domingo, 27 de outubro de 2019

Negócio de ocasião. A venda um coração Escoteiro!




Negócio de ocasião.
A venda um coração Escoteiro!

Uma explicação: - Quando fiz esse artigo estava (e ainda estou) desiludido com os rumos do escotismo atual segundo minha visão do programa de Baden-Powell (nem sempre correta). Meu coração balança, mas não vou me abdicar do que acredito. Nasci escoteiro e morrerei escoteiro. Não sou e nunca serei um aluno de Platão, de Sócrates, Aristóteles e Baden-Powell. Sou apenas um aprendiz. Uso e abuso da máxima, “Uma vez Escoteiro”... Sempre Escoteiro! Sempre Alerta!  

- A todos que interessarem estou colando a venda com muita dor no coração um canivete Suíço, usado por muitos anos e que serviu para limpar peixes que pesquei nas centenas de acampamentos que fiz. Vai junto uma mochila verde musgo, que ganhei de um Capitão do Exercito lá pelos idos de 1951 em ótimo estado de conservação. Ela viajou em meus costados por longas jornadas me levou a lugares incríveis, serras e montanhas nunca imaginadas. A venda também um colchão feito de dois sacos de estopa, vazios, que se transformam em um colchão quando cheio de capim ou folha seca quando forem acampar. Vendo uma marmita seminova limpa sem carvão, que ganhei de um fazendeiro de Mantena em Minas Gerais e nem sei se ele se arrependeu em me dar. Vai junto um garfo e uma colher de pau que fiz quando tirei minha segunda classe lá pelos anos de 1952. A caneca eu não tenho mais. Usava folhas de bananeira ou de taioba que me serviram sem reclamar.

- Está à venda e com muita tristeza um lenço verde amarelo, quadrado, pois assim era usado na época da minha promessa ainda em perfeito estado de uso. Anexo uma faca mundial simples, com o fio perfeito e com bainha em excelente estado de conservação talqueada para não enferrujar. Vendo uma machadinha de Escoteiro, perfeita, cabo de madeira de aroeira, envernizada, limpa, bem afiada e segue junto uma pedra de amolar que meu pai me deu e usei por muitos e muitos e muitos anos. Vendo um par de sapatos Vulcabrás, usados, mas ainda pronto para percorrer léguas e léguas nas estradas de terra do meu Brasil. A venda minha bússola Silva, que usei quando fiz minha jornada de Primeira Classe no vale do Cipó ainda em perfeito estado, sem quebras ou riscos e junto vai uma bússola Prismática, presente da Minha Tia da capital.

- Quase chorando coloco a venda meu bastão Escoteiro, duas polegadas de diâmetro, um metro e sessenta com ponteira de aço, com diversas marcas a fogo dos acampamentos que fiz. Em cima uma representação do meu Cordão Verde e amarelo, o dourado e a Correia de Mateiro que conquistei. Quem comprar recebe junto os cordões que conquistei. No topo tem várias especialidades não tanto como hoje, mas me orgulho da de Sinaleiro, Construtor de Pioneirías, Cozinheiro, acampador e Socorrista. Tem uma bandeirola que ganhei de um guarda campo da policia rural quando acampei na Serra do Caparaó em uma atividade no Pico da Bandeira. Com lágrimas nos olhos vendo meu cantil francês, que um Escoteiro do Rio ganhou em um Jamboree no Canada e me presenteou. Está limpo, sua capa bem adornada sem manchas. Vendo cinco meiões já gastos, alguns puídos, pois viajaram por tantos lugares e que guardam ainda belas recordações. Vendo um chapelão Escoteiro, de três pontas conservado e com as abas retas sem tortura. Tive três deles, mas só um posso vender, os outros valem uma vida escoteira que não posso perder minhas recordações.

Com amargura vendo também minhas estrelas de atividade. Algumas com cinco dez ou quinze anos e outras somente de um ano. Usei até receber minhas poucas medalhas de Bons Serviços. Estão em perfeito estado, pois meu Chefe fazia questão delas brilharem. Vendo cinco cadernos de aventuras, onde anotei minhas mais de setecentas noites de acampamentos, com histórias e contos dos fogos de conselhos, jogos noturnos, travessias em rios e balsas incríveis que hoje não existem mais. Vendo um sonho de menino que se realizou como escoteiro e dele nunca esqueceu. Não posso vender minha honra escoteira. Dela não abro mão. Meu caráter seguirá comigo para a estrela que for me receber. Ainda guardo na mente minha única palavra, minha honra e ética escoteira, minha lealdade e meu cavalheirismo aliado à cortesia que nunca abandonei. Ficam também sem oferta meus setenta e dois anos escoteirando e minha fé em Deus, pois sei que ele nunca vai me abandonar.

Pensei em vender as estrelas brilhantes no céu por onde acampei e que levei comigo devidamente guardadas no meu bornal amarelo por este mundão sem fim. As canções do passado que cantei e outras que eu mesmo fiz não é tão fácil de vender. Inegociável o sol meu amigo que não me pertence assim como a lua espetada no céu. Desculpe não oferecer os milhares de cometas que passaram por mim em velocidades incríveis sem dizer adeus e nem me lembro de quantos pedidos eu fiz. Ah! Ia esquecendo, A coruja buraqueira minha amiga do Pico do Ibituruna não me autorizou vender. O pardal o bem ti vi e a rolinha que me beijou nas margens do lago dos cisnes onde fiz meus amados acampamentos também não posso dispor. O Lobo Guará, um amigo da Serra da Piedade, Desconfiado sorriu e me disse: - Nem pensar Vado Escoteiro, nem pensar... Não estou à venda!

Quem quiser comprar, me encontre em Capella, uma estrela distante onde irei morar quando partir deste mundo. Estará tudo lá, pois levarei tudo comigo amarrados no cabo trançado que aprendi a fazer com um vaqueiro amigo calejado do Guaçuí. Sempre levava um deles bem apertado no meu cinto escoteiro que nunca troquei. E se quiserem histórias, venham sentar comigo em minha estrela que contarei a viva voz e de graça os dias felizes que escoteirando viajei nos meus sonhos e os transformei em realidades mil. Preço? Quanto valem? Não sei calcular. Venha se assente, esquente um cafezinho que está na brasa. Faça uma oferta, pois na minha Conversa ao pé do fogo você é sempre bem vindo. Espero você lá no céu amigo onde irei habitar.

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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