As travessuras da Matilha Marrom
"O pensamento positivo pode vir naturalmente para alguns, mas
também pode ser aprendido e cultivado. Mude seus pensamentos
e você mudará seu mundo”
Norman Vicent Peale
também pode ser aprendido e cultivado. Mude seus pensamentos
e você mudará seu mundo”
Norman Vicent Peale
O Balu e a Bagheera estavam descontentes com o acontecido. Não foi a primeira vez. Se continuassem deste modo as providencias de aconselhamento teriam que ser outras. Afinal deviam ter pleno conhecimento da Lei do Lobinho e a matilha Marrom não era formada por lobos novos. A Alcatéia era mista e na Marrom havia 3 meninas e 3 meninos. Quase todos com mais de um ano no Grupo Escoteiro.
O que fizeram, ora, ora! Estavam todos em uma esquina e esperando as pessoas iniciarem a travessia da Avenida e quando o sinal ficava verde, escolhiam pessoas idosas para irem por traz e buzinar com grande algazarra uma Guