árvore da Felicidade. Nem bem o sol apareceu no horizonte levantaram e se
foram. Toquinho olhou para a Coruja dos Olhos Verdes e se despediu. Adeus linda
corujinha. Quem sabe um dia voltaremos a nos ver?
Quando viraram na Colina Verdejante,
próximo ao Monte da Alegria o vento balançou os galhos e as folhas da Arvore da
Felicidade ela os viu desaparecerem na estrada da Alegria. A Coruja dos Olhos
Verdes começou a chorar. A Árvore da Felicidade chorou também. – Porque não vai
atrás deles e saber onde vão ficar? A Coruja dos Olhos Verdes não se fez de
rogada. Lá foi ela batendo suas asas atrás dos meninos de boné e roupa azul.
Voava alto quando os viu. Viu também um grande acampamento de escoteiros, escoteiras
e uma grande barraca cheia de lobinhos. Pareciam formigas a correr aqui e ali.
Viu que os lobinhos seus amigos erraram o caminho. Ela voando foi até eles e teve
que descer para falar com Toquinho onde era o caminho certo. Ele agradeceu.
Voltaram e pegaram a trilha certa. Ficou feliz em ter ajudado.
Começou a voar de volta. Não era longe a sua morada na Arvore da
Felicidade. Sentiu uma forte dor na asa direita. Olhou e viu dois meninos que
não eram lobinhos com pedras na mão. Eles a tinham acertado. Com muito custo
voando com muita dificuldade chegou a sua casinha. Deitou. Uma dor enorme.
Muito sangue escorria. Acordou e viu sua mãe e o Pardal Cinzento que a ajudou
quando pequena a sorrirem para ela. Mostraram uma nuvem e ela voou até lá.
Sentaram na nuvem branca e sumiram no céu azul. A Árvore da Felicidade chorou
por muito tempo. Agora estava sozinha. A corujinha se fora. Os animais
que ali apareciam também choravam. Um dia, numa tarde linda, com ventos brandos
vindo do norte, em meio a uma brisa fresca, eis que apareceu a Coruja dos Olhos
Verdes. Sorriu para a Árvore da Felicidade que também sorriu. E a felicidade
voltou a viver junto a todos que moravam no Vale da Esperança. A Árvore da
Felicidade e todos os que ali chegavam para descansar na sua sombra sempre
sorriam.
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