terça-feira, 24 de março de 2020

Contos de um sexagenário fugitivo do Corona. Duzentos anos depois.




Contos de um sexagenário fugitivo do Corona.
Duzentos anos depois.

Diário de Tarsila do Amaral... Uma escoteira.
Serra da Canastra, 24 de março de 2220.

- A noite estava linda, o céu de estrelas um espetáculo a parte. Na porta da barraca o Chefe Frederick Russel Burnham olhava com carinho sua tropa de dezoito jovens. Ele preferia ser chamado de Chefe Dakota. Orgulhava de terem dado a ele o nome do seu ancestral nascido a onze de maio de 1861. Era um dos homens que se tornou um explorador militar norte-americano e um grande viajante. Ficou conhecido pelos serviços prestados no exército colonial britânico e por ter ensinado “woodcraft” (escotismo) a Robert Baden-Powell e se tornado um influenciador notável ao fundador do Escotismo. Junto a ele alguns escoteiros e escoteiras cantavam em volta de um pequeno fogo. A noite agradável com temperatura ambiente e relaxante fazia daquele acampamento próximo a nascente do Rio São Francisco mais um marco da Tropa Alpha Centauro. Nabucodonosor Monitor da Camaleão sorria com a beleza do universo. Todos o ouviram dizer a Isaac Newton seu sub... Meu amigo, olhar o céu, as nuvens, a lua e as estrelas realmente eu me sinto calmo e esperançoso. Vejam bem, azul, verde, cinza e branco alvo o céu é de todas as cores! Chefe Dakota sorriu. E eis que Barbara Heliodora, uma escoteira cujo sorriso era sua marca perguntou: - Chefe! Dizem que nesta data ouve uma mudança na humanidade por causa de uma epidemia na terra? Chefe Dakota pensativo deixou sua mente voltar no tempo e começou a contar...

- Quando minha bisavó Tarsila do Amaral ainda vivia, ela contava que houve uma grande epidemia na terra, apelidaram-na de Pandemia Covid-19. Ela não tinha certeza, pois esta história lhe foi contada pelo seu Bisavô e como sabem a cada lembrança vamos mudando o rumo da história. – Chefe! Perguntou Cora Coralina, naquela época os escoteiros acampavam? – Sim disse o Chefe. Mas eram mais elitistas, preferiam os Grandes Acampamentos, os jamborees e os lobos eram levados para grandes atividades que eram desenvolvidos pelos distritos e regiões. Muitos grupos tinham pais para lhe dar todo apoio. Os escoteiros quase nada faziam, não limpavam a sede, o pátio, e até as patrulhas não tinham seu material como hoje vocês tem. Eles gostavam mais de ficar na sede, ir para riachos e praças limpar a sujeira que naquela época os habitantes estavam acostumados a fazer. – Mas Chefe! Perguntou Charles Darwin, um escoteiro da Patrulha Condor. – Quer dizer que eles não faziam nada? Dakota o Chefe sorriu. Não era bem assim, eles faziam muitas atividades, mas eram mais coletivos. Os chefes gostavam de frequentar uma rede social de nome Facebook e ali escreviam, diziam sobre si, suas qualidades e ouve um que se intitulava Velho Chefe Escoteiro que era daqueles que diziam ser o dono da verdade costumava aconselhar, mas ninguém dava atenção. – Todos riram e alguns bateram palmas...

- Um breve silencio, pois um belo jato de luz azul atravessou o céu devagar... Sabiam que era a “Esperança” uma nave espacial que patrulhava a terra para dar noticias e boas novas. William Shakespeare da Patrulha Borboleta lembrou o que sua mãe contava quando se sentia triste: - Filho, quando sinto que estou angustiada, triste e ficando sem saídas, olho para o céu para lembrar que a vida é infinita e grandiosa. – Mas Chefe! Indagou Tomaz Edson, eles não tinham liberdade para ir e vir? – Dakota se lembrou das palavras de seu bisavô: - Era outra época. Muita criminalidade, não se podia confiar aonde iam. Tudo calculado. Ninguém tinha confiança no andar, ir e vir. Pois é Chefe, disse Clarice Lispector, minha avó sempre dizia que enquanto pudermos erguer os olhos para o céu, sem medo, saberemos que temos o coração puro, e isto Chefe significa felicidade! Todos aplaudiram com uma palma marciana. Hã! Lembrou-se dos Escoteiros de Marte.

