Lendas Escoteiras.
A felicidade não se compra!
- Antônio
Marcus, não insista. Já disse que não. Olhe sua posição, veja você em que
colégio estuda, olhe suas roupas e pense na sua família meu filho. Somos
pertencentes a uma classe social diferente. Você é um Portilho legitimo de reis
franceses. A Condensa Daiana pela terceira vez dizia não para o menino Antônio
Marcus seu filho. Ela não entendia como ele agora ficava atormentando com um
pedido tão sem coerência. Para ela o matricular em um Grupo Escoteiro próximo a
sua mansão era impossível. Ora bolas! Pensava. Uma meninada de cor, um grupo em
uma igreja de periferia, um padre comunista, dizem que o Chefe era ateu e eles
não tinham nada e ainda achavam que iriam formar o caráter de seu filho? Nem
pensar! Ele tinha professores ingleses, estudava piano com o Maestro Galliano,
e quando completasse 17 anos iria matriculá-lo na Universidade de Oxford na
Inglaterra. Nunca seria de bom alvitre ele se misturar com aquela gentalha. Se
pelo menos fosse um Grupo Escoteiro de elite vá lá, mas aquele ali? Nunca!
Antônio
Marcus tinha dez anos. Quase não tinha amigos, pois no Colégio Grand Torino
onde estudava tudo era muito reservado. Eram oito horas diárias e ele recebia
uma carga enorme de conhecimentos. Até que nos dias que faziam atividades
recreativas ele se divertia. Nunca foi bom de bola, era péssimo no vôlei e mal
corria cem metros. Sua complexão física não era boa. Vivia preso na Mansão dos
Portilhos e lá não tinha amigos. Uma tarde chegou do colégio e viu o Senhor
Aparício o jardineiro com um jovem da sua idade vestido de Escoteiro. Achou
bonito e foi até eles perguntar o que eles faziam. O Senhor Aparício era o pai
de Ronaldinho o Escoteiro. Falou para ele das aventuras que faziam dos
acampamentos, das jangadas, das construções que chamavam pioneirías, das
patrulhas que formavam verdadeiras equipes de fraternidade, das noites lindas
em volta de um fogo, das canções, de dormir em uma barraca, de poder contar
estrelas no céu.
Antonio
Marcus sentiu seus olhos brilharem. Que lindo era isto pensou! A noite sonhou
que estava de uniforme a desbravar as florestas, a atravessar rios enormes em
jangadas, em subir nas árvores enormes, descer por um nó Escoteiro em uma corda
grossa, ah! Meu Deus! Seria bom demais. Quando falou com sua mãe foi um
verdadeiro estouro. Não gritado é claro, pois a Condensa tinha toda a carisma
de uma senhora educada na corte e que nunca levantava a voz. – De onde você
tirou isto meu filho? Antonio Marcus pensou em contar, mas se absteve. Sabia
que ela iria demitir na hora o Jardineiro Aparício. Mas não desistiu. Todos os
dias à noite, após o jantar solene, onde ele deveria estar presente sempre de
terno e gravata, onde havia um cerimonial para ser servido pelas dezenas de
empregadas, só ele e a mãe naquela enorme mesa, pois seu pai sempre viajando
ele pensava. – Já pensou? Eu lá na orla da floresta, fazendo meu jantar em um
fogão de barro? Comendo a comida que eu fiz? Seria delicioso, mas era um sonho
impossível de se realizar.
- Olhe
Antonio Marcus se você quer mesmo ser um vamos fundar um grupo só para você.
Vamos convidar seus amigos do colégio e do Clube, gente do mesmo naipe que nós.
Falarei com meus amigos presidentes das multinacionais, falarei com o
Comendador Joubert, claro incluirei Os Manfredos do Banco Mundial.
Contrataremos chefes Escoteiros formados em grandes universidades do exterior,
receberão os melhores salários e você vai fazer tudo que eles fazem
supervisionados por professores e chefes preparados. Contrataremos bons chefs
de cozinha para fazer suas refeições e claro, onde forem terão um enorme
gerador para gerar a luz elétrica. Você quer assim? Antonio Marcus olhou para
ela, seus olhos estavam húmidos em saber que nunca seria um Escoteiro como
deveria ser. Muitas vezes escondido ficava conversando com Ronaldinho o
Escoteiro. Ele contava todas as histórias que fazia brilhar as pupilas dele.
Não
desistiu. Nunca iria desistir. Se ela achava que eles eram uns Portilhos que
seja. Mas ele queria era ser mais um e não um que seria dono de tudo. Queria
ser um Escoteiro de coração, de corpo e alma amigo e irmão de todos sem
distinção. O Doutor Professor Edmundo se dirigiu a ele naquele dia e perguntou
– O que está havendo Antonio Marcus? Você hoje não prestou atenção à aula? –
Ele não disse nada. O Doutor Professor Edmundo não iria entender os seus
sonhos. Foi um dia fatídico. Ao sair do colégio recebeu a noticia. Sua mãe fora
sequestrada e baleada. Dois bandidos mataram dois seguranças super treinados em
questão de segundos. Quando iam saindo com ela dois meninos pularam dentro da
limusine e tentaram tomar a arma dos bandidos. Uma idiotice sem tamanho, mas
que deu tempo do terceiro segurança matar os dois bandidos e o terceiro fugir.
Um dos meninos levou um tiro de raspão. Ela no braço direito.
Os
jornais e as TVs não perderam tempo. Histórias foram contadas de norte a sul.
Os meninos exaltados como heróis. Em uma entrevista com um famoso apresentador
os dois jovens contaram que eram Escoteiros. Aprenderam a não fugir das
dificuldades. Sabiam viver sozinhos em uma floresta, enfrentavam cobras e
jacarés. Será que ajudar uma senhora não fazia parte da boa ação que deveriam
fazer todos os dias? Os dois meninos Escoteiros da noite para o dia ficaram
famosos. A Condensa Daiana ao sair do hospital disse que nunca tinha visto tal
heroísmo. Falou mais ainda dizendo que agora até ela iria ser Escoteira. Seu
filho Antonio Marcus seria também um deles. Uma organização que ensina a fazer
o bem, a formar caráter não poderia ficar de fora na formação do seu filho.
Antonio Marcus não cabia em si de contente. Sonhava esperando o sábado feliz.
Pedia a Deus para sua mãe não mudar de ideia. Disse para ela sobre o Aparício
que era pai de Ronaldinho escoteiro.
O Chefe
Pikard estranhou quando aquela Madame bem vestida cercada de seguranças
adentrou no pátio da sede. Não era comum. Ele um Velho explorador europeu
resolveu ajudar aquele Grupo Escoteiro humilde da Vila Pasqualé. Ele adorava
aquela vida adorava aqueles meninos e quando soube que Piquitito e Joelhudo
foram heróis ajudando em um assalto ele ficou com medo e ao mesmo tempo
orgulhoso. Ensinou a todos que devem agir dentro das circunstâncias que a
prudência ensina. A Condensa Daiana humildemente pediu uma vaga para seu filho.
Ronaldinho da Patrulha Coruja veio correndo abraçá-lo. O Senhor Aparício que
fazia limpeza na sede se sentiu importante quando ela o abraçou e o parabenizou
pelo seu excelente filho. O Grupo ganhou mais um filho. A Grande Família
Escoteira cresceu e o escotismo fizera as pazes com a realeza.
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