quinta-feira, 4 de julho de 2019

Saudades do meu Fogo de Conselho. Uma história, uma lenda escoteira.




Saudades do meu Fogo de Conselho.
Uma história, uma lenda escoteira.

Prólogo: - Vêm aí uma semana fria alguns lugares tem neve outros geada. Nestas horas se abre o bau do tempo e lá dentro retira a manta, brilhosa, cheia de lembranças, distintivos nas beiradas, e ela só falta falar: - Escoteiro! Já está na hora, me leve para a floresta, o Fogo do Conselho vai começar...

                        Dizem que tudo de bom na vida tem seu preço. Se pudermos pagar, pagamos se não... Partimos em busca dos nossos sonhos transformando-os na vida real ou imaterial.  Quanto custa ser feliz? Bendito seja quem encontra a felicidade em pequenas nuances que o tempo nos dá a cada segundo que vivemos. Partiremos agora célere a uma felicidade que muitos conseguiram ter neste maravilhoso mundo dos escoteiros. Hã! Deitar na relva, respirar o ar puro do campo, da floresta encantada, sentir a brisa cair suave no rosto, olhos fixos nas estrelas cintilantes no céu como a dizer que seu brilho vai nos fazer felizes para sempre.

                      Quantos de nós não sorrimos nas noites de acampamento em volta de um encantador Fogo de Conselho? É surpreendente estar ali, olhos fixos no fogo, ou mesmo quando as chamas vão crescendo parecendo querer alcançar o céu. Os sorrisos, as paixões, a vontade de ficar ali para sempre. Quem sabe ter asas para voar sobre aquela clareira, ver do alto os amigos cantantes, canções errantes displicentemente cantadas por lábios que aprenderam a entoar o Rataplã. Voltar novamente a terra, olhos vidrados no Contador de Histórias. Ah! O Contador de Histórias. Indispensável na vida escoteira de todos nós. Contar histórias é uma arte, uma arte gostosa, palatável de agrado geral. Histórias se contam em todos os lugares, mas nos Fogo de Conselhos elas têm seu lugar.

                    A fogueira alta, o Contador de História sorrindo a história surgindo seus gestos acompanhando, todos de olhos fixos tentando viver os personagens daquela história maravilhosa. Os olhos da moçada não piscam. Mesmo aqueles que já estiveram ali por muitas vezes são atraídos como os grilos e pirilampos com suas luzes brilhantes e saltitantes parecem querer também participar da história. É lindo estar ali com amigos, vendo um céu de estrelas, ouvindo o piar de uma coruja escondida em um carvalho com seus olhos grandes, negros sem piscar em um galho qualquer.

                       É gostoso demais viver e participar de um Fogo de conselho. Poder ouvir o ruído da noite, a gente enrolado na manta se enrosca em um tronco para melhor sentir o calor do fogo e dos amigos que estão ao nosso lado. Nas brasas o bule de café, e enquanto a história vai sendo contada alguém dedilha um violão encantado com um toque saudoso ao luar. Ouvidos atentos, olhar penetrante cada um vai sentido o ar puro da floresta invadir a seara do Fogo de Conselho. Em determinada hora se ouve os sapos coaxando na lagoa próxima. A brisa não para de cair. O vento sopra trazendo das montanhas distantes o latir do lobo guará que parece estar ali junto a escutar.

                     Os velhos mateiros sabem que já está na hora de ouvir o canto do Uirapuru quando chama sua companheira, lá bem no fundo da floresta Encantada. É um fogo especial, não tem hora para terminar. Outras histórias virão, uma peça bem montada, alguém dá uma gargalhada e quem sabe pode até chorar. Tudo ali é felicidade e as coisas vão desenrolando e chamam atenção até dos anjos lá do céu. E sem perceber a gente se achega mais perto do fogo, pede a coruja espantada que venha cantar conosco. Sinta-se em casa todos dizem. A gente vê no olhar dos escoteiros e eles sorriem como a dizer: Pode contar uma história, ou quantas quiser...

                      É... A gente ama o Fogo de Conselho. Ele marca entra na gente afunda no coração, bate na mente e escreve suas páginas na memoria e depois ficar na historia. A gente sorri e sabe que não quer perder outro nunca mais. Ali naquela clareira distante, pequenas chamas errantes se perdem no sonho do vento que as leva para longe. Pequenas fagulhas são como cascatas invertidas que sobem no ar. Ali perdido nos sonhos das mil e uma noite, a gente olha para o céu, quer tocar as milhares de estrelas brilhantes que encantam a todos nós. A gente se perde naquele infinito e passa a sentir que tudo faz sentido. Afinal quem sabe a gente pode pegar uma e dizer: - Esta é minha, deixo-a no céu para que Deus possa guardar para mim.

                   E quando tudo termina, ao chegar ao lar quem sabe ao dormir e olhar para o teto a gente vai ver a estrela escolhida que Deus guardou para nós. Fogo do Conselho, vermelho na noite escura, dos ventos do sul e do norte, das montanhas da lua, do sol. É ali que a realidade aparece, A gente vê Deus aquele que nos deu a vida e quem sabe a alegria é tanta que deixa uma lágrima cair. E a gente serra os olhos e pede a ele que não será o último. Senhor, neste azul do céu, onde encontrei a calma, encontrei a paz que alimenta minha alma. Que os ventos do mundo me façam viver novamente, em qualquer clareira, em matas escuras, e ver o fogo vermelho iluminando as almas dos escoteiros que ali estarão sorrindo. Obrigado Senhor!

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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