terça-feira, 31 de julho de 2018

Lendas da Jângal. A lenda do Pica pau amarelo.



Lendas da Jângal.
A lenda do Pica pau amarelo.

— Que significa aquela gaiola vazia lá fora, com um letreiro: “Aqui mora o Pica Pau Amarelo da Felicidade”? O Escoteiro respondeu, sorrindo: — É preciso ter a gaiola vazia para encontrá-lo e para possuí-lo verdadeiramente. Só se pode possuí-lo em liberdade, porque ele pertence a todos! Os demais escoteiros ponderaram: — Temos a certeza que o encontraste, porque o vemos em ti! Ao que ele replicou: — Se quiserem, posso ajudar-vos a encontrá-lo, também… Uma história para contar aos lobinhos.

               ... Era uma vez, uma Lobinha que gostava de cantar. Não era uma cantora nata, mas ela sabia que cantando sempre poderia ter um momento de paz, pois em sua casa sua mamãe e seu papai viviam a brigar. Nas reuniões ela se sentia triste ao ver suas amigas contando histórias de seus pais e ela não podia contar nada, pois não tinha boas histórias para contar.

                Uma vez saindo da reunião, viu um homem vestido de branco com um chapéu enorme na cabeça também branco e parecia estar descendo a escada de uma nuvem do céu. – Olá Lobinha, ele disse sorrindo. Ela disse olá, mas sabia que não devia conversar com ninguém quando estivesse sozinha. Sua mãe lhe disse isso e seu pai exigiu. – Ele demonstrando ser um homem de paz perguntou: - Voce conhece a Lenda do Pica Pau amarelo da felicidade? – Ela balançou a cabeça dizendo não. – Linda Lobinha, pois vou lhe contar... “Se alguém um dia encontrar o Pica pau amarelo da felicidade, será uma pessoa realmente muito feliz”.

                 - A Lobinha o olhou com maior atenção e ele continuou: - Foi em um tempo muito antes das chuvas de verão, que um escoteiro percorreu as montanhas da sua cidade querendo encontrar um Pica pau amarelo. Andou, caminhou, acampou em busca dos seus sonhos. Quando o encontrou o prendeu na gaiola de ouro que construíra. Encantado esqueceu-se de suas reuniões e da escola ficando a admirar a ave, mas ele parecia infeliz. Não comia nada e tudo que ele colocava para ela não queria parecendo muito infeliz.

                 Passou-se três dias e o escoteiro receoso de que o Pica pau viesse a morrer de fome, soltou-o. Mas ele não voou tão logo se viu solta. O escoteiro pensou que ele deveria estar fraco demais para voar. Mas não, ele voou até um galho de um pé de manga do seu quintal e se mostrava feliz. Ele o Pica pau começou a emitir um pio suave e continuo: - Tuit... Tuit... Tuit! – Não se sabe como aquele pio singelo começou a ressoar no íntimo do escoteiro. De coração aberto, ele desejou saber o que ele dizia e pensou: - Seria uma alucinação? Um sonho? Foi então que o pio começou a tomar sentido. Agora ele já entendia o que o Pica pau queria dizer. 

                 Fez um silencio profundo, ouviu a voz do vento e um sussurro piou no seu ouvido dizendo: - A felicidade para que exista você tem de ser livre. Agora que já me ouviu e me conhece, eu te pertenço para sempre. Quando quiseres me encontrar, vista seu uniforme, ponha sua mochila e vá encontrar-me na clareira da montanha. Assim poderemos ficar juntos todos os dias que puder. Mas olhe escoteiro, para que tudo isto aconteça, me arranjes um cantinho eu teu coração e ali me alimentes de AMOR! E assim você poderá ouvir outra vez o entoar do meu canto de felicidade!   

                 O escoteiro espantado viu o pássaro voar rumo ao por do sol. Sentiu uma pontada no coração e sua vida mudou. Toda sua Patrulha e sua tropa notaram sua transformação. Ele passou a cantar e sorrir em todas as horas. Seu cantar de tão lindo atraia a atenção dos amigos e amigas escoteiras. Parecia uma onda de felicidade e todos se sentiram bem quando ficavam perto dele.

                 Só nas horas distantes, quando ficava sozinho ele silenciava. Todos sabiam que nesses momentos ele visitava a clareira da montanha, e junto ao Pica Paul Amarelo se reabastecia de fé, de luz de alegria. Um dia toda a tropa se reuniu e lhe perguntaram: - O que significa aquela gaiola vazia lá no seu quintal com aquela placa colocada na porta dizendo: - Aqui mora o Pica pau Amarelo da felicidade?

                 O escoteiro sorrindo lhes disse: - É preciso ter a gaiola vazia para encontrar o pássaro que mora ali e assim saber que para possuí-lo ele precisa estar em liberdade. Ele meus irmãos escoteiros pertence a todos. – Os escoteiros fitavam-no com atenção.

                 Um deles, um Monitor poeta falou em nome de todos: Sabemos meu amigo e irmão escoteiro à certeza que você o encontrou, porque vemos em seus olhos, vemos em você e no seu sorriso! – Ele sorrindo respondeu: - Olhe meus irmãos escoteiros um dia quando quiserem e desejar ter seu pássaro da felicidade eu poderei com a maior alegria ajudá-los a encontrar em seus sonhos para ser feliz como eu!

                 Conta-se que a Lobinha de tanta felicidade sentiu que pela primeira vez seu papai e sua mamãe também passaram a sorrir com ela!

Baseado no conto: - O Pássaro Azul da Felicidade!





segunda-feira, 30 de julho de 2018

Viagem no tempo.


Viagem no tempo.

Farinelo.
Tradições.
- Chefe, quando vejo o senhor falar do passado, das tradições eu me impressiono. Será que eu também terei o meu passado como o do senhor?

– Era Farinelo um escoteiro Noviço, quem sabe um sonhador como eu.
– Olhei para ele. - Farinelo todos nós percorremos um longo caminho. Fomos de um mundo para o outro, que era praticamente igual ao primeiro esquecendo-se de onde viemos e não nos preocupando para onde vamos. - Não viva só o presente.

- Chefe! O senhor bagunçou minha cabeça!
– Ah! Farinelo... Saiba que é fácil apagar as pegadas, difícil, porém, é caminhar sem pisar no chão. – Cada experiência é um degrau para o progresso da alma. Não fique preso ao passado. Aproveite agora esta nova vida no escotismo. “Dedique-se a ele de corpo e alma, e verá surgir um novo Farinelo em sua vida”. As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo. - Farinelo sorriu e foi namorar Marilda quem sabe nem se lembrando mais o que conversamos...

