Lendas
escoteiras.
Os heróis não
tem idade.
... – Gosto de contar
histórias... Onde os sonhos se tornam lendas que encantam a todos nós. Amo
escrever e sempre com um sorriso nos lábios. Quem dera eu tivesse a sina dos
grandes fazedores de sonhos, para encantar e fazer do escotismo uma verdadeira
escola de amor e fraternidade. Se quiserem comentar fiquem a vontade.
- Mariel não sabia mais
o que fazer. Seus pais só diziam não. Ela tinha um sonho, dizem que meninas de
sete anos não sonham, mas não é verdade. Podia até ser um sonho novo que
substituiu a boneca Modelmuse 2013. Seus pais diziam que era muito cara e ela
estava crescendo muito depressa. – O que você quer de Papai Noel perguntou seu
pai? Ela abaixou a cabeça e disse – Quero ser escoteira! Ela já sabia a
resposta. Desde o dia que pediu para participar que seu pai e sua mãe foram
contra. – Nem pensar, não vou deixar você ir para o mato, dormir em barraca e
pode aparecer uma cobra ou um bicho qualquer. E se forem para longe? Sabia que sumiu
um Escoteiro no Pico do Roncador? – De novo seu pai perguntou o que ela queria
de natal. Ela não disse nada. Eles sabiam o que ela queria. Um dia sua mãe
comentou que eles eram esquisitos, vestiam uniformes e se achavam os tais. Sua
avó contou que seu pai um dia queria ser um, mas não foi. Motivos? Ele nunca
contou.
Mariel no computador
leu sobre tudo sobre eles e o que faziam. Leu as histórias dos acampamentos,
aprendeu as provas e se ela entrasse hoje já sabia de tudo. Havia meses que ela
teve essa ideia e seus pais sempre negando. Chegaram ao ponto de dizer que se
ela falasse mais no assunto eles a poriam de castigo. Sua mãe foi mais amiga,
explicou o perigo que ela poderia correr. E se alguém a raptasse? Mariel disse
sua mãe, moramos em um bairro nobre, seu pai é Presidente de uma Grande Multinacional
e não podiam facilitar. Dizer para sua mãe que havia outras crianças iguais a
ela não adiantava. Todas as noites Mariel chorava.
Um sábado sua mãe foi
com seu pai ao Mercado fazer compras. Dona Nana a cozinheira ficou responsável
por ela. Mariel não perdeu tempo. Que seja o que Deus quiser pensou. Sabia ser errado
desobedecer a seus pais, mas tenho que ir ela pensou. Se pelo menos eu pudesse
ver o que eles estavam fazendo já seria uma alegria para mim. Pé ante pé abriu
a porta da Mansão e passou sorrateiramente pela portaria do Condomínio. Sabia
que não era perto. Ficava a duas quadras do seu colégio. Foram mais de uma hora
a pé. Ela não sabia pegar ônibus. Não foi fácil. Sete anos era uma menina
frágil. Nem as atividades recreativas do colégio eles deixavam. Chegou ao Grupo
Escoteiro na hora do hasteando a bandeira. Ficou de longe olhando. Que belo
espetáculo! Seus olhos se encheram de lagrimas. Era bonito demais. E os
lobinhos e lobinhas correndo para formar? Que ordem, que disciplina. Ela já
sabia que iriam fazer o Grande Uivo. Quem dera eu fosse uma delas. Sei tudo de
cor! Disse.
Esqueceu-se das horas.
Quando viu estava escurecendo. Ficou olhando para eles até o final. Correu a pé
até sua casa e quase foi atropelada. Chegou já noite escura. Na porta carros de
policia e parentes. Entrou pelos fundos. – Que foi papai? Ela perguntou. – Meu
Deus! Você está aqui. A mãe e o pai correram para abraçá-la. Eles choravam de
emoção. Pensavam que tinha sido raptada. Mariel sabia que o lobinho diz sempre
a verdade e contou tudo para eles. Contou com lágrimas nos olhos. Sabia que o
castigo viria. E veio mesmo. Mais de dois meses sem computador e sem TV. Mariel
não se incomodou. Ficou triste por ter feito tudo sem avisar, mas sabia que
nunca eles a deixariam ir. Todos os meses do castigo ela não parava de lembrar-se
do que viu e sentiu. Ah! Se fosse verdade e eu fosse um deles sonhava.
