Era uma vez... Na Jângal!
Ele era meu amigo, o Mowgly.
(uma história para lobinhos)
... –
Menina Lobinha mantenha a paz dentre os senhores da selva, o tigre,
a pantera, o urso; E não perturbe Hathi, o Silencioso, e não perturbe o javali
em seu ninho. - Quando alcateia encontra alcateia na selva, nenhum dos bandos
saí do caminho, Melhor Possível e boa caça!
A Akelá me deu um “pito” na
frente da Alcateia. Queria chorar e não chorei. Era meu primeiro acantonamento
e eu tinha sonhado com ele. Sonhei na prova da escola e quase não tive nota.
Sonhei no café da manhã e acordei com meu Pai dizendo que estava na hora. Porque
ela gritou comigo? Era bondosa, e juro que achei que era minha amiga. Levava no
bolso um sonho de valsa e me deu vontade de comer. Não pode? – Ninguém me
avisou. Ela me deixou na varanda da “Hacienda Esmeraldas” onde acantonávamos de
castigo. Vi os lobinhos cantando rumo à trilha de Hathi. Ela contou que os
elefantes quando vão morrer se dirigem ao seu Cemitério na Selva. Eu queria
tanto conhecer! Será que Hathi estava lá? Eles sumiram na curva do Monte Mali.
Queria conhecer esse monte, o Baloo contou que lá mora Shery Can. Não tenho
medo dele. Minha mãe me deu um isqueiro. Qualquer coisa faria uma Flor
Vermelha!
Sigo a lei do lobinho e ouço sempre
os Velhos Lobos. Esperei e esperei e eles não voltaram. Dona Noêmia estava na
cozinha fazendo nosso farnel. Nome esquisito foi a Bagheera quem nos ensinou.
Fui até lá e ela nem me olhou, voltei novamente para a varanda e resolvi ir até
o Monte Mali. Não iria muito longe. Entrei em um pequeno bosque e avistei um
riacho. Bonito, águas clarinhas davam para ver os peixes a nadar. Sorri,
gostava de peixe, tinha pena deles quando comia. Joguei umas pedras para
deslizarem como meu pai fazia quando íamos ao Parque e ao lago. Cansei. Sentei
olhando ao longe o Monte Mali. Resolvi voltar. Qual o caminho? Não sabia. Não marquei
afinal meus sete anos não entendem muito dessas coisas. Será que ela a Bagheera
vai me procurar? Kaa contou que ela tem um faro enorme! Comecei a ter medo.
Tremia, deu vontade de chorar e chorei. Os sons do meu choro retumbaram na
floresta.
Alguém me colocou a mão no
ombro. Olhei e vi um menino de tanga e cabelos grandes amarrados. – Mowgly? Ele riu. O que fazes aqui
menininha? Buldeo também te expulsou da Aldeia? Olhei para ele novamente e
sorri. Não Mowgly, a Akelá me deixou de castigo vim aqui e não sei voltar! –
Alguém gritou ao longe chamando Mowgly. – Olhei e era a Bagheera, não a aquela
da minha alcateia, mas a Pantera Negra que gostava dos tempos das falas novas. Mowgly
fez sinal para ela chamando. Não entendi o que dizia. – Ele me olhou e disse: Vou
caçar. Bagheera e Baloo me chamam. A Kaa disse que encontrou um pomar cheio de
mangas e laranjas! – Posso ir? Perguntei. – Mowgly disse que não. Primeiro
vamos achar onde você mora. Akelá sempre sabe aonde vamos. Ele e Raksha dizem
que os pata tenras não podem ficar longe da Matilha.
Balu chegou. Um urso enorme.
Tive medo. Ele bondoso disse: - Você fugiu de onde? Mowgly explicou. Precisamos
levar esta menina para sua aldeia. Qual? Perguntou Bagheera. – Acho que vi lá
pelos lados do Waingunga uma aldeia. É onde vivem o Povo Livre próximo às colinas
de Seeonee. Ela me olhou ferozmente nos olhos. – Ainda bem que os Bandar-log o
povo macaco não encontrou você! Mowgly olhou para Baloo. “Sabe Baloo, essas
duas coisas brigam dentro de mim assim como as cobras brigam na primavera”. “Eu sou dois Mowgly, mas a pele de Shere Khan
está sob meus pés.”. Baloo sorriu. Não esqueça Mowgly esta
é a Lei da Selva, tão antiga e imutável quanto o céu; quando um lobo a viola,
ele morre, mas prospera o lobo que é fiel. Como a hera que envolve o tronco, a
lei sobe, desce e volteia – pois a força da alcateia é o lobo, e a força do
lobo é a alcateia.
Nossa! Parecia a história que
minha Akelá contou quando entrei para os lobinhos. Eles me pegaram pela mão e
logo chegamos a Hacienda Esmeraldas. Vi todos os lobinhos, a Akelá o Baloo
homem e a Bagheera mulher assustados e me chamando aos gritos. Dei um beijo no
Baloo, acariciei a pele negra e felpuda da Bagueera, dei um abraço enorme no
Mowgly e corri em direção a eles. Akelá chorava. Martinha onde estava? Olhei
para a selva. Sorri para ela, o Baloo e a Bagheera me abraçaram. – Eu? Eu
estava caçando próximo ao Rio Waingunga onde se avista as Planícies de Seeonee!
Encontrei eles Akelá! Eles quem? – Sorri, não iria dizer. Não iriam acreditar.
Quem sabe iriam me dizer tantas coisas que nunca iriam superar o meu medo, que
transformou na maior alegria em poder encontrar pessoalmente eles: - O Mowgly,
o Baloo e a Bagheera!
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