Donato.
Uma pequena fogueira.
Uma pequena fogueira, uma clareira, brasas simples, pequenas fagulhas se espalhando ao sabor do vento na noite sem luar.

Donato me olhou e disse:
Chefe se você não está feliz com algo, mexa-se. Você não é uma árvore! – Olhei para Donato. Um escoteiro poeta. Uma vez me disse que as noites mais escuras produzem as estrelas mais brilhantes. O tempo passou Donato se foi. Pegou uma aragem distraída e partiu ao sabor do vento.
Não o esqueço. Olho para dentro de mim e penso: Querido passado, obrigado por tudo que me ensinou... Querido futuro, pode vir! Ah Donato eu sei se estivesse aqui estaria me dizendo: Chefe, meu amigo não deixe que o medo de cair te impeça de voar... Chefe! Se não houver vento, reme! Desistir jamais!

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Lendas Escoteiras. Danny Boy.



Lendas Escoteiras.
Danny Boy.

          - Lembra-se de Danny Boy? - Lembro-me sim. - Teve notícias dele? – Manolo sorriu. Não era mais aquele sorriso tímido de antigamente. Era mais completo mais presente. Li hoje no jornal. Danny Boy vai ser recebido pelo Presidente. Dizem que vai receber uma medalha. – Merecida pensei. Danny Boy nunca negou colaboração a ninguém. Costumava fazer oito a dez boas ações por dia e isto quando não fazia mais. Dizia que isto era um desafio para ele como Escoteiro. Seu nome de batismo era João Gonçalves. Deram a ele o apelido desde que nasceu de João Menino. Foi Freddy Mac Monte da Patrulha Leão quem o apelidou nos escoteiros de Danny Boy. – Freddy era filho de norte americano e tinha um saber inigualável – Contou para nos que em 1910 um inglês Frederick Watherly fez uma letra a qual chamou de Danny Boy. Mais tarde adaptou a letra na melodia “Londonderry Air”. Até hoje ela é cantada em todas as partes do mundo. Dizem que hoje em dia ela é quase considerada o hino da Irlanda do Norte.

              Se ele tinha o apelido de João Menino, todos resolveram o chamar de Danny Boy. Olhe eu vi tantos meninos escoteiros e convivi com outros tantos que Danny superava a todos. Uma alegria contagiante, a patrulha não vivia sem ele. Não podia atrasar que toda a Tropa não sabia o que fazer. Se era da patrulha Leão ele era considerado um Escoteiro de todas as patrulhas. Nunca parava e sempre ajudando uma ou outra. Se alguém ficava triste lá estava Danny Boi para alegrar. Se as notas escolares não eram boas Danny Boy tinha a solução. Os pais dos escoteiros sonhavam em ter um filho como ele. Na Tropa só não fazia milagres. O Padre Rosaldo ria de orelha a orelha quando ele chegava para ajudar na Missa ou na Benção diária. Limpava a igreja, corria para limpar da sujeira a praça e sempre encerrava suas tardes visitando doentes no Pequeno hospital de Estrela Dourada.

            Nunca se preocupou com especialidades, com Lis de Ouro, com cordões. Era um aprendiz daqueles que a gente sempre dizia que já sabia fazer. Sinaleiro de mão cheia. Morse para ele era brinquedo de criança. Se alguém se sentisse mal nos acampamentos ele corria ao redor procurando as ervas nativas que curavam na hora. Um dia soubemos que foi encontrado quase morto no Beco do Seu Bartolomeu. A cidade cresceu, novas ruas e o beco estava lá vazio, próprio para os gazeteiros ou marginais de toda espécie. Uma revolta geral nos escoteiros. Porque dar aquela sova em um menino que só sabia fazer o bem? Quando saiu do hospital Danny Boy nunca foi mais o mesmo. Taciturno, tez levantada, olhos tristes, procurou o Chefe Landau para dizer que ia sair e nunca mais voltar.

            Ninguém queria entender esta sua resolução. Havia uma peregrinação constante em sua casa de todos os membros do Grupo Escoteiro Luz do Amanhã. Ele foi irredutível. Não era meu amigo mais próximo. Mas gostava de mim como irmão. Vado, não dá mais. Não foi porque me deram a surra. Nada disto. Foi porque senti que não era tão importante na vida de outros meninos que não são escoteiros. Meu pai e minha mãe são contra e quando digo a eles que vou embora eles choram tentando me convencer a ficar. Danny! Você só tem quinze anos, não pode sair assim pelo mundo! – Ele não me respondeu e três meses depois sumiu da cidade.

               Passei na Banca do Seu Pedro e ele me deixou ler o jornal. A manchete dizia que ele foi um herói ao salvar o filho do presidente de morrer afogado. Depois que o salvou desapareceu e toda policia do governo foi incumbida de procurá-lo. Demoraram seis meses. Eles estava morando nas Selvas do Suriname. Tomava conta de um pequeno ambulatório mesmo não sendo médico nem enfermeiro. Era adorado por todos e sempre procurado pelos doutores da medicina do lugar. No dia da entrega da condecoração Jonny Boy não apareceu. Uma semana depois de novo no jornal que ele tinha partido para um Garimpo nas Selvas Venezuelanas. Disse para os amigos que lá tinham muitos que precisavam dele. O que é feito dele e onde está nunca mais soube. Danny Boy comprou um pedacinho do meu coração. Mora lá até hoje e nunca mais irá deixar a casa da minha vida. Só sai se eu deixar!

Os contos de fadas são assim. Uma manhã, a gente acorda e diz: "era só um conto de fadas..." E a gente sorri de si mesmo. Mas, no fundo, não estamos sorrindo. Sabemos muito bem que os contos de fadas São a única verdade da vida.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Histórias que os escoteiros não contaram. Tomé o cozinheiro.



Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Histórias que os escoteiros não contaram.
Tomé o cozinheiro.

Tomé tinha 12 anos quando se inscreveu na Tropa Caiapó. Franzino, aparência ingênua, sorriso calmo e olhos negros profundos tentando interagir, mas sempre de cabeça baixa. Segurava na mão de seu pai quando este foi com ele inscrevê-lo no Grupo Escoteiro. Falava pouco, parecia sempre estar sonhando. Quando foi apresentado a Patrulha Corvo, sorriu como se estivesse sendo premiado com um sonho de muitos anos. Sabia dizer sim senhor e quando o Monitor o chamava, ele dizia Sim Senhor! Monitor! Livramento sorria com seu estilo ingênuo, mas como bom Monitor tomou para si o preparar para as dificuldades da vida.

