domingo, 12 de janeiro de 2020

Os Contos da noite. Ruth.




Os Contos da noite.
Ruth.

                      Fim da reunião. Melhor possível, Sempre Alerta e todos se foram para suas casas. Dei uma ultima olhada no pátio da sede onde aconteceu a reunião e não vi ninguém. Como Chefe do Grupo era a minha função olhar não só o campo, mas trancar portas e janelas da sede. Foi uma reunião normal, entreguei lenços de promessa e um certificado de curso ao Chefe Tadeu, que nos motivava com seu sorriso e sua alegria. Foi na saleta que para surpresa encontrei Ruth uma guia da Tropa Sênior sentada em uma cadeira e chorando. – Não era normal. Ela era uma guia das antigas, Lobinha e Escoteira com louvor. Fiquei preocupado. Não sabia o que dizer. Ela me olhou com os olhos rasos d’água. – Chefe, não dá mais. Não consigo pensar viver sem ele, mas com ele nem sei se poderei viver. – Pensei comigo: - O amor é a única loucura de um sábio e a única sabedoria de um tolo.

                  – Quem seria ele? Algum Sênior? Acho que não. Ela era séria demais para esconder um namoro com tal emotividade. - O que dizer para ela? Eu sabia que para os erros, há perdão. Para os fracassos chance. Para os amores impossíveis, tempo. Olhei nos seus olhos negros e continuei calado. Nem sempre temos as palavras certas para dizer.  – Ela se levantou me pediu desculpas me disse Sempre Alerta e vi que iria partir. Precisava dizer alguma coisa para ela, afinal era o Chefe do Grupo e devia ter noções de como apaziguar um coração de uma escoteira. Mas o que dizer? Que não deixasse que a saudade a sufoque, que a rotina acomode e que o medo lhe impeça de tentar? Eu não era um sábio e como aconselhador não fui da turma da primeira classe. Eu sabia que nunca tinha certeza de nada. A minha sabedoria sempre começava e terminava com dúvida.

                   - Pensei em lhe dar um abraço. Sabia que tem palavras que chegam com um abraço... E tem abraços que não precisam de palavras. Não fiz nada disto. Vi que ela estava indecisa esperando uma palavra minha ou um aconselhamento meu. Balançou a cabeça e partiu com o coração em prantos. Eu fiquei ali ruminando e a chamei sem esperança. Ainda não sabia o que dizer. Ela olhou para traz. – Ruth lute pelo que acredita, se nada mudar, invente, e quando mudar entenda. Se ficar difícil não desista, e quando ficar fácil agradeça. Se a tristeza rondar, alegre-se, e quando ficar alegre, contagie. E quando recomeçar acredite você pode tudo. Seria esse meu conselho para ela?

                   - Ela sorriu tristonha e nada disse. No portão da sede parou. Vi que pensou em voltar, mas seguiu seu caminho sem olhar para trás. Sabia que tinha de dizer minhas últimas palavras. Minha função minha obrigação. Falei alto para ela ouvir: - Ruth, tudo é possível pelo amor e pela fé que você tem em Deus! – Ela me ouviu e balançou os ombros. Virou a rua da sede me acenando como a dizer que não era seu último adeus...

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