O destino de uma linda
árvore frondosa que amei.
Eu a descobri por acaso. Não mais que a um
quilômetro da minha residência. No final da Rua dos Afonsos. Nada que uma
pequena caminhada para chegar até ela. Vi que era uma linda figueira. Enorme,
Copada, uma sombra incrível produzia. Estava no meio do nada. Um matagal no
final de rua. Apaixonei-me por ela. Durante três dias limpei o mato e o lixo em
volta de sua sombra. Ali a gente se escondia. Pensei
em plantar gramas e flores. Até que plantei uns chapéus de couro, lírios, flor
de laranjeira, crista de galo e todas se deram bem. Era meu cantinho. As tardes
pegava um livro, jogava nas costas uma cadeira de praia e lá ia eu. Sentava-me
refastelava, sem nenhum barulho e viajava em meu livro nas paginas que me levavam
a terras longínquas de um mundo fantástico. Li uma dezena de livros acobertados
por aquela arvore que passei a amar. Minha bela vida de tardes
sombreadas durou pouco. Um ano depois quando lá cheguei encontrei uns homens da
prefeitura. Faziam medidas aqui e ali. – Oi! O que é isto? Perguntei. - A nova
avenida. Isto aqui vai ficar mais agradável. Muitos carros, ônibus, novas casas
você vai gostar! Olhei para ele. Coitado. Não sabia que a civilização não trás
a felicidade. E minha árvore? Perguntei. Vai ser cortada. Ela fica bem no meio
da avenida. – O que posso fazer para vocês deixarem ela viva? – Nada meu amigo.
Nada. Demorou seis meses. Vi com tristeza em uma manhã de segunda, caminhões,
tratores a caminho do meu sonho das tardes assombreadas. Minha árvore ia
partir. Ainda bem que estou "Velho". Logo, logo também irei partir. A
natureza não é mais a mesma. Não há respeito. Ela é jogada como lixo em todos
os lugares. Voltei para minha varanda. Ainda tinha meu canto. Mas que saudades
da minha linda árvore que um dia amei e achei que ia durar para sempre!
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