Três meses depois Tomé disse a Livramento que estava preparado para a promessa. Era seu sonho. Sonho de mostrar que a Lei seria por ele observada com rigor. Chefe Adauto muitas vezes perguntou a Livramento como andava o escoteiro Tomé. Sorria pela simplicidade com que seu Monitor lhe contava. Dizem que é difícil descrever escoteiros e lobos quando fazem a promessa, principalmente se ficaram sonhando por meses a espera desse dia. Tomé não sabia se sorria e ou se chorava. Tremia em posição de sentido, mas fez questão de dizer a promessa por inteiro sem repetir.

- Livramento, eu quero tirar a segunda classe, disse Tomé uma semana depois de sua promessa. Claro que Livramento o incentivou e disse para ele escolher três especialidades para ser entregue junto com o distintivo. Não vamos aqui descrever todo o contentamento de Tomé e nem de suas outras escolhas. Quando o Chefe Adauto me contou sobre a prova de especialidade de Tomé, me veio à memória quantas e quantas especialidades eu tirei e quantas foram motivas de regozijo e satisfação. Outros pais ficaram encarregados das outras especialidades, mas O Chefe Adauto se encarregou da de Cozinheiro.

- Gente! Como Tomé se dedicou a essa especialidade. Foi Livramento quem disse para ele sobre ela; - Tomé é uma Patrulha quem vai depender de você. Bem alimentados sorrisos e se for mal insatisfações. Se a comida for ruim você só ouvirá reclamações e o espírito de Patrulha vai para o brejo. Portanto aprenda o mais que puder. Já pensou todos te elogiarem no primeiro dia? Ah! Tomé levou a serio. Durante um mês ficou atrás de sua mãe e de sua avó para aprender. Dona Eulália sua mãe sorria compreensiva, mas Dona Ivonete sua Avó não aguentava mais a insistência de Tomé.

Chegou o grande dia. Seria no acampamento nas Terras do Lontra, do Coronel Lira grande amigo dos escoteiros. Sinfrônio a contra gosto entregou a ele a cozinha. Sabia que era só para a prova, mas na tropa todos sabiam que tirar a especialidade de cozinheiro não era para qualquer um. Tomé tremia no primeiro dia. Sem um bom fogão suspenso usou algumas pedras para fazer uma trempe. Não iria fraquejar.

Chefe Adauto narrou com lágrimas nos olhos o grande dia: - Chefe Vado, estávamos em uma clareira da Mata do Quati e soube que Tomé se saiu bem no almoço e fui convidado para tomar a prova de dele no jantar. Precisava estar lá Chefe, escurecia, uma fumaça leve na mata dava um aspecto de nevoa seca junto com outra que vinha do córrego das Pedras. Um espetáculo místico e fantástico, quando Tomé me deu meu prato cheio de arroz, macarronada e peixe frito para eu comer e dar minha nota na sua especialidade ele tremia.

- Demais Chefe, demais... Seus olhos me olhavam profundamente, a testa enrugada, tremia a Patrulha calada, todos esperando o momento final que não poderia ser outro: Tomé foi o melhor jantar que comi até hoje em um acampamento eu disse! A Patrulha saltou no ar gritando Anrê! Tomé me abraçou chorando e agradecendo. – Chefe, têm salário melhor? Eu também me senti assim, contente vontade de gritar Anrê, de dizer que tinha orgulho em estar ali com aqueles jovens que tanto esperavam de mim...

Ah! Histórias poderia dizer que são aquelas que os escoteiros não contaram são as melhores. Ninguém esquece sua primeira refeição no campo, do primeiro banho, da primeira pioneira e do primeiro fogo de conselho. Olhei para o Chefe Adauto e dei a ele um aperto de mão, forte firme apertado, e fiquei em pé em posição de sentido e disse: Ser escoteiro é um dos pontos mais maravilhosos que nós adultos podemos alcançar se conseguirmos chegar à altura do jovem!

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Histórias de Fogo de Conselho. Giovana.



Histórias de Fogo de Conselho.
Giovana.

Porque entrei? O que me levou a tomar tal decisão? Não foi uma decisão fácil. Nunca me passou pela cabeça que um dia adotaria tal filosofia. Eu tinha uma vida, acreditava que era feliz. Sei que momentos existem para nos dar ânimo e eu procurava fortalecimento nas palavras alheias. Achava que isto me dava autoconfiança e que promovia meu bem estar. Vivia cercada de amigas, mas entendi que as amizades verdadeiras são como árvores profundas: Nenhuma tempestade consegue arrancar. Foi ela quem me virou do avesso. No bom sentido é claro. Para ser sociável fui com ela conhecer. Achei estranho. Que ninho era aquele onde aves viviam como se estivessem em um planeta desconhecido, mas todos se davam bem? Foram amáveis, atenciosos uma civilidade que desconhecia, pois senti ali que as amizades verdadeiras continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. Voltei para meu lar com a mente cheia de dúvidas. Às vezes a dúvida nos deixa reflexões na qual a incerteza dos nossos atos tomam posse das nossas fraquezas.

Tempos se foram e até esqueci o dia que pisei nas flores de uma associação que distribuía sorrisos e amores. Voltei. Eu sabia que meus parcos conhecimentos me deixavam muitas vezes ansiosa outras me sentia orgulhosa por estar ali. Sentia-me uma espiga sem grão erguendo desdenhosamente a cabeça para o céu procurando inverter minha sensação de bem estar. O encantamento vem aos poucos. Você não sabe a hora certa que o ponto da razão determina. Aprendi ali que quem pensa muito erra pouco. Aprendi que o conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Aprendi que primeiro devia colher a sabedoria e que isto iria armazenar a suavidade dos meus sonhos para o amanhã. Entreguei-me de corpo e alma. Tornei-me um deles e engoli nas teias do destino o mel da fraternidade, do amor e da bondade. Eu sabia que a cumplicidade é o ultimo grau de sofisticação.

