Lendas da Jângal.
A cidade dos homens.
Passaram-se três meses que Mowgli
havia ido para a cidade dos homens. Andava muito ocupado em aprender os usos e
costumes deles. Teve que acostumar-se a usar panos em cima do corpo, o que lhe
incomodava muito, a empregar o dinheiro e a usar o arado, que lhe era inútil.
Os demais garotos o punham furioso. Felizmente a Lei da jângal lhe ensinara a
dominar-se, porque na vida selvagem o alimento e a segurança dependem muito do
domínio sobre si próprio.
Mowgli desconhecia a sua
própria força. Na jângal sentia-se fraco, em comparação com os animais
selvagens; na aldeia, os homens o consideravam forte qual um touro, mas nada
conhecia a respeito das castas. Tratava a todos com igualdade, o que não
agradava a alguns, como o sacerdote. Na aldeia Mowgli conheceu um caçador
chamado Buldeo, que reunido com os velhos da aldeia contava muitas mentiras
sobre os animais da jângal, inclusive histórias inventadas por ele sobre
fantasmas. Mowgli provocava a raiva do caçador ao desmentir as histórias
contadas por ele. Ao ser repreendido por meter-se na conversa dos mais velhos,
foi mandado a pastorear os bois e búfalos, o que não lhe era nada difícil.
Então ele disse aos outros
garotos que tomassem conta dos bois, que ele sozinho guardava os búfalos. Como
os búfalos gostavam de pontos pantanosos para se refrescarem do calor ele os
levou para o extremo da planície, lá onde o Rio Waiganga sai da floresta.
Saltou no pescoço de Rama, o chefe do rebanho e correu ao local onde marcara
com o Irmão Gris.
Buldeo ficara assustado
achando que era magia ou feitiçaria, pois jamais vira um humano dar ordens a um
lobo. Ao chegar à aldeia contou histórias de feitiçaria e encantamento que
deixou o sacerdote assustado. Após retirar e guardar a pele do tigre, Mowgli e
os amigos, recolheram novamente os búfalos e retornaram para a aldeia. Ao
chegarem viram luzes acesas e pensou "deve ser uma homenagem a mim por ter
matado Shere-Khan"; mas uma chuva de pedras fora lançada em sua direção
contrariando seus pensamentos.
- Feiticeiro, Lobisomem!
Demônio da jângal! Fora! Fora! Atira Buldeo! Atira! - Mowgli parou assustado
com as pedras e os gritos. - Não me parecem muito diferentes dos da alcatéia,
estes teus irmãos homens disse Akelá, sentando se calmamente sobre as patas
traseiras. Parecem que estão te expulsando do povoado. Outra vez? Exclamou
Mowgli. Da primeira vez insultaram-me de homem. Agora de lobo! - Vamo-nos daqui Akelá.
Uma mulher corre em sua direção e
diz:
- Meu filho! Dizem que você é
feiticeiro, não creio, mas vai-te antes que te matem Só eu sei que vingaste a
morte do meu Nathoo. - Agradecei a Messua, homens; Por amor a ela deixo de
invadir a aldeia com meus lobos e caçar a todos.
Depois do desabafo, incitou os
búfalos sobre quem os apedrejavam, e tomou o caminho da jângal seguido dos dois
amigos. Olhava as estrelas e sentia-se imensamente feliz.
Ao chegar ao jângal, após
rever Mãe Loba, foram a Roca do Conselho, onde Mowgli apresentou a pele do
tigre. Os lobos que chegavam à Roca encontravam-se aleijados, mancos e feridos
devido terem ficado sem chefe desde que Akelá foi deposto da chefia. Após verem
a pele do tigre os lobos pediram para Akelá chefiar novamente a alcatéia.
Mowgli, por sua vez resolveu não mais pertencer a alcatéia e caçar sozinho na
Jângal somente em companhia dos quatro irmãos lobos, até o dia em que...
Mas isso já é outra história.
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