segunda-feira, 20 de março de 2017

João Fernando Capelo de olhos azuis. (Conto Baseado no livro “Fernão Capelo Gaivota”).


Lendas Escoteiras.
João Fernando Capelo de olhos azuis.
(Conto Baseado no livro “Fernão Capelo Gaivota”).

             O sol se punha na enseada de Santo Agostinho e as gaivotas na nevoa do alvorecer voejavam por cima dos barcos pesqueiros que chegavam como a festejar o dia bom que conseguiram na sua jornada de pesca. João o Capitão de um dos barcos, um antigo Escoteiro ali na proa olhava sua cidade com olhos firmes. Foi ali que ele nasceu e dizia para todos que ali iria morrer. Sempre dizia para Lomar seu companheiro de pesca que o mais importante na vida é olhar em frente e alcançar a perfeição naquilo que a gente mais gosta de fazer. João tinha belos olhos azuis e suas memórias nunca esqueceram como foi feliz na jornada nas Escarpas próximas a praia do Além mar. Quantas vezes acampou ali? Gostava dos escoteiros, gostava de ficar lá vendo o voo das gaivotas que esperam os barcos de pesca ao entardecer.

               Lembrava-se dos companheiros da Patrulha Gaivota que olhavam João com pena e faziam tudo para ajudá-lo. Mancava, andava com muita dificuldade e todos sabiam que ele queria vencer, não ficar para trás nas jornadas, andar sem limites até atingir a perfeição, Para ele ser Escoteiro sempre fora uma forma de se movimentar sem mostrar que era um aleijado um coitado que não podia andar direito. Quando iniciou como Escoteiro João tentou acompanhar sua patrulha e se machucou. Não desistiu. Ele sabia que aceitar seu destino era morrer. Devido a sua perseverança e ousadia João não criticava ninguém só a si mesmo para não desistir de tentar. Nunca pensou em prejudicar sua patrulha, chorava em pensar que um dia poderiam desistir dela e ser banido do que amava.   

                João dizia para sim mesmo: - Quebre as correntes de seu pensamento e também irás quebrar as correntes do teu corpo. Ele sabia que com sua compreensão poderia ver até onde pode ir. Descubra mais do que já sabe, dizia. Talvez fazendo isto você encontre seu caminho que fará mais sentido para si, pois as jornadas que vais enfrentar não pode ter limites. João sabia que não iria desistir nunca. Fazia tudo com suavidade e paciência. Nunca esqueceu quando fez sua promessa, prometeu muito mais. Prometeu que nunca seria um empecilho para ninguém. Doía, a perna sacolejava, mas João não desistia. Ele era livre para pensar e não podia deixar para trás a força que sua patrulha lhe dava.   

                 Por muitos anos João andou pelas praias, pelas florestas pelos campos e até se arriscou a embarcar em um pequeno bote que a Tropa possuía para velejar por longos mares sem fim. João sofreu experiências incríveis, de solidão, de frio e fome, mas nunca se abateu. Certo dia João encontrou um menino Escoteiro que sofria com suas mãos que doíam horrivelmente e mesmo assim o cumprimentou. – João, disse o menino Escoteiro, você faz ideia quantas vidas levamos para começar a entender o que somos? Não viemos aqui para desistir. Temos que mostrar que podemos e assim vamos aprender até atingir a perfeição. Quebre as correntes de seu pensamento e assim também irás quebrar as correntes do teu corpo. João acreditou no menino Escoteiro e assim o fez. 

                  João viu que como Escoteiro vivia em outra sociedade onde todos desfrutam do companheirismo e da paixão pelo escotismo. Ficava horas a fio treinando a andar, a pular ele sabia que precisava ter o respeito dos demais escoteiros. Não iria ser um peso morto, um “coitado”. O processo não foi fácil, seus amigos escoteiros mais experientes não o deixavam sozinho. João viu que ali o respeito e amor eram sagrados. Viu que compartilhavam o mesmo ideal. Seu Chefe sempre lhe dizia: - João você tem de compreender que um Escoteiro tem uma ilimitada ideia de liberdade, uma imagem firme de si mesmo. Seja fiel aos seus ideais. Procure João com sua compreensão fazer o que tem de fazer. Descubra o que você no seu pensamento já sabe!

                    A chuva na praia, o céu beija o mar e o Escoteiro espera sua hora. E João continuou sua saga de sempre treinar no amor. Ele sabia que o espírito não pode ser verdadeiramente livre sem a capacidade de ser mais um, de perdoar e continuar no progresso do seu caminho escolhido até se tornar um Escoteiro de verdade. A Patrulha Gaivota cresceu. Agora já compartilhavam mais as ideias entre todos inclusive João. Tinham uma Lei a seguir e João sabia que ela o faria um Escoteiro que sempre sonhou ser. – Vocês querem acampar onde ninguém nunca foi, disse seu monitor, para isto precisam aprender a se ajudarem e se conhecerem melhor. Aprender que os mais fortes nunca deixam os mais fracos para trás. Se fizerem assim o amor e o perdão irá acontecer. Todos irão ver que o respeito entre amigos será para sempre.

                  O Barco se aproximava do cais. João olhou para Lomar. Ele nunca fora Escoteiro e parecia uma gaivota perdida do bando quando João o encontrou. João lembrou-se de tudo que fez em sua patrulha, nas conquistas nas grandes atividades Escoteiras, na sua promessa e disse para Lomar: - Não é ser amado e admirado pelos outros que nos dá a alegria de viver. Esta alegria meu amigo provém de ser capaz, de amar e admirar tudo que achara raro, bom e belo. Todos nós podemos aprender quando quisermos aprender... Hoje você e eu singramos os mares para podermos viver um pouco melhor e dar o máximo a todos que nos cercam. Ainda me lembro de minha patrulha, que sempre sorria para mim. Meus velhos companheiros nunca se importaram em me ajudar. O mais importante na vida é olhar em frente e alcançar a perfeição naquilo que você mais gosta de fazer!


                Uma gaivota branca sobrevoou o Barco e João jogou no mar um pequeno peixe. Olhou para Lomar e repetiu: - Pois é assim como esta gaivota eu sou também a perfeita expressão da liberdade que aprendi com meus amigos de outrora. A única Lei verdadeira é a que nos liberta. Cada um de nós encontra e segue o que mais amamos fazer, não importa o que os outros pensem


!- Não se preocupe em tomar a decisão certa... Pois ela não existe... “Tem alguma ideia de quantas vidas tivemos que passar até chegarmos a ter a primeira intuição de que há na vida algo mais do que comer, ou lutar, ou ter uma posição importante dentro do bando?” – Este conto foi baseado no livro Fernão Capelo Gaivota, escrito por Richard Back. O fiz quando ouvia a trilha sonora magistralmente interpretada por Neil Diamond do filme do mesmo nome. Divirtam-se com a história de João Capelo de Olhos Azuis. 

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