Lendas da
Jangal.
A lenda dos
peixinhos dourados.
(uma história
para lobinhos).
Conta uma lenda que existia uma cidade
pequena, muito e muito longe lá onde as nuvens se escondiam ao anoitecer.
Contam ainda que em Harmonia era comum todos se saudarem, semblantes alegres,
cantantes, andar cadenciado como a mostrar suas alegrias em viver. Disseram-me
que lá não havia ódio, não havia tristeza e que seus habitantes viviam como
irmãos. Foi lá que Ruth nasceu de parto natural. Conta à lenda que ela nasceu
sorrindo e que Dona Sarah a parteira a “benzeu” dizendo – Ela vai ser nossa
guia e a Santa de Harmonia. Ruth foi crescendo e todos admiravam sua beleza.
Tinha cachos dourados e brilhantes, olhos verdes como as esmeraldas e
distribuía onde passava seu sorriso que parecia trazer o aroma das flores, os
pássaros esvoaçantes a seu redor e milhares de borboletas coloridas.
Contaram-me que em Harmonia as noites
sempre tiveram lua cheia. Era uma lua diferente, grande e apesar de um branco
harmônico em volta parecia ter uma coroa de flores das mais variadas matizes.
Todos sabiam que na cidade havia o mais lindo céu de estrelas. De todos os
tipos, vermelhas, brancas, verdes e não havia em nenhum lugar um brilho maior
do que lá e que elas pipocavam no céu divinamente. Ruth aos seis anos era uma
lobinha da Alcatéia do Amor. Ali lobinhos e lobinhas viviam felizes juntos aos
chefes da Alcateia. Dalila a Akelá era amiga de todos, Sarah a Baguera contava
lindas histórias e Isaac o Balu brincava a mais não poder com todos os lobos da
Alcateia do Amor. Naquela Alcateia feliz se sabia que todos seguiam sem nenhuma
duvida a lei do lobinho. Ruth era filha de Talita e David. Seus pais eram
pessoas humildes e trabalhavam na loja do Senhor Levi. Muitas vezes Ruth ficava
só e ela amava estas horas.
Nos fundos da casa de Ruth, corria um
córrego de águas cristalinas, límpidas e diziam que quem bebia daquelas águas
não ficavam mais doentes. Era lá quando estava só que Ruth passava boa parte do
tempo enquanto seus pais trabalhavam. Ela era amiga de muitos peixinhos
dourados e conversava muito com Estrelinha, Pingo d’água e Gota de Chuva. Podia
ter sol ou chuva que Ruth não saia do laguinho que as águas formaram. Um dia
Ruth viu chegando um Bagre cinzento. Ele era feio, muito feio. Os peixinhos
dourados sempre corriam quando o Bagre chegava. Ruth ficou ali olhando para ele
e ele olhando para ela. Não vai correr? Não vai fugir? Afinal sou um bagre
cinzento e sou horrendo. Todos quando me veem fogem. Ruth sorriu para ele. -
Seu bagre saiba que a beleza ideal está na simplicidade calma e serena. Sei que
quando o conhecer melhor encontrarei em seu coração uma beleza que fará brilhar
todas as luzes. Lembre-se que o valor das coisas não está na aparência ou no
tempo que elas duram, mas na intensidade que você impõe a bondade em seu
coração. Isto é tão verdade, pois a gente sabe que temos momentos
inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.
O Bagre Cinzento a olhou de
tal forma que sem ele perceber se transformou em um Bagre dourado, de olhos
azuis. Ele não estava acreditando e foi preciso que Ruth dissesse para ele –
Saiba Seu Bagre Dourado a gente não julga ninguém pela aparência e sim por suas
atitudes. São elas que irão comprovar o quão diferenciado você vai ser dos
demais. Foi então que os peixinhos dourados se aproximaram e abraçaram com amor
o Bagre Dourado. E assim graças a Ruth os peixinhos e os peixes maiores
aprenderam que todos eram iguais, pois em cada coração existe uma beleza que
ninguém pode ver, mas a gente pode sentir e mostrar como somos bons quando
queremos ser. Ruth a lobinha que tinha cachos dourados e brilhantes, olhos
verdes como as esmeraldas e distribuía onde passava seu sorriso que parecia
trazer o aroma das flores conseguiu que os peixes que moravam no lago dourado
de Harmonia vivessem alegres e felizes para sempre.
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