Paolo, Billy e Eddy
Mário iam para a reunião dos seniores. Todos eles antigos no grupo. Foram
lobinhos e agora estavam se preparando para conseguir o Escoteiro da Pátria.
Eram amigos desde a Tropa Escoteira. Uma amizade que perdurava por anos.
Pararam no farol na esquina da Rua dos Tamoios com a Avenida Campos Gerais
esperando o farol abrir. Local perigoso e com muitas batidas. Viram quando um
Audi em disparada não obedeceu ao sinal e avançou a toda velocidade. Da Rua dos
Tamoios um Utilitário azul da Toyota em velocidade normal com o farol aberto
seguiu seu caminho. A batida foi forte. Uma explosão. O Audi ficou
completamente destruído. O Toyota rodopiou sobre si mesmo e quando parou se
ouviu uma explosão no motor. O fogo começou. Não havia o que pensar. Os três
correram para o Toyota que pegava fogo. O Audi não estava em chamas. Paolo com
se bastão quebrou o vidro da porta do motorista e tentou tirá-lo. Não
conseguiu.
Nada é impossível para
escoteiros. Eles não deixariam o homem morrer. Alguém gritou da calçada que o
Toyota ia explodir. Corram daí se querem viver! - Gritaram. Billy pegou o
bastão e foi para a outra porta. Quebrou o vidro e passou por ele. A porta
estava emperrada. Cortou o cinto que prendia o homem com sua faca. Paolo e Eddy
do outro lado arrastaram o homem para fora. O fogo aumentou. Billy sentiu seu
uniforme pegando fogo. Pulou para fora do carro e rolou no chão rolando de um
lado para outro. Conseguiu apagar, mas seu corpo estava com diversas
queimaduras. A Toyota explodiu. Graças a Deus ninguém morreu. O socorro chegou
em seguida. O homem da Toyota estava desmaiado. No hospital Billy ficou
internado por três semanas e saiu direto para a reunião de tropa. Precisava
voltar. Nunca faltou. Que chovesse canivete, mas ele estava lá na sua Patrulha
Pico da Neblina.
Quando Billy chegou uma
salva de palmas e todos correram para abraçá-lo e ele dizendo não, pois as
queimaduras não haviam sarado ainda. Aceitou aperto de mão, mas fez questão de
dizer que ele e os amigos fizeram o que era certo. Somos escoteiros não somos
heróis, disse. Na formatura Billy tomou seu lugar na patrulha. Notou a chegada
de um homem, uma mulher e uma menina pequenininha. Eles tomaram lugar na
bandeira. Após o cerimonial o homem pediu a palavra. Ele era a vitima do
Toyota. Chorava. Quase não conseguia falar. Ainda não conseguia andar direito,
pois sofrera uma fratura no braço e na perna. Foi até onde Billy, Paolo e Eddy
estavam e lhes deu um grande abraço. – Nunca vou me esquecer de vocês! Ele
disse chorando. Eu pensava que Escoteiros era uma turma de arruaceiros, de
jovens sem formação. Eu me enganei. Por anos neguei que minha filha participasse.
Mariel mudou. Agora era
um lobinha alegre e cheia de vida. Como era bom saber que seus pais também
ajudavam o Grupo Escoteiro. Mariel no final do primeiro dia de reunião se
ajoelhou quando os lobinhos e lobinhas faziam o Grande Uivo e mesmo sabendo que
ela só iria participar depois da promessa, rezou. – Obrigado meu Deus!
Consegui! Meu sonho se concretizou. – Todos olharam para ela espantados. Ela
levantou, sorriu e gritou bem alto – “Melhor Possível”! Agora sou uma lobinha,
e prometo a mim mesma que serei escoteira por toda a vida.
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