Agora eu era um deles. Vesti-me diferente. Andava sorridente aqui e ali. Uma vez que você tenha experimentado voar, você andará pela terra com seus olhos voltados para o céu, pois lá você esteve e para lá você desejará voltar. As sementes nem sempre dão bons frutos. É preciso saber separá-las ou melhorar sua genética para viver plantando em perfeita comunhão. O céu me viu caminhando na terra a procurar aventuras, entrar em matas profundas, dormir tendo ele como cobertor. Era sim um deles ou uma delas a desfrutar da beleza da natureza as flores que sorridentes nos recebiam com calor. Cada dia era uma descoberta, uma equipe perfeita, uma vontade de nunca mais sair. Amava as noites as fogueiras. O cheiro da fumaça era um balsamo para mim. Amava o fogo, amava meus amigos, sentia que a minha vida poderia terminar ali e morreria feliz.

As amigas de outrora se afastaram de mim. Sentiam ciúme, viam-me agora diferente. Eu dizia para elas que podia até cair o mundo, mas eu vou sempre me manter em meus domínios e encontrar a verdadeira fórmula para me fortalecer. Os anos passaram. Recebi um lenço, recebi um abraço e milhões de amigos neste planeta que poderá ser um dia o planeta do amor. Agora que amadureci, vejo como posso ajudar. Eu aprendi que aqueles que, com tão pouca ajuda recebida conseguem ir muito mais longe, do que aqueles que, muito receberam e pouco deram. Chamar isto como? Lei da compensação? Aquele que mais der mais recebe? Eu costumo chamar de lei da providencia divina. E ali naquele movimento fantástico mudei. Agora sabia que valia a pena as dificuldades, pois são elas que nos fortalecem e nos ajudam a crescer!

(Encontrado nos arquivos de uma Chefe escoteira que foi para o céu).

terça-feira, 24 de julho de 2018

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Apenas uma lágrima escoteira.



Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Apenas uma lágrima escoteira.

“Lágrima aflora. Na música lá fora, uma alma chora”.

                  “Contaste os meus passos quando sofri perseguições; recolheste as minhas lágrimas no teu odre: não estão elas inscritas no teu livro?” Salmos 56:8. Lágrimas, muitas vezes expressam o mais puro dos sentimentos, mas outras vezes a dor. Elas expõem o interior ferido e abatido, mas também pela alegria sentida ou pela partida de alguém. Um susto o Chefe escoteiro valente sente ao sentir uma lágrima a correr pela face e cair ao chão. Ele corre para com as costas da mão tentar fazê-la desaparecer. Não fica bem para um líder mostrar sua lágrima mesmo nos momentos mais felizes de sua vida. Diferente da Chefe Escoteira que sorri quando vê a lagrima caindo, ela se lembra do seu amigo que dizia que sorrir pode trazer a felicidade. Aquele mais afeito as sensações românticas, inesquecíveis, devaneios da vida quando sente a lagrima cair e rolar pela face, pensa que não é possível chorar e pensar ao mesmo tempo, pois cada pensamento vai absorver uma lágrima e elas sem pedir permissão irão rolar nas faces até cair ao chão.

                     Quantas lágrimas sentimos na vida escoteira, na alegria e na tristeza, quantas vezes há vimos correr pela face e sem saber por que elas estão ali sem pedir permissão? São tantas as nuances Escoteiras, são tantos os acontecimentos que não dá para lembrar e medir todas elas. Uma Lobinha que sorri, olha para você com seus olhos brilhantes e sonhadores e com aquela vozinha pequenina a dizer: - Melhor Possível Chefe! Será possível evitar uma lágrima nesta hora tão sublime? Ou então sentir o orgulho do Escoteiro que recebe uma comenda escoteira. Um lis de Ouro, um Escoteiro da Pátria, uma Insígnia de B-P. Olhar nos seus olhos, sentir sua força por tudo que fez para ter este direito, seu trejeito sem saber onde pisar, pois cada passo dado foi uma vitória e agora chegou sua hora: - Grupo Escoteiro firme. Escoteiro! Com orgulho entrego a você seu quinhão que tanto lutou para conquistar! - Uma lágrima aparece, corre pela face e cai ao chão abençoado.

                       Não só na dor e na tristeza, mas também nas belezas dos fatos e atos que vemos a cada dia e faz a gente vibrar, sem perceber lá vem ela distraída, quem sabe adormecida a cai devagar, a rolar na face sem pedir sem avisar. Mas aquela lágrima doida, da perda de alguém, de sentimentos insistentes que não querem ser esquecidos eis que a alma que está abatida, para ela o mundo se fechou, não se consegue enxergar mais nada em volta. É hora de lágrimas quentes sair dos olhos. Elas insistem em não obedecer e rolam na face simplesmente. Não tem como segurar. É mais forte que tudo. Nesta hora sufocada pelos sentimentos o coração bate apertado. Não tem jeito, só resta deixar a lágrima rolar para aliviar a dor e lavar a alma. Disseram-me ou me contaram que um dia a lágrima disse ao sorriso: - Invejo-te porque vives sempre feliz. O sorriso respondeu: - Engana-te, pois muitas vezes sou apenas o disfarce de sua dor...

                        É... Não sei se a lagrima vem ou ordenamos que ele chegue. Mesmo sabendo que o Chefe é forte pela razão, a Chefe é invencível pela lágrima. A razão convence; a lagrima comove. Já sentiu o sonho de um filho Escoteiro partir para uma grande atividade escoteira? A gente quer dar um sorriso, quer sentir força para saber que ele voltará sorrindo, mas eis que ela a lágrima aparece, calma, simples rolando pela face sem pedir para cair ao chão e desaparecer. Ah! Há lágrima chega é o momento em que subimos nossos olhos ao céu para não deixar cair uma lágrima no chão. Quantas vezes vi varonis chefões escoteiros, de mãos entrelaçadas ao redor da fogueira a cantar displicente a canção do Adeus. Ah! Como são bobos, eles não querem olhar para ninguém, tentam evitar que vejam suas lágrimas que caem pela face rolando para chegar ao chão.

