Lendas
escoteiras.
Não era para
ser assim.
Sentia saudades. Eternas
saudades que machucavam seu coração. Porque insistir nestas lembranças? Vale a
pena? Ele já velho e alquebrado olhava o por do sol naquela praça bendita onde
nos últimos anos ficava todas as tardes de cabeça baixa, respirando um ar fresco
vindo das montanhas que se despontavam naquela selva de pedra. Ele sabia que a distância faz esquecer,
esquece que a saudade faz lembrar. Não dava para voltar no tempo. Uma tristeza
enorme ao se sentir sozinho.
Ela veio docente na lembrança.
Ele sabia que não importa a distância que os separavam, se há um céu que os
une. Sim, ele sabia que a distância pode impedir um beijo, um toque, um abraço.
Mas não pode impedir um sentimento. Ele pensou que quem inventou a distância
nunca sofreu a dor de uma saudade. – Ah! Meu amor, eu sinto tanto a sua falta!
Eu sinto sua falta a cada dia, cada hora, cada minuto, cada segundo, mas foi à
vontade Dele. Não tenho o direito de reclamar...
Queria chorar, mas prometeu a si mesmo não o fazer mais. Tanto tempo que
ela partiu e os mesmos sentimentos machucavam seu coração. O tempo não apaga o
que é verdadeiro, assim como a distância não é o fim para quem ama. Levantou, a
pequena bengala ressonou alto no cimento da praça. As seis badaladas da Ave
Maria tocavam docemente no sino da pequena capela. Ele tateando foi em frente
pensando: - Que minha coragem seja maior que meu medo e que minha força seja
tão grande quando a minha fé.
Fechou os olhos. Se
transportou quando escoteiro e a conheceu. Lembra-se até hoje como tudo
aconteceu. Noite alta. O espírito da coruja piou
na floresta e o fogo apagou. As patrulhas foram dormir. Sozinho de sentinela olhando
as brasas adormecidas viu o brilho da noite e ficou encantado com tantas
estrelas a brilhar. Viu um cometa passar sorrindo e dizer: - Sempre Alerta
Escoteiro, não se esqueça da sua amada... O silêncio reinava naquele
acampamento. Ele sabia que a vida não acontece dentro de uma casa, de uma
cidade, de um país. Ela tem de ser experimentada em todo o universo.
Voltou à realidade. Queria
lembrar mais e nunca esquecer. Mas quem sou eu para pensar assim? Eu sei
que três coisas não podem ser escondidas por muito tempo: - O Sol, a Lua e a
pessoa amada. Foram anos e anos vivendo e dormindo sob o manto do universo. Olhou
novamente para o alto e admirou as maravilhas que brilham como a saudar seus
passos de meninos indo para sua barraca. Extasiado ao ver a beleza da lua sua alma
se expandiu em reverência ao criador. Ah! Mundo fantástico! Foi dormir. Quem
sabe sonho com ela? Pode ser depois que a lua adormece... É que o sol acontece!
Ele queria levá-la para ver o
céu nas montanhas da lua, no pico da imaginação, e dormir na sombra da castanheira
no vale do Eco. Foi na virada da Curva do Leopardo, sentado a beira do caminho que
ele tomou a decisão de a pedir em casamento. Sonhos de criança? Ele sempre
dizia que queria ser um aventureiro, um Escoteiro um herói brasileiro, mas ela
entrou em sua mente para completar seus sonhos de criança. Lembrava com
saudades de tudo que aconteceu. Um amor lindo, uma felicidade sem fim, um par
de anjos que iriam ficar juntos até na eternidade.
Veio à lembrança de um lindo poema do poeta Apoema:
- Não sou índio, não sou sábio, mas eu desejo a você meu amor, mesmo não
estando aqui, que o sol possa lhe trazer nova energia a cada dia. Que a lua
suavemente lhe restaure durante noite. Que a chuva lave as suas preocupações.
Que a brisa sempre sopre uma nova força em seu ser. Que você possa caminhar
suavemente através do mundo e saber de suas belezas todos os dias da sua vida.
Eu amo você!
Nota de Rodapé: - Desta vida nada se leva... A não ser a vida que se
leva... Só se deixa... Então, te deixo o meu melhor... Meu melhor sorriso, Meu
maior abraço, Minha melhor história, Minha melhor intenção, Toda minha
compreensão e do meu amor, a maior porção. Só quero ficar na memória de alguém como
outro alguém que era do bem! (Antonie de Saint-Exupéry).
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