Lendas Escoteiras.
A Coruja de olhos verdes.
Ela não tinha muitas lembranças do seu
passado. Sua mãe morreu um mês depois que nasceu vitima de uma pedrada dada por
um menino sem motivo algum. Um Pardal Cinzento trazia comida para ela todos os
dias. Assim se fortaleceu até que sozinha aprendeu a procurar sua comida. Um
dia O Pardal Cinzento também sumiu. Quem sabe morreu por outra pedrada de outro
menino. Corria deles. Parece que não gostavam das flores, dos animais, dos
pássaros, das arvores e matavam por qualquer coisa sem motivo. Saia pela
manhã para procurar sua alimentação e voltava logo. Costumava voar até o Vale
da Saudade onde encontrava sempre minhoquinhas pequenas e elas lhe davam força
para viver mais um dia. Gostava de ir passear também pelo Vale da Esperança,
pois sempre encontrava borboletas, bem-te-vis, abelhas douradas e elas eram
grandes amigas.
Mas a maioria do tempo ela
passava ali, no galho da Arvore Da Felicidade sua grande amiga. A árvore foi à
mãe que não teve. A viu crescer e se tornar adulta. Tinha ali sua casinha.
Ficava sempre a perscrutar o horizonte para ver se algum animal, e se algum
pássaro poderia vir para se aproveitar da sombra da Arvore da Felicidade. Ela
gostava de companhia e conversar. De vez em quando aparecia um quati, um lobo,
uma onça ou um tatu e uma vez riu muito quando um casal de periquitos que
cantavam dando gargalhadas. Diziam: - Rataplã do Arrebol! Ainda bem que nunca
apareceu um menino. Tinha muito medo de pedradas. Mas naquela manhã, quase
quando o sol ficou sem sombra chegaram seis meninos. A Coruja dos Olhos Verdes
se escondeu na copa mais alta da Árvore da Felicidade. Eles se arrancharam,
ajuntaram lenha e outros foram ao Riacho do Amor pegar água nos cantis e
pescar. Eram alegres e A Coruja dos Olhos Verdes criou coragem e voltou ao seu
posto de observação.
Eles não gritavam, não brigavam e cantavam muito. Tinham um enorme chapéus na
cabeça um lenço verde e amarelo e suas roupas eram iguais. Fizeram uma espécie
de sopa e comeram com vontade. Um deles cujo nome era Toquinho olhou para cima
e viu a Coruja dos Olhos Verdes. Parecia que ele entendia sua língua e ele
disse – Olá Corujinha, você é linda! Não tenha medo. Sou um Escoteiro e o
Escoteiro é amigo dos animais e das plantas! Ela sorriu e ainda tremendo disse
– Olá! Os outros a viram, mas não sabiam sua língua. Só o Toquinho. Ficaram por
um dia e meio. À noite cantaram canções lindas. Acenderam uma fogueira e a Árvore
da Felicidade reclamou da fumaça. Eles dormiram encostados a Árvore da
Felicidade. Nem bem o sol apareceu no horizonte levantaram e se foram. Toquinho
olhou para a Coruja dos Olhos Verdes e se despediu. Adeus linda corujinha. Quem
sabe um dia voltaremos a nos ver?
Quando viraram na Colina Verdejante,
próximo ao Monte da Alegria o vento balançou os galhos e as folhas da Arvore da
Felicidade ela os viu desaparecerem na estrada da Alegria. A Coruja dos Olhos
Verdes começou a chorar. A Árvore da Felicidade chorou também. – Porque não vai
atrás deles e saber onde vão ficar? A Coruja dos Olhos Verdes não se fez de
rogada. Lá foi ela batendo suas asas atrás dos meninos do chapéu grande. Voava
alto quando os viu. Viu também um grande acampamento de escoteiros e
escoteiras. Pareciam formigas a correr aqui e ali. Viu que os seis meninos
erraram o caminho. Ela foi voando até lá e teve que descer para falar com
Toquinho onde era o caminho certo. Ele agradeceu. Voltaram e pegaram a trilha
certa. Ficou feliz em ter ajudado.
Começou a voar de volta. Não era longe
a sua morada na Arvore da Felicidade. Sentiu uma forte dor na asa direita.
Olhou e viu dois meninos que não eram escoteiros com pedras na mão. Eles a
tinham acertado. Com muito custo voando com muita dificuldade chegou a sua
casinha. Deitou. Uma dor enorme. Muito sangue escorria. Acordou e viu sua mãe e
o Pardal Cinzento que a ajudou quando pequena a sorrirem para ela. Mostraram
uma nuvem e ela voou até lá. Sentaram na nuvem branca e sumiram no céu azul.
A Árvore da Felicidade chorou por
muito tempo. Agora estava sozinha. A corujinha se fora. Os animais que
ali apareciam também choravam. Um dia, numa tarde linda, com ventos brandos
vindo do norte, em meio a uma brisa fresca, eis que apareceu a Coruja dos Olhos
Verdes. Sorriu para a Árvore da Felicidade que também sorriu. E a felicidade
voltou a viver junto a todos que moravam no Vale da Esperança. A Árvore da
Felicidade e todos os que ali chegavam para descansar na sua sombra sempre
sorriam.
“Mesmo onde existe a maldade, devemos perdoar e
sorrir”. Isto é como se a felicidade estivesse sempre conosco. “A Árvore da
Felicidade aprendeu com a Coruja de Olhos verdes que a verdadeira felicidade é
fazer os outros felizes”!
Nota - “Mesmo onde existe a maldade, devemos perdoar e
sorrir”. Isto é como se a felicidade estivesse sempre conosco. “A Árvore da
Felicidade aprendeu com a Coruja de Olhos verdes que a verdadeira felicidade é
fazer os outros felizes”! Uma lenda? Uma fábula? Não apenas uma historia. Sei
que muitos lobos irão gostar.
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