- Havia naquela época muitos escoteiros simples, humildes que faziam ao seu modo um belo escotismo, continuou o Chefe Dakota. Eles eram pobres e não podiam frequentar os Grandes Acampamentos e nem comprar seus materiais. Tudo muito caro, chamavam “Escotismo dos Ricos”. Aqui mesmo onde estamos muitos deles montaram tendas de folhas e galhos, olharam para o céu e um deles deixou escrito em uma pedra: - Como é bom contemplar o céu, interrogar uma estrela e pensar que ao longe, bem longe, um outro alguém contempla este mesmo céu, essa mesma estrela e murmura para si mesmo... Saudade! – “Céu azul e brilhante é a barraca e o telhado do mundo inteiro”... Comentou Platão, um escoteiro sonhador. O Chefe Dakota continuou: - A tal Pandemia matou muita gente no planeta, aqui no Brasil milhares morreram, mas eles foram mártir de uma época que desconhecia tamanha mortandade. Ensinaram muito. Deixaram um legado de como viver em família, a conversar, a esquecer da modernidade, pois amar é bem melhor que deixar de lado a confraternização e fraternidade. Chiquinha Gonzaga levantou e com sua vozinha tão linda disse bem alto mostrando uma nuvem passando: - Vejam irmãos escoteiros, que paisagem linda, o vento levando as nuvens pelo céu azul! Todos olharam calmamente, apreciando os novos tempos que começavam.
  
- Conta mais Chefe! Disse Voltaire. – Dakota continuou. Eles escoteiros e escoteiras aprenderam a simplicidade, a ouvir mais do que falar, a olhar com mais carinho os jovens e os jovens aprenderam a entender melhor a Lei Escoteira e a amar seus chefes pelo novo exemplo que na terra floresceu. Acabou aquela ilusão de ser melhor, de ter mais que os outros, esqueceram-se de suas promoções, condecorações e passaram a ver vocês os jovens como o motivo principal do escotismo. Procuraram ler o nosso amado fundador Baden-Powell, entender suas palavras e ver que nada é moderno perto deste céu tão lindo. Francis Baicon da Patrulha Urso Panda sorrindo recitou: - Chefe... Para muitos o céu é o limite. Para mim o céu é o meu lar! Leonardo da Vince pegou sua harmônica e começou a tocar Stoldola... Uma canção tão antiga como a frase de Fernando Pessoa... Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido. Todos olharam para a fogueira e em uníssemos cantaram com o som de Leonardo... Brilha a fogueira ao pé do acampamento, para alegria não há melhor momento, velhos amigos não perdem a ocasião de reunidos cantar uma bela canção!

- Um ribombar se ouviu no céu como sempre acontecia quando chovia na Cachoeira Cascata D’Anta... – Olavo Bilac sorriu. Era sempre assim, trineto de um Escoteiro do Ar lembrou-se do que leu em suas memórias: - Não fique triste. Olhe para o céu e veja que o sol também está sozinho, mas nem por isso deixa de brilhar. Sabia que os anos passaram, os velhos tempos ficaram para trás. Mas ali naquela noite de março de 2220 ele tinha certeza que seu coração era escoteiro. Não importa quantos anos mais, Baden-Powell o Criador seria lembrado para sempre. Dakota um sonhador pensou que a felicidade era sua por ter escoteiros e escoteiras como aqueles ao seu redor. Dizia para si que o que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê! E todos foram dormir!

Obrigado por ter me dado à honra da leitura. Comentários são sempre bem vindos! Sempre Alerta e fraternos abraços.

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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