                        Eu vi, juro que vi tantas lagrimas por este belo mundo escoteiro de Deus. Vi um Chefe nas campinas verdes do Centauro, olhando assustado um Bem ti vi que cantava nas folhagens de um capim gorduroso; vi uma Chefe espantada olhando o horizonte vermelho do sol se pondo tão longe, tão distante onde nuvens brigavam entre si para se abrir em uma névoa e ver o rio altaneiro a correr por longos vales sem fim. Vi chefes chorarem em um desfile encantado com o orgulho de seus meninos escoteiros vi tantos fatos e ocasos em lugares nunca antes imaginados meninos e meninas Escoteiras cantando o Rataplã. Hora de esquecer o tempo e sentir a lágrima rolando pela face até cair ao chão. Eu vi uma escoteira sorrindo e uma lagrima caindo quando ela saudou o novo dia de sua promessa que nunca mais esquece. Mas a lágrima mais bela, mais singela foi quando o Monitor da Touro na jornada do sol de meio dia gritou: - Chefe uma nascente a sudoeste! Hã! Quanta sede que se escondeu naquele calor, naquela Tropa cansada e agora chega para ouvir tanta pomposidade em uma frase tão simples. Quantas lágrimas surgiram? Quantas lágrimas caíram e rolaram pela face até chegar ao chão?

                     Qual o valor de uma lágrima? Acho que está no valor que você da à vida, no sentido em que deixa sua vida caminhar. Se você deixar seu coração quebrantado deixará lágrimas valiosas rolarem, mas se endurecer seu coração colherá lágrimas de amargura e sofrimento. Deus resiste aos soberbos, mas aos mansos concebe graça e sabedoria. “Olharei o mundo através das lágrimas. Talvez eu veja coisas que eu não veria secos.” (Nicholas Wolterstorff). As lágrimas nos fazem entender o perdão, mesmo que leve tempo para isso. Menino Chefe escoteiro! Eu juro! Eu dou minha palavra de Escoteiro! Eu vi milhões de lágrimas rolando pelas faces Escoteiras neste mundo afora. Nos Jamborees quando milhares de jovens se despediam, eram lágrimas simples, lágrimas alegres, lágrimas chorosas. Lágrimas que valeram tanto que transformaram corações duros em corações cheio de amores e alegrias.

                    Escoteiros do mundo, escoteiros que tem sentimentos, que gostam de contar estrelas, que amam seu país e o nosso Deus. Escoteiros que amam a natureza, que sentem uma lágrima cair quando ouvem o cantar de um pássaro no céu ou em uma árvore florida. Escoteiros que sabem o valor de uma amizade, que gostam de dar as mãos, pois para eles o escotismo não tem fronteiras nem riquezas, nem cor, nem razões para odiar. Escoteiros que sabem o valor de sua lei, o quanto vale um abraço, um sorriso franco, aqueles que a gente vê uma lágrima, apenas uma lágrima aparecer escondida e rolar na face até cair ao chão. Escoteiros que sabem que a verdadeira lágrima não é a que escorre dos olhos e desce pela face, mas sim aquela que cai no coração e permanece na alma...

sábado, 21 de julho de 2018

Contos em volta da fogueira. A parábola da rosa.



Contos em volta da fogueira.
A parábola da rosa.

                     O Chefe Conrado naquela noite em frente sua barraca nos recebeu com um delicioso cafezinho. Deixou-nos a vontade, pois à noite estava linda e o céu estrelado. Sorrindo falou em voz baixa: - Vocês sabiam que as pessoas desabrocham assim como as rosas? Ficamos olhando para ele espantados. – Saibam que precisamos aprender a ver a essência das pessoas, a beleza interior e não a beleza externa de cada um. Vou contar para vocês uma parábola que um dia ouvi de um mestre Escoteiro, quando sem querer em um vale florido ele começou a narrar uma historia que nunca tínhamos ouvido.

                    - Meus queridos escoteiros, um certo homem plantou uma rosa e passou a regá-la constantemente e, antes que ela desabrochasse, ele a examinou: - Ele viu o botão que em breve desabrocharia, mas notou espinho sobre o talo e pensou: - Como pode uma bela flor vir de uma planta rodeada de espinhos tão afiados? – Entristecido por este pensamento, ele se recusou a regar a rosa, e, antes que estivesse pronta para desabrochar, ela morreu. – Assim é com muitas pessoas. Dentro de cada alma há uma rosa. As qualidades dadas por Deus e plantadas em nós crescendo em meio aos espinhos de nossas faltas. Muitos de nós olhamos para nós mesmos e vemos apenas os espinhos, os defeitos. Nós nos desesperamos, achando que nada de bom pode vir de nosso interior. Nós nos recusamos a regar o bem dentro de nós, e, consequentemente, isso morre. Nós nunca percebemos o nosso potencial. Algumas pessoas não veem a rosa dentro delas mesma; Alguém mais deve mostrá-la a elas.

                   Olhando na face de cada um de nós ele terminou: - Um dos maiores dons que uma pessoa pode possuir ou compartilhar é ser capaz de passar pelos espinhos e encontrar a rosa dentro de outras pessoas. Esta é a característica do amor — olhar uma pessoa e conhecer suas verdadeiras faltas. Aceitar aquela pessoa em sua vida, enquanto reconhece a beleza em sua alma e ajuda-a a perceber que ela pode superar suas aparentes imperfeições. Se nós mostrarmos a essas pessoas a rosa, Elas superarão seus próprios espinhos. “Só assim elas poderão desabrochar muitas e muitas vezes.”.

                  O Chefe Conrado piscou o olho e como um bom poeta que era finalizou: - Eu queria ser uma rosa branca, mas do que me adianta ser branca se ao ser branca deixa de ser rosa, por tanto permaneço em mim transparente e habitante do planeta amor, firme na idéia caule só pra ver aonde broto flor.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Contos de fogo de conselho. Flávio Lembranças.



Contos de fogo de conselho.
Flávio
Lembranças.

O tempo passou. Estranho né, olhar pra aquele uniforme que já significou um mundo de felicidade prá mim e hoje sentir que minha vida não é mais a mesma. Estranho olhar pra aquele lenço que era o motivo que me fazia levantar pela manhã todos os sábados, e hoje não ter de vesti-lo novamente. Estranho não pensar mais naqueles jovens soberbos, não ficar querendo trazer tudo de volta por tempo inteiro. Estranho não ficar abrindo todas as minhas páginas de anotações e procurar saber sobre cada detalhe da minha vida escoteira, se eu dormi se me lembrei se eu chorei ou se eu sorri.

Estranho escutar o Rataplã aquela música que me encantou e não lembrar mais de como foi feliz. A música que salpicava meu coração de orgulho de ser mais um Escoteiro do mundo. Estranho como as coisas mudaram, como eu mudei e principalmente como o escotismo mudou. Estranho como muitas pessoas que já passaram pelo que passei e nunca esqueceram quanto foram felizes junto aos jovens que sempre nos querem bem.

