terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Lendas escoteiras. Do destino ninguém foge - parte II.



Lendas escoteiras.
Do destino ninguém foge - parte II.

Prólogo: “Saiu de casa para contar a um amigo a novidade”. Vibrava com sua entrada nos escoteiros. Ao atravessar a rua, foi pego por um carro a toda a velocidade, fugindo da policia que vinha logo atrás. Foi arremessado à grande distancia. Ficou inconsciente. Levado ao hospital ficou em coma dois meses. Saiu do coma, mas sem movimentos no corpo, ficara paraplégico. Durante um bom tempo não lembrou mais de seus sonhos. Agora eram outros. “Pensou que com o tempo seus movimentos voltariam, ele não desanimou e o tempo passou.”

                                   Quatro anos se passaram quando seus pais o levaram para casa. Nenhum movimento no corpo durante este tempo. Não desistiu e insistiu nos tratamentos que lhe recomendaram em um centro de reabilitação. As pernas não regiam. No primeiro falava pouco. Não tinha o que dizer. A voz engasgada. Uma terapeuta fez tudo para ele sorrir e nada. Ainda estava cético sobre sua recuperação. O dia mais feliz de sua vida se foi como uma grande tempestade. Seu atropelamento foi um desastre. Matou seu sonho e sua vontade de viver.

                                Treze anos uma vida a começar assim interrompida. Sua mãe sempre com os olhos vermelhos. Seu pai fez tudo que podia, gastou o que não tinha até que os médicos disseram que era melhor ele ir para casa. Seu corpo não mais reagia ao tratamento. Em casa pediu a sua mãe que colocasse o uniforme Escoteiro no baú do seu pai. Ele não queria vê-lo nunca mais. Seu quarto era aconchegante, a janela dava para um pequeno jardim que sua mãe cuidava diariamente.

                               Nunca sentiu o perfume das flores e o sol e a lua para ele não tinha diferença. Dormia de dia ficava acordado a noite. Trocava sempre à noite pelo dia. Nada lhe faltou. Sua mãe sempre presente. Banhos, fraldas, refeições, virá-lo sempre para não dar ferida ao corpo, enfim uma mãe incansável para que seu filho pelo menos sorrisse.

                               Uma tarde bateram em sua porta. Sua mãe atendeu. Surpresa. Dois escoteiros uniformizados queriam falar com ele. Não os conhecia. Nunca os viu e esteve na sede deles por pouco tempo. – O que querem? Falou. Mal educado retrucou que fossem breve, precisava descansar. Eles sorriram. Nós não queremos nada de você. É você que vai querer de nós. Miltinho, chega de auto piedade. Você só sabe sentir compaixão de sí mesmo? Está com dozinha de você? Lastimando-se? Não vê que tem pessoas sofrendo a sua volta? Afinal, você é um homem ou um rato?

                              – Quantas verdades eles disseram. - Quem são vocês? Quem lhes deu o direito de falarem assim comigo? – Eles não responderam.  Mudaram de assunto. – Sábado que vem vamos vir aqui e levar você para a reunião escoteira. Afinal não era seu sonho? Só porque se acidentou se acovardou?

                              Miltinho não escondia sua surpresa e eles foram embora. Chamou sua mãe e perguntou quem eram eles? - Eles quem? Ela disse. Os dois escoteiros que aqui estiveram. – Meu filho, não veio ninguém aqui hoje. Miltinho ficou mudo. Eram assombração? Afinal ele já estava com dezesseis anos e não tinha medo de nada mesmo entrevado numa cama. Mas porque, porque, insistiu com seu pensamento. No sábado bateram a porta. Lá estava os dois de novo. Vamos – disseram. Ir com voces? Voces são fantasmas! Não ando com fantasmas.

                             Eles riram. Pegaram Miltinho, colocaram-no em uma cadeira de rodas e saíram de casa rumo à sede Escoteira. Nem despediu de sua mãe e seu pai. Os dois a pé empurrando a cadeira de rodas. Uma festa. Aplausos de todos os jovens. Abraçaram-no, e foi para uma Patrulha Sênior com duas meninas e dois meninos. Ele era o quinto. Claro na cadeira de rodas.

                            Uma guia gritou para ele: - Miltinho! Largue esta cadeira, vamos fazer um jogo e não dá para você ficar sentado feito um folgado! Outro o levantou e outro empurrou a cadeira para o canto do pátio. Miltinho pensou que ia cair, mas suas pernas se firmaram. Ele não acreditava! Vamos molenga! Diziam todos! Miltinho sorriu, correu, brincou, suou e de volta a sua casa quando entrou viu que esqueceu a cadeira de rodas na sede. Que fique lá para sempre, disse para si mesmo. Aperto de mão, abraços e Sempre Alerta e lá foram os dois escoteiros.

                            Custou a acordar no dia seguinte. – Mãe a senhora me viu chegar ontem dos escoteiros? Como? Ela disse. Eu fui lá com os dois escoteiros. Sua mãe sorriu. Onde está a cadeira de rodas? Meu filho você nunca teve uma cadeira de rodas. Não pode sentar. - É bom que ele sonhe pensou sua mãe. Pelo menos não fica tão triste como estava. Se isto lhe faz bem vou ajudar. E eis que Miltinho senta na cama, se levanta e diz a sua mãe – Mãe, hoje vou escovar os dentes e me lavar sozinho. Quero estar com vocês no café da manhã!

                            Sua mãe estava boquiaberta! Meu Deus! Um milagre? Ela não sabia se ria ou chorava. Gritava de alegria e chamou seu pai que veio correndo. O abraçou. Quem visse veria uma família maravilhada e sorrindo como ninguém sorriu antes.

                            Miltinho voltou a estudar. Seu pai o levou aos escoteiros. Ele se tornou um jovem tão feliz que o mundo mudou e ele acompanhou. Poucos entenderam sua felicidade. Miltinho nunca soube explicar os dois escoteiros fantasmas, a tropa sênior do seu sonho. Não importava. Se Deus quis assim, agradecemos a Deus por ter me dado à vida de novo.

                            Miltinho casou e tiveram um lindo filho, mas ele trabalhava tanto que quase não tinha tempo para ele. Aos 13 anos pediu para ser escoteiro. Miltinho sorriu. Sim ele também se chamava Miltinho. Deu para ele seu uniforme. Vou lá com você no sábado, seu filho sorria de alegria.

                            Como se fosse uma repetição do passado, Miltinho abriu as janelas e agradeceu a Deus pela vida. Correu até a casa de um amigo para contar a novidade. Ele seria escoteiro como seu pai foi. Ao atravessar a rua viu um carro em alta velocidade fugindo de um carro da policia. Pneus rangeram uma batida forte. Alguém gritava. Miltinho por sorte escapara.  Não sabe como não foi atropelado.

                           Notou ao seu lado dois escoteiros sorrindo. Foram eles! Um morto e um ferido os bandidos do carro. Miltinho respirava forte. Graças a Deus, Graças a Deus. Viu os dois escoteiros se afastando. Eram os escoteiros do sonho de seu pai. Acenou também. Meus anjos da guarda pensou. A vida nos reserva surpresas sem explicação. Fazer o que? Aceitar o seu destino, pois Miltinho sabia que do destino ninguém foge!

Fim.

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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