Crônica de um
Velho Chefe Escoteiro.
Eu queria ter
o mundo, mas Deus disse que não.
- Ah! Eu queria ter o mundo aos
meus pés. Queria fazer dele um lugar feliz para viver. Mas o mundo não é assim?
A felicidade não está aqui? Porque então mudar? Perguntou-me o Escoteiro. - Não
sei, respondi. Mas meu amigo e irmão eu queria ter um mundo, fazer todos
sorrirem, se abraçarem e dizerem que agora somos todos irmãos. – Mas é
possivel? Afinal quantos estão sorrindo? Não seria muito mais dos que estão nas
sombras sem perdão?
- Eu
penso e transformo meu desejo em ilusão, ilusão de ter um mundo só meu. Mudar
as pessoas, mudar tudo fazer todos iguais a mim! – Foi ela a poetiza quem me
incentivou – Escoteiro nos demais mundos todos sabem, o coração tem moradia
certa, fica bem aqui no meio do peito, pois a anatomia mudou para todos, e
agora todos são corações.
- Mas uma bela Escoteira no alto
da sua surpresa, remendou em um triste soneto: - Sábio é quem se contenta com o
espetáculo do mundo. – Olhei para ela, e pensei: - Que grande circo, que
espetáculo é este que não posso perder. Afinal será um mundo, mais alegre, mais
delicioso, mais pomposo na maneira de se andar falar e viver.
- Se eu mudar o mundo o que
diria o escoteiro ingênuo? - Muda-se o ser,
muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas
qualidades. Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; Do
mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem, se algum houve ficaram as saudades.
Não assim não, eu não o farei a todos escoteiros, uns quem sabe talvez. Mas a
honra seria o primeiro embate. No meu mundo quem não tem honra não vai viver.
- Eu queria ter um mundo, de
águas cristalinas, de fontes que nunca irão secar. De peixes que irão pular na
catapulta da água, sorrindo do mundo novo que eu criei e eles estão a viver.
Meu mundo teria campinas, vales verdejantes, flores perfumadas onde todos
pudessem caminhar. Meu mundo teria lindas montanhas, cascatas imensas a
ribombar cantante uma sonata de Schubert. Nas ruas irei plantar árvores
frutíferas onde a meninada pudesse se esbaldar.
- Meu mundo teria sol, teria
chuva e teria lua. Teria estrelas? Sim brilhantes gritantes a piscar no céu.
Meu mundo teria bandeira, a bandeira do Brasil. – Então não é só meu mundo,
isto parece o país dos escoteiros. Anjo Escoteiro, por favor, não me interrompa
me deixe criar meu mundo, do jeito que gostaria de ser. Meu mundo não teria
maldade, falsidade. Meu mundo teria caráter, honestidade, onde o aperto da mão
esquerda seria o documento mundial.
- Sonhos? Não tenho este
direito? Sei que Ele que está no céu a nos acompanhar deve estar pensando: -
Ele quer ser como eu! Por um instante entrei na seara que não me pertence,
esqueci que sou seu filho, sou sua criação, e depende de mim e todos que o
mundo seja assim sorridente consciente de sua obrigação.
... E sem perceber, outro Escoteiro Poeta
entrou na minha imaginação: - Enquanto um chora, outro ri, é a lei do mundo meu
rico senhor. É a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo
cansativo, mas uma boa distribuição de lágrimas, de sambas, soluços e
sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se
assim o equilíbrio da vida...
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