Eu costumava dizer que seria um Escoteiro eterno, para sempre, que o amor que eu sentia por ele nunca acabaria. Hoje olho dentro de mim mesmo, e sinto que eu ainda amo ele demais. Mesmo longe desejo a todos que dele participam que sintam o que eu senti um bem enorme que sempre me fez bem. No fundo do meu coração eu quero que todos que labutam em suas hostes sejam infinitamente felizes. Um amor como o que eu senti no passado não acaba assim de uma hora pra outra.

Acho que eu me conformei sem raciocinar que nunca daria certo pelo meu gênio explosivo. Não foi fácil decidir e aceitar que nunca poderia continuar e foi extremamente difícil partir. Mas eu não tive outra saída, tive que desistir. E desistir eu sempre disse que faz parte dos que correm da luta, que não insistem por seus ideais. Ser Escoteiro puro nos pensamentos palavras e ações foi à coisa mais difícil que já fiz na minha vida.

Agora me arrependo e preciso voltar. Eu tenho que voltar! Eu sei que alguém me machucou, doeu, até hoje ainda dói à maneira com que me trataram. Mas eles são poucos e sei que não representam ninguém e que os outros me querem bem. Mas ninguém precisa saber não é mesmo? A partida sempre foi difícil, mas o retorno sempre é feito de felicidade e amor.  Irei colocar meu lenço, meu uniforme, irei até onde estive e tenho certeza que serei bem recebido. Afinal eu fui eu sou e serei por toda vida um Escoteiro de coração! Grupo lá vou eu!

quinta-feira, 19 de julho de 2018

“Amâncio”.



“Amâncio”.

                 Olhou para seu monitor e pensou em dar uma resposta à altura. Eram da mesma idade e Torpedo só mandava e nada fazia. Deu para empurrar a patrulha quando em fila. O jogou no chão algumas vezes. Fervia de raiva. Porque aceitar aquilo? Prometeu a si mesmo sair depois do acampamento em Aguas Formosas. Sonhava com ele. Um ano de preparação. Perder tudo que criou na sua mente? E o Ninho de Águia? E a Ponte Pênsil? Treinou amarras, costuras, desenhou. Deixar tudo para trás? Será que o Chefe não via as ações de Torpedo? Porque aceitar um monitor sem qualidades, mandão, déspota, prepotente a “comandar” uma patrulha que nunca iria aprender a andar com suas próprias pernas dirigidas por um monitor sem formação?

                  Foi para casa pensando o que fazer. Quantos entraram na patrulha e sairiam? Há dois anos quando entrou a patrulha tinha sete, Torpedo entrou e saíram tantos que agora só tinham quatro e olhe que mais de oito entraram depois. Uma conta que não fecha. Resolveu falar de homem para homem. Foi à casa de Torpedo. Ficou horrorizado com o que viu. Seu padrasto com uma correia na mão lhe aplicava a maior surra. Sua mãe corria pedindo perdão. Torpedo chorava e gritava. A patrulha policial chegou. Levou o Padrasto de Torpedo. Sua mãe o levou para o hospital, pois estava todo machucado.

                 Chegou sábado na sede e abraçou Torpedo. Este espantado não sabia o que dizer. Amâncio sorriu. – Torpedo, a amizade desenvolve a felicidade e reduz o sofrimento. Duplica a nossa alegria quando dividimos a nossa dor. Torpedo sorriu e abraçou forte Amâncio. Ficaram amigos para todo o sempre!

Amizade verdadeira não é ser inseparável. É estar separado, e nada mudar. Enquanto alguns escolhem pessoas perfeitas, eu escolho as que me fazem bem.


quarta-feira, 18 de julho de 2018

Lendas da Jângal. Carlito.



Lendas da Jângal.
Carlito.

                 Balu! O que é honra? – Carlito me pegou de surpresa. O que responder? Ele um Lobinho de oito anos precisava ouvir minha explicação conforme sua idade permite. Afinal dizer a ele que Honra é um princípio que leva alguém a ter uma conduta proba, virtuosa, corajosa, e que lhe permite gozar de bom conceito junto à sociedade, podia não entender. – Olhei para Carlito. Sério, me olhando e esperando uma resposta. – Gaguejei e falei o que podia falar: - Carlito é o que seus amigos esperam de você, que seja bom, amigo, respeitador, estudioso e cumpridor da Lei do Lobinho. Ele me olhou não acreditando muito. – Só isso Balu? – Falar mais o que? Completar que é um princípio de comportamento do ser humano que age baseado em valores bondosos, com honestidade, dignidade, valentia e outras características que são consideradas virtuosas?

                  Rezei para ele sorrir, me dar um melhor possivel e voltar para sua matilha. Mas ele não fez nada disto. Achegou-se mais perto e me olhando com aqueles olhos castanhos brilhantes nem sorriu e me sapecou mais uma pergunta – Balu! E Caráter? O que é? Danado de Lobinho. Deixando-me na berlinda com uma simples resposta. Nunca fui um estudioso destes temas. Sei que falamos nele diariamente. A imprensa cobra, na escola a professora exige e os pais se sentem orgulhosos quando vêem seus filhos agindo como um homem ou mulher de caráter. Tentei mastigar uma resposta. – Carlito, isto é o que os bons lobinhos têm de melhor. Agem e reagem como um lobo de Seeonee em sua alcatéia. É chamado de formação moral. A firmeza e coerência de atitudes. Ele me olhou como não estivesse entendo nada. – Tentei remendar: - São qualidades e defeitos de uma pessoa que vai determinar se sua conduta e sua moralidade podem dizer se ele tem caráter. Pense bem Carlito, se você é obediente, fala a verdade, tem moral que todos respeitam então existe coerência em suas ações, assim todos vão respeitá-lo pelo seu procedimento e comportamento.

                  Sorri para mim mesmo pensando ter dado uma boa resposta. Se ele tivesse me perguntado de Mowgly, da Roca do Conselho e da Flor Vermelha eu iria responder com gosto. Mas não, ele queria saber o que era honra e caráter. Deve ter ouvido em sua casa os comentários que estão fazendo hoje de muitos homens e mulheres que respeitavam e agora viram o outro lado de cada um. Baden-Powell um dia disse que não existe nenhuma escola com a disciplina de como formar caráter e honra. Muitos dizem que a família é responsável. E o escotismo não pode servir também para ajudar na formação de jovens com honra e caráter? Sei que sim. A lei do Lobo, A lei do Escoteiro tem tudo para mostrar o caminho a seguir. Mas se você não age como tal como dizer como deve ser o lobo com honra e caráter?

