Em volta da fogueira...
Maldito quadro negro.
Triste a
vida de Liliana. Sua mãe não há deixava sair. Sempre dentro de casa. - Filha,
uma bala perdida, um bandido e se você for raptada? Eu morro. – Liliana amava
sua mãe, mas tinha hora que ela pensava que se ela morresse seria melhor. Melhor
não, dizia para si chorando. Amo demais minha mãe. Seu pai a levava até a
escola e sua mãe ia buscar. Seu pai quase não falava com ela. Dizia cansado ao
chegar, um banho jantar e cama!
A escola
era um suplicio. Dona Etelvina a professora não saia do quadro negro. Maldito
quadro negro. – Liliana! Ela gritava, venha ao quadro negro! E ela que
detestava tinha que escrever somar ou multiplicar. Um dia ficou de castigo. Sua
mãe foi avisada. – Escreva: Vou tirar notas boas, vou tirar notas boas. Mil
vezes. Lá estava ela no quadro negro. Ódio, muito ódio do quadro negro.
Sonhava
ficar livre do quadro negro um dia. Mas que infelicidade. No natal ela sonhava
com um Smart Fone, tinha feito nove anos e seu pai deu a ela de presente nada mais
nada menos que um quadro negro. – Filha, agora você poderá melhorar sua letra,
escrever o que quiser e assim vai ficar mais sabida! Deus! Porque me deu este pai? Não poderia ser
outro?
No segundo semestre uma menina
nova entrou para sua escola. Sentou perto dela. Sorridente, alegre, fizeram
amizade. Contou sua vida sua tristeza, mas não contou que odiava o quadro
negro. – Liliana e Tavinha ficaram grandes amigas. Foi então que para surpresa
descobriu que era Lobinha. – O que seria? Tavinha não se fez de rogada. Contou
tudo!
- Liliana!
Moramos na Jângal. Somos seguidores de Mowgly, um menino perdido na selva que
foi adotado por lobos. Mowgly era perseguido por Shery Kaan, um tigre cruel. –
E Tavinha contava, e Liliana sonhava. Sonhava estará lá na Roca do Conselho,
vendo Akelá orientar sua alcateia. Pensava em acariciar a Bagheera, a pantera
negra de pele lustrosa. Passou a amar o Balu a Kaa mesmo tendo enorme medo de
cobras.
- Liliana contou
para sua mãe. - Posso entrar? – Vou falar com seu pai. Eu acho que pode. Seu
pai chegou, confabulou com sua mãe. Com a cara fechada, disse: - Liliana, vamos
sábado conhecer. Se gostar você pode entrar. Festas, canções Liliana não para
de cantar. Levantou sábado bem cedo. Ajudou sua mãe a arrumar a casa, lavou os
pratos e até fritou os ovos do almoço.
Ficou
esperando seus pais. No carro sonhava. – Oba! Vou ver o Balu, vou ver a Akelá,
vou amar a Bagheera! Chegaram. Um local sem árvores. Um pátio de cimento. Não
era o que pensava. Onde estaria a Jângal? – Aquela a recebeu sem sorrir, o Balu
um bigodudo parecia mudo e a Bagheera? Uma senhora que não sabia cantar. Ainda
bem que a Kaa era uma cobra amiga e sincera.
Seus pais a
deixaram lá. – Volto para buscar você quando terminar. Ela e Tavinha ficaram na
mesma Matilha. Marrom. Ela queria uma que se chamasse Verde. Soube que não tem
lobos verdes. Hastearam a bandeira. Era hora do jogo, ela esperava para ver se
era um jogo bonito e gostoso. Saíram em fila rumo à sede. Era em uma escola,
entraram em uma sala de aula. Liliana tremia. – Lobinha Liliana! Gritou a Akelá.
– Vá ao quadro negro e escreva sobre você!
Liliana não
voltou mais. Quadro Negro? Até na tal Jângal? Detesto. Lá não vai ser o meu lugar!
Moral da história: - O menino ou menina quando entram para os
escoteiros querem aventuras, não querem sala de aula, não querem uma professora
ou professor, querem se divertir aprender o que disseram quando entraram.
Quadro negro e cadeiras eles tem aos montes na escola. – Quadro Negro no
escotismo? Detesto!
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