Crônicas de
um Chefe Escoteiro.
Nas asas da
imaginação.
Mamãe! Eu vou
acampar!
É gostoso é bom demais, sentir o cheiro do mato,
Ouvir o som do regato, o cantar de um sabiá,
Um vagalume perdido, o uivo de um lobo guará,
Lá ao longe bem distante, nas montanhas verdejantes,
Onde ele uiva errante, onde é o seu habitat.
Gente que coisa boa, beber água da nascente,
Tão fresca e tão brilhante, de olhos fechados
sorrindo,
Sentir o orvalho caindo, no rosto de uma manhã.
Do som da passarinhada ao anunciar nos gritantes,
Até o grilo falante, cantando ao alvorecer.
Mamãe! Por favor, não chore! Eu disse que
voltarei, eu não vou para a guerra, eu vou acampar, pois sou um bom escoteiro e
já volto. Irei aprender a ser homem Mamãe! A senhora ouviu o Chefe falar, que
aqui é uma escola de honra! Aqui se aprende à ética ter palavra, seguimos uma
lei e nos orgulhamos de segui-la. Temos na mente nosso Herói Caio Martins. Não
foi ele quem disse que todos nós devemos andar com nossas próprias pernas
Mamãe? A senhora não quer me ver crescer e depois se orgulhar em saber que sou
um homem de caráter? Eu vou acampar minha Mãe. Eu vou pisar nas terras puras do
meu país, vou sentir a natureza em meu coração. Deixe que leve seu espírito
comigo, me dá um beijo e um abraço e enxugue estas lágrimas. Elas estão fora de
lugar.
Minha
querida Mamãe reze por mim e por meus amigos. Peça a Deus que ele nos proteja,
pois ele nunca deixou de proteger os Escoteiros. E quando voltar Mamãe eu estarei
sujo por fora, mas limpo por dentro e quem sabe apesar de que o Escoteiro está
sempre limpo, mas se isto acontecer não se preocupe, estou aprendendo a ser
homem. É Mamãe, agora sou um Escoteiro, e isto significa muito. Poderei olhar
as águas do oceano de outra maneira. Vou entender porque as ondas do mar se
arrebentam na praia, Irei entender as gaivotas que voam pelo céu azul. Irei
aprender a beber na cuia onde fica a nascente, a pureza daquelas águas que nos
dão a vida. E sabe Mamãe, vou dormir em uma barraca junto aos meus companheiros
e me deliciar com os sons da floresta.
Afinal Mamãe não diziam os poetas
que sem sonhos, a vida é uma manhã sem orvalhos, um céu sem estrelas, um oceano
sem ondas, uma vida sem aventura, uma existência sem sentido? Ah! Mamãe! Enxugue
estas lágrimas, seu filho vai partir, mas vai voltar. São poucos dias e eu
pensarei em você. Nunca vou esquecer a minha querida mãezinha. Você sabe que
sempre estará em meu coração. Quando chegar na floresta eu vou ver as aves que
moram lá, verei ver os peixes que pulam na lagoa encantada, vou andar nas
trilhas da imaginação e ver as pegadas dos animais. Como deve ser belo Mamãe
poder sentir a brisa da madrugada, olhar o nascer do sol, o cantar da passarada
vai ser um doce amanhecer. Mamãe deixe eu lhe dar um beijo, neste teu semblante
preocupado, nesta tua tez franzida, nos seus olhos molhados e pedir para
sorrir.
Sorria mamãezinha querida, seu
filho já vai crescer. Ele vai aprender a cozinhar. Pode Mamãe? Será que vou
gostar? Ah! Mamãe eu acho que vai ser o máximo em minha vida. Vou poder sentir
o aroma da minha refeição, me lembrarei da senhora e seus quitutes imortais.
Mas farei coisas difíceis de imaginar. Na montanha que escalarei vou avistar o
mundo aos meus pés. Poderei dizer às
nuvens que agora sou uma delas. Quem sabe bem lá do alto irei ver o grande Gavião
Negro passar? Mamãezinha meu amor, te amo demais, mas preciso enfrentar a vida.
Um dia eu vou crescer e preciso aprender as maneiras de viver como um homem
respeitado. Quero aprender com a natureza o que aprendi com a senhora. Sabe
Mamãe, me contaram tantas coisas que eu quero viver também o que os outros
viveram. Quero fechar os olhos e ouvir o som de uma bica de águas cristalinas, vou
beber a água da fonte, sentir seu sabor, deixarei que ela molhe meu rosto tão
cheio de felicidade.
Pois é mamãe, pense no seu filho
feliz, junto aos seus companheiros, eles são bons Escoteiros e brincam de
aprender a crescer. Eu quero também contar estrelas, pois eu nunca contei. Vou
descobrir onde fica a constelação de Aquarius, quem sabe verei a Gemine o Caranguejo,
do Escorpião e nunca terei medo, nossa Mamãe são tantas. Mas já conheço o
Cruzeiro do Sul no hemisfério celestial sul. São tantas coisas no céu que penso
que ele é imenso demais Mamãe.
E o tal fogo de conselho que eles
falam muito? Acho que amarei demais. Ver o fogo esvoaçante, querendo subir aos
céus, as labaredas brilhantes a fazerem escarcéus. E as palmas minha Mãe? Dizem
que elas são lindas, e os esquetes nunca esquecidos as risadas coloridas,
alguém a gritar! – Sou o próximo! Disseram-me que farei parte em uma. Vai ser a
primeira vez. E os aplausos Mamãe eu sei que serão demais. Pois eu vou me
preparar com alegria e quem sabe serei um ator por um dia? É Mamãe dizem que no
final do fogo todos choram, mas é de alegria, eles dão as mãos entrelaçadas e
cantam uma canção tão linda que tenho de decorar! - “Não é mais que um até
logo, não é mais que um breve adeus”!
O último beijo de hoje Mamãe. O Chefe está
chamando, a patrulha me esperando e tenho que partir. Irei acampar nos montes,
nos altos dos horizontes para aprender ser alguém. Voltarei de novo a nossa
casa e serei um homem digno, a senhora pode acreditar. Sabe Mamãe uma estrofe
de um poema que não esqueço? – “Mamãe, um dia fiz a promessa, a todos eu
prometi, que seria homem honrado, e do escotismo uma apaixonado, subindo lá nas
alturas, em busca de aventuras, que só podemos encontrar no meu escotismo
amado”.
Adeus Mamãe preciso partir, a senhora
que fica não chore com minha brusca partida, e se um amigo me procurar diga a
ele onde estou. Que ele coloque a mochila aprume sua bandeira e cante uma bela
canção, com um belo sorriso no rosto vai correndo me encontrar.
Adeus Mamãe, adeus não
até logo, pois logo eu voltarei!
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