                   Carlito ouviu gritarem Lobo, lobo, lobo! Olhou-me e olhou para a Akelá. Queria saber mais e preferiu não continuar comigo. A disciplina que trazia dentro de si dizia sem sombra de duvida que obedecer era ter honra e caráter. - Gritou alto - Lobo! E saiu correndo em disparada para a formação do Grande Uivo.

O que é honra? – é um princípio que leva alguém a ter uma conduta proba, virtuosa, corajosa, e que lhe permite gozar de bom conceito junto à sociedade. É uma consideração devida a uma pessoa que se distingue por seus dotes intelectuais, artísticos, morais; O que é caráter? - É o conjunto das qualidades, boas ou más, de um indivíduo lhe determinam a conduta e a concepção moral; seu gênio, humor, temperamento, este, sendo resultado de progressiva adaptação constitucional do sujeito às condições ambientais, familiares, pedagógicas e sociais.

terça-feira, 17 de julho de 2018

Histórias de Fogo de Conselho. A fogueira.



Histórias de Fogo de Conselho.
A fogueira.

                 O sol se escondeu atrás da montanha. Sentados em volta do fogo quatro monitores e o Chefe Waldez, cantavam uma canção antiga que contava uma história dos Caçadores de Pele quando retornavam de sua jornada para suas casas nos grandes lagos do Canadá. Liliana ao terminar a canção disse a todos: - Amigos existe uma história de amor entre o sol e a lua.  Foi Topomak quem me contou. Tudo começou quando ela se pôs a reinar no céu de estrelas. 

               - Josiel sério pediu a palavra e Liliana gentilmente disse sim. – Amigos conta-se uma lenda que o sol disse que amava a lua, a lua também amava demasiadamente o sol. As estrelas disseram que esse era amor impossível. Foi então que o céu fora convidado a apadrinhar o romance, obstante, a nuvem chorou e chorou, pois também amava o sol. Quando as lágrimas se acabaram, a nuvem se foi nos braços do vento e o sol brilhou feliz. Mas ele fora praguejado para sempre pela nuvem e nunca pode encontrar sua amada lua. Hoje toda vez que a nuvem se lembra do sol a nuvem chora e chove... 

                  O Chefe Waldez que tudo ouvia, após o silencio que todos fizeram disse: -"O caminho espiritual é como o fogo que arde adiante de nós." - disse ele. -"Um escoteiro que deseja acendê-lo, tem que se conformar com a fumaça desagradável que torna a respiração difícil e arrancar lágrimas do rosto. Assim é a reconquista da fé. Entretanto, uma vez o fogo aceso a fumaça desaparece e as chamas iluminam tudo ao redor nos dando calor e calma".

              Zé Celso o mais antigo dos monitores disse: -"E se alguém acendê-la para nós?" - perguntou. -"E se alguém nos ajudar a evitar a fumaça”?

             Chefe Waldez com seu estilo mágico falou baixinho: - -"Se alguém fizer isto, é um falso Escoteiro. Quem pode levar o fogo para onde tiver vontade ou apagá-lo na hora que quiser e como não ensinou a acendê-lo, é capaz de deixar todo mundo na escuridão”...

               Compenetrados e após um cafezinho amargo, voltaram a cantar o Stodola (brilha a fogueira) enquanto no céu os cometas passavam célere sem rumo definido. Marco Antônio o Monitor mais novo sorria pensando: - É bom ter amigos, é bom saber que os verdadeiros amigos são como estrelas no céu. Eles são mais claros nos tempos da escuridão...

                Liliana olhou para Josiel e lembrou-se de um poema: - "Te dou um Céu Cheio de Estrelas, feitas com caneta bic Num papel de Pão.”.

                E nesta noite, um Chefe e jovens monitores sabiam que ali morava o coração de Deus!

Nota - Deitado na grama, o céu empoeirado de estrelas. Passei o dedo e - curioso - algumas vieram grudadas na ponta. Olhei para cima e assoprei. Foi tanta estrela caindo que agora eu mal consigo enxergar de tanta esperança...

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Contos de fogo de conselho. “Nicodemos”.



Contos de fogo de conselho.
“Nicodemos”.

                    Escolheu ir pela Rua do Ouvidor. Poderia ter ido pela Alameda dos Bonfins. Suas escolhas não tinham uma explicação lógica. Apenas um menino a perambular pela Rua indo em uma direção já escolhida. No quarteirão do Colégio Santo Antônio parou. Viu o enorme portão de ferro aberto. Foi até lá. Viu uns quinze meninos em circulo hasteando uma bandeira. Achou interessante. Entrou e se aproximou.  Achou bonito a bandeira subir, pois ventava e ela se abria totalmente.

                    Viu Conrado amigo de escola na frente de dois meninos. Ele segurava um bastão com uma bandeira com desenho de um bicho. Os dois professores que comandavam fizeram uma brincadeira que ele não entendeu bem. Afinal tinha meninos menores e maiores. Claro que os maiores iriam ganhar.

                      No final da brincadeira eles ficaram em pé e o professor deu uma aula que ele não sabia de que era. Quem sabe era matemática, pois ninguém gostava desta matéria e todos quase dormiam sem ouvir. Saiu pelo portão como entrou. Seguiu pela Rua do Ouvidor até o Escadão das Flores. Ele sabia que seus amigos estavam lá. Gostava de ir, um bom papo conversas proibidas ele ria a beça quando um dizia ter beijado a namorada.

                     Olhou no relógio. Esqueceu que fora roubado por uns moleques do Alto do Boi Bravo. Levaram também seu tênis que não era novo. Esqueceu completamente os meninos que dormiam na aula de matemática.  Pensou em seus sábados a papear no Escadão do Boi Bravo com seus amigos. Sentia-se bem ali. Lá ninguém pensava na aula de matemática. Suspirou fundo, todos estavam lá. Sorriu e pensou que era feliz!

domingo, 15 de julho de 2018

Lendas Escoteiras O preço de um sonho.



Lendas Escoteiras
O preço de um sonho.

