Lendas
Escoteiras.
Chefe
Joe, o Herói da F.E.B hoje um Chefe Escoteiro.
... - Os pilotos da segunda grande guerra pintaram na
carenagem do motor dos Thunderbolts O Avestruz Guerreiro do "Senta a
Pua!". Foi para a FAB o que representa o emblema "A Cobra Está
Fumando" para o Exército, através das batalhas de Monte Castelo, Montese e
outras, sustentadas e vencidas pelos heroicos pracinhas da Força Expedicionária
Brasileira. Todos eles foram condecorados por atos de bravura pelo Governo dos
Estados Unidos, por proposta do Comandante da 12ª Força Aerostática da USAAF, a
quem o 1º Grupo de Caça estava subordinado operacionalmente no Teatro de
Operações do Mediterrâneo.
- Chefe! Oh Chefe! Galo não tem dente! Eu morria de rir. –
Aquele tinha e olhe uma dentadura de fazer inveja. Dentes enormes – ele dizia. Vida
louca, alegre vivida com nosso querido Chefe Joe. Agora com os pés na água
gelada do Riacho Grande ele nos encantava com suas histórias. Na cidade o
chamavam de Comandante. Todos o respeitavam. Meu pai disse que ele foi piloto
da F.E.B (Força Expedicionária Brasileira) e pilotou um P.51 – Mustang ou os
famosos “Thunderbolts”. Meu pai dizia que ele tinha muitas histórias para
contar das esquadrilhas e de seu slogan – “Senta a Pua”. Significava que o
piloto tinha coragem e que na hora da disputa aceleravam o avião o mais rápido
possível. Tudo mudou na tropa depois que ele chegou. Muitos escoteiros saindo,
Chefe Nelson se despedindo a Tropa se acabando. Um dia ele chegou à sede. Cinquenta
anos de vida. Loiro, magro, sem bigodes, cabelos embranquecendo, meio curvado,
mas esperto se apresentou: - Chefe Joe da F.E.B! Um novo irmão de vocês!
Naquela noite de verão a Patrulha de Monitores estava
acampada as margens do Riacho Grande. Cada dia melhor que o outro. Chefe Joe
tinha tudo para nos atrair. Ele era demais. Isto nunca existiu. O Doutor Mamede
Chefe do Grupo reclamou. O Chefe Joe deu férias para todos os escoteiros e
ficou somente com os monitores e subs. Disse-me que sem bons Lideres de
patrulha não podia haver uma tropa escoteira. – Em três meses chamo todos eles,
prometeu ele! Eu apenas um Sub.monitor adorava o Chefe Joe. Sonhava com ele.
Mudou tudo na tropa. Agora sim era escotismo o tempo todo. Excursão, jornadas,
bivaques e acampamentos. Cada um mais gostoso que o outro. Aprendemos com ele
técnica mateira que nunca sonhamos.
Dez da noite, uma pequena fogueira um céu estrelado,
cometas cruzando o espaço. Nossos olhos fixos no Chefe Joe. – Sua história era
demais - Ventania tinha dentes, tinha mesmo, dizia. Podem acreditar. Ele me
olhou e eu olhei para ele. Precisava dos ovos e ele o dono do galinheiro. Ficamos
encarando um ao outro. Caminhei até o primeiro ninho e ele me deu uma esporada no
braço. Sua espora era enorme – Olhei para ele e disse - Quer briga? Não sabes
com quem está se metendo! Sou um Comandante! Estive na guerra! Um galinho de
nada me desafiando? Levantei os dois braços para impor respeito. Ele me deu
outra esporada. A galinhada no galinheiro cacarejava como se estivem rindo de
mim. Galo maldito! Josenilton devia saber aonde ia me meter. Era o dono do
galinheiro. Comprei duas dúzias de ovos e ele disse estar com pressa – Vá lá ao
galinheiro. Tem muitos ovos. É só pegar.
A Patrulha rolava de rir. Chefe Joe era bamba em contar
histórias. Durante o dia em um jogo ele nos fantasiava de tal maneira que a
gente se achava ser mocinho, polícia, soldado, índio, ou o que for. Nossos
acampamentos eram demais. Para nos adestrar como graduados e ser responsáveis
pela patrulha. Ele dizia que era o Monitor dos Monitores. Precisam aprender a
liderar. Nas Conversas ao Pé do Fogo ele balançava a cabeça ficava em pé se
mexendo e dizia: - Tenho que liderar, tenho que liderar. Meu corpo depende de
mim! Em pé! Firme! Então ele ficava ereto e andava em linha reta indo e
voltando. – A gente não entendia, mas aos poucos seus exemplos e explanações
nos faziam aprender a liderar com respeito. Um belo dia ele disse:
- O Dia chegou. Vocês estão preparados. Mandei chamar os
meninos que dei licença. Não voltarão todos, mas acreditem em pouco tempo as
patrulhas estarão completas. Agora façam com eles o que fiz com vocês. Sei que em
breve teremos quatro patrulhas das melhores. Dito e feito. Agora era outra
reunião, outra motivação. Claro que não era só nós os responsáveis. Chefe Joe
participava de corpo e alma. Ele sabia como dirigir a tropa. Ele sempre repetia
que a direção era dos monitores e não dele. Oriento, sou um irmão mais Velho. –
Mas Chefe! E o Senhor, conseguiu ou não os ovos no Galinheiro do Josenilton? –
Ele ria, seu sorriso era contagiante. – Achei melhor deixar os ovos lá. Se o
Ventania defendia com tanto vigor seu lar não seria eu quem iria obrigá-lo a
fazer o que não queria. Quando sai do galinheiro, ele se reuniu com outros
galos, chamou as galinhas e deram uma tremenda vaia em mim! Kkkkkkk!
- Isto é mesmo verdade Chefe? – Claro ele dizia, quando
voltei no galinheiro outro dia com o Josenildo ele se posicionou para briga. Não
entrei. Não ia de novo brigar com Ventania. Josenildo me trouxe três dúzias e
um pintinho. – Como recordação Comandante. Pode criar sem susto. É filho do
Ventania. E não é que era verdade? Com dois meses os dentes começaram a
nascer. Vendaval mora comigo até hoje. É
meu amigo, meu companheiro e toma conta de minha casa como ninguém! – Pensei em
pedir para ele nos mostrar o galinho Vendaval; Melhor não. Ele ia se sentir insultado. Durante cinco
meses a tropa cresceu quatro patrulhas completas.
Uma tarde de verão Chefe Joe chegou à sede. Abriu o porta
mala do seu carro, fez uma saudação Escoteira. Ninguém entendia, saltou de lá
um galinho. Cheio de dentes. Era o Vendaval. Tal pai tal filho. Ninguém podia
se aproximar. Foi uma surpresa das boas. O livro de Atas da Corte de Honra e das
patrulhas ficaram cheios de relatos dos escribas. – Olhei para o céu. Um cometa
passou brilhando deixando um rastro de luz. Em silêncio o Chefe Joe olhava o
céu cheio de estrelas. Devia estar pensando quando pilotava seu Mustang nos
céus da Alemanha. O Laranja dos foguetes zumbindo no ar, a cor purpura das
explosões no céu, um piloto tentando escapar com seu paraquedas. Aviões que
caiam como uma bola e fogo em meio da metralha da noite.
Uma noite na porta de sua barraca, onde ele construiu bancos
baixos, um café na brasa um biscoito ele olhava para o céu e nos disse
pensativo, voz baixa, olhos fixos em uma estrela: – Um dia quando precisarem
compreender melhor uma situação, um problema, vejam as coisas com certo
distanciamento. Se tiverem aborrecimento, injustiças, desgostos, sonhem que
estão em um Mustang, subam com seu avião às alturas e olhem lá embaixo as
pessoas. Tão minúsculas. Pequeninas e nós somos tão grandes! Não precisamos
preocupar com pequenas coisas. Eu fazia isto e olhe, meu equilíbrio emocional
voltava e a raiva desaparecia. Eu nunca tinha visto um Mustang. Eu criava um em
minha mente. Seria um Teco-Teco? Sentia-me um verdadeiro piloto. Ria de mim
mesmo ao me chamar de Comandante!
Deus sabe e o que faz. Trouxe-nos o melhor Chefe do mundo.
Olhe não existe nenhum Escoteiro da Tropa Senta Pua que até hoje não se
orgulhava daquela Tropa. Vejo-me ainda nas noites de verão, Ele chamando a
Patrulha, e lá estamos nas montanhas nas campinas mais distantes em ravinas ou
vales floridos a acampar com o Chefe Joe. Eu o vejo até hoje dizendo: - Patrulha
de Monitores em ação! Amei aquela Tropa, amei aquele Chefe, até hoje me sinto
menino Escoteiro aprendendo com ele. Saudades do meu Comandante, do seu amor,
amizade e um grande espírito Escoteiro como exemplo. E quer saber mesmo? Amo de
montão o meu Comandante. O meu querido Chefe Joe.
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