terça-feira, 27 de junho de 2017

Nas asas da imaginação. Mamãe! Eu vou acampar!


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Nas asas da imaginação.
Mamãe! Eu vou acampar!

É gostoso é bom demais, sentir o cheiro do mato,
Ouvir o som do regato, o cantar de um sabiá,
Um vagalume perdido, o uivo de um lobo guará,
Lá ao longe bem distante, nas montanhas verdejantes,
Onde ele uiva errante, onde é o seu habitat.

Gente que coisa boa, beber água da nascente,
Tão fresca e tão brilhante, de olhos fechados sorrindo,
Sentir o orvalho caindo, no rosto de uma manhã.
Do som da passarinhada ao anunciar nos gritantes,
Até o grilo falante, cantando ao alvorecer.

              Mamãe! Por favor, não chore! Eu disse que voltarei, eu não vou para a guerra, eu vou acampar, pois sou um bom escoteiro e já volto. Irei aprender a ser homem Mamãe! A senhora ouviu o Chefe falar, que aqui é uma escola de honra! Aqui se aprende à ética ter palavra, seguimos uma lei e nos orgulhamos de segui-la. Temos na mente nosso Herói Caio Martins. Não foi ele quem disse que todos nós devemos andar com nossas próprias pernas Mamãe? A senhora não quer me ver crescer e depois se orgulhar em saber que sou um homem de caráter? Eu vou acampar minha Mãe. Eu vou pisar nas terras puras do meu país, vou sentir a natureza em meu coração. Deixe que leve seu espírito comigo, me dá um beijo e um abraço e enxugue estas lágrimas. Elas estão fora de lugar.

             Minha querida Mamãe reze por mim e por meus amigos. Peça a Deus que ele nos proteja, pois ele nunca deixou de proteger os Escoteiros. E quando voltar Mamãe eu estarei sujo por fora, mas limpo por dentro e quem sabe apesar de que o Escoteiro está sempre limpo, mas se isto acontecer não se preocupe, estou aprendendo a ser homem. É Mamãe, agora sou um Escoteiro, e isto significa muito. Poderei olhar as águas do oceano de outra maneira. Vou entender porque as ondas do mar se arrebentam na praia, Irei entender as gaivotas que voam pelo céu azul. Irei aprender a beber na cuia onde fica a nascente, a pureza daquelas águas que nos dão a vida. E sabe Mamãe, vou dormir em uma barraca junto aos meus companheiros e me deliciar com os sons da floresta.

            Afinal Mamãe não diziam os poetas que sem sonhos, a vida é uma manhã sem orvalhos, um céu sem estrelas, um oceano sem ondas, uma vida sem aventura, uma existência sem sentido? Ah! Mamãe! Enxugue estas lágrimas, seu filho vai partir, mas vai voltar. São poucos dias e eu pensarei em você. Nunca vou esquecer a minha querida mãezinha. Você sabe que sempre estará em meu coração. Quando chegar na floresta eu vou ver as aves que moram lá, verei ver os peixes que pulam na lagoa encantada, vou andar nas trilhas da imaginação e ver as pegadas dos animais. Como deve ser belo Mamãe poder sentir a brisa da madrugada, olhar o nascer do sol, o cantar da passarada vai ser um doce amanhecer. Mamãe deixe eu lhe dar um beijo, neste teu semblante preocupado, nesta tua tez franzida, nos seus olhos molhados e pedir para sorrir.

             Sorria mamãezinha querida, seu filho já vai crescer. Ele vai aprender a cozinhar. Pode Mamãe? Será que vou gostar? Ah! Mamãe eu acho que vai ser o máximo em minha vida. Vou poder sentir o aroma da minha refeição, me lembrarei da senhora e seus quitutes imortais. Mas farei coisas difíceis de imaginar. Na montanha que escalarei vou avistar o mundo aos meus pés.  Poderei dizer às nuvens que agora sou uma delas. Quem sabe bem lá do alto irei ver o grande Gavião Negro passar? Mamãezinha meu amor, te amo demais, mas preciso enfrentar a vida. Um dia eu vou crescer e preciso aprender as maneiras de viver como um homem respeitado. Quero aprender com a natureza o que aprendi com a senhora. Sabe Mamãe, me contaram tantas coisas que eu quero viver também o que os outros viveram. Quero fechar os olhos e ouvir o som de uma bica de águas cristalinas, vou beber a água da fonte, sentir seu sabor, deixarei que ela molhe meu rosto tão cheio de felicidade.

              Pois é mamãe, pense no seu filho feliz, junto aos seus companheiros, eles são bons Escoteiros e brincam de aprender a crescer. Eu quero também contar estrelas, pois eu nunca contei. Vou descobrir onde fica a constelação de Aquarius, quem sabe verei a Gemine o Caranguejo, do Escorpião e nunca terei medo, nossa Mamãe são tantas. Mas já conheço o Cruzeiro do Sul no hemisfério celestial sul. São tantas coisas no céu que penso que ele é imenso demais Mamãe.

         E o tal fogo de conselho que eles falam muito? Acho que amarei demais. Ver o fogo esvoaçante, querendo subir aos céus, as labaredas brilhantes a fazerem escarcéus. E as palmas minha Mãe? Dizem que elas são lindas, e os esquetes nunca esquecidos as risadas coloridas, alguém a gritar! – Sou o próximo! Disseram-me que farei parte em uma. Vai ser a primeira vez. E os aplausos Mamãe eu sei que serão demais. Pois eu vou me preparar com alegria e quem sabe serei um ator por um dia? É Mamãe dizem que no final do fogo todos choram, mas é de alegria, eles dão as mãos entrelaçadas e cantam uma canção tão linda que tenho de decorar! - “Não é mais que um até logo, não é mais que um breve adeus”!  

           O último beijo de hoje Mamãe. O Chefe está chamando, a patrulha me esperando e tenho que partir. Irei acampar nos montes, nos altos dos horizontes para aprender ser alguém. Voltarei de novo a nossa casa e serei um homem digno, a senhora pode acreditar. Sabe Mamãe uma estrofe de um poema que não esqueço? – “Mamãe, um dia fiz a promessa, a todos eu prometi, que seria homem honrado, e do escotismo uma apaixonado, subindo lá nas alturas, em busca de aventuras, que só podemos encontrar no meu escotismo amado”.

          Adeus Mamãe preciso partir, a senhora que fica não chore com minha brusca partida, e se um amigo me procurar diga a ele onde estou. Que ele coloque a mochila aprume sua bandeira e cante uma bela canção, com um belo sorriso no rosto vai correndo me encontrar.

Adeus Mamãe, adeus não até logo, pois logo eu voltarei!

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