                   Qual o preço de um sonho? Afinal sonhar tem preço fixo ou paga-se em suaves prestações? Dizem os poetas que sonho não tem preço, mas realizar tem. Depende de cada sonho, têm os sonhos com valores simples, outros irrealizáveis dependendo do que foi escolhido para um pobre mortal que sonhou por sonhar... Ah Bianca! Quantos sonhos tinha aquela menina? Sua mãe muitas vezes sorria e dizia – Filha põe os pés nos chão. Você sonha demais. Quantas vezes na sala de aula ela se assustava com a Madre Genoveva a gritar em seu ouvido: - Acorde menina pare de sonhar. Você veio aqui para estudar. Fazer o que? Se ela tinha tudo sabia que não tinha nada. O pai um homem importante, rico, quase não ficava em casa. Sua mãe taciturna, a proibia de tudo e não lhe negava nada desde que com ela presente. No seu quarto não sabia quantos presentes recebeu. Era pensar e alguém comprava para ela.

                    Ela sabia que a inveja é um pecado capital. Nas aulas de religião o Padre Enzo ensinou. Mas ela invejava e muito Giovana, Lena e tantas outras. Pareciam livres, pareciam pássaros soltos no ar a voar em qualquer direção escolhida. Ela? Ela não. Um motorista ia buscar e trazer no colégio. Ir ao cinema com sua mãe e mais ninguém. Um dia ouviu o pai dizer que ela podia ser raptada. – Fica de olho mulher. É só ela que temos e não sei se aguentarei viver sem ela. Quando ouviu isto pensou por vários dias. Porque ele não fica comigo, não passeia, não conversa e só uma vez me deu um beijo no rosto no aniversário dos onze anos? Ainda bem que ela podia sonhar. Sonhava acordada em sair por aí, a passear, a ver rapazes e moças de sua idade na praça, em pequenos bailes que ela ouvia algumas amigas contar. Em casa se trancava no quarto. Chorava muito, mas depois dormia e então era hora de sonhar.

                    Um dia fez o que não podia. Um sábado não viu ninguém. Saiu pela porta e nem o segurança estava. Sua mãe também não. Vestindo uma blusa rosa, um jeans velho e sem agasalho resolveu dar a volta no mundo. Iria ser uma nova aventureira, porque não? Pela primeira vez se sentiu forte, valente, corajosa e agora sim era dona de si mesma. Andou devagar, virou várias ruas. Parou em sinais esperando o verde. Bom demais! Vibrava! Isto sim é que é vida pensou. Alguém no seu ombro pós a mão. – Olhou devagar. Isto nunca aconteceu – Menina! Eu tenho uma rosa, formosa, pode pagar qualquer tostão. É para minha patrulha, pois vamos todas acampar!  Bianca ficou surpresa. Na algibeira tinha vinte reais. Deu a menina sorridente, de uniforme com um lenço azul da cor do mar. A menina sorriu. – Obrigada, não é muito? Não preciso respondeu Bianca. Posso conhecer sua patrulha?

                    Lá foram elas de mãos dadas pela Rua das Flores e em uma casinha pequenina outras meninas como ela brincavam de esconde, esconde. – Quer participar? Foi demais. Nunca Bianca teve tal liberdade. Foram horas de felicidade. Sim, o tempo, ele separa a alegria do compromisso e não nos dá a liberdade de brincar. Quando sonhamos queremos o sonhado para ontem de preferência, mas o tempo da vida é muitas vezes completamente diferente do nosso tempo interno e é nesta hora que outros fatores começam a minar a nossa confiança no nosso poder de realização dos nossos sonhos. Bianca se esqueceu de tudo. Tudo estava bom demais. A tarde foi chegando mansamente. E eis que de repente dezenas de radiopatrulhas cercaram a casinha das meninas que espantadas não entendiam por que. O seu pai chegou apressado, sua mãe com expressão severa. – O que fazes? Não avisas? Nos deixa pensando o pior?

                    Bianca queria chorar, mas sua felicidade de horas foi tanta que resolveu sorrir. Se o tempo foi curto sua alegria foi demais. Agora tinha novos motivos para sonhar. Dizem que começamos a criar macaquinhos na nossa cabeça quando resolvemos sonhar. Sonhos que um dia poderão ser verdade, mas será que vai dar certo mesmo? Será que quando eu alcançar isso vou me sentir feliz novamente? Pensou em pedir ao seu pai, a sua mãe, mas sabia que não iriam deixar. Pense bem, meninas de ninguém, você lá de família nobre no meio de gente pobre. Bianca pensava. Será que vale a pena tanto esforço? E assim começava o seu processo de autossabotagem de um sonho que não ia realizar. Se observarmos a natureza, existe nela tempo para tudo, temos as quatro estações, hora de esperar – inverno, hora de recriar - primavera, hora de deixar ir - outono, hora de se expor – verão.

                        A natureza é sábia, devemos usar desta mesma sabedoria, no nosso tempo para realizar o nosso sonho, o importante é você reconhecer se é isso mesmo que você quer isso mesmo que você sonhou, com todas as cores e detalhes. Feito isso, se entregue ao tempo da natureza, ela sabe o melhor momento para ser e será o melhor tempo para você também. Bianca naquela noite foi franca na sala de estar: - Ou me deixem participar ou nunca mais serei ninguém. Amo vocês, mas quero ser amada também, de outra maneira não do que estão a fazer dos meus sentimentos. Foi então que sua vida mudou. Bianca ficou amiga de Lena, que era amiga de Erico, que amava Giovana, que respeitava Enzo que era irmão de Lorenzo. Agora tinha uma patrulha para brincar, sorrir cantar e o melhor ir para as paragens do campo, da vida ao ar livre de poder voar como pássaros.

                         Seja quem você é e não quem o mundo deseja que você seja. Lute pelo que acredita, faça dos seus sonhos realidade. Bianca se tornou a menina mais feliz do mundo. Um cantil na algibeira, um lenço preso no arganéu. Um cinto de couro marrom, saia pelos campos como se fosse borboletas no ar. Não há mal que perdure quando nossos sonhos e desejos mora bem dentro da gente. Bianca agora escoteira aprendeu a sorrir novamente. Chega um tempo na vida que a gente aprende que ninguém nos decepciona, nós é que colocamos expectativa demais sobre o que pensamos. Cada um tem seu destino e a vida está aí para nos oferecer aquilo de bom que ela tem para dar!

Nota - Deixe que seus sonhos sejam maiores que seus medos. Aprenda a rir dos seus tropeços.  E não esqueça as noites mais escuras produzem as estrelas mais brilhantes.

Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

Bem vindo ao Blog As mais lindas historias escoteiras. Centenas delas, histórias, contos lendas que você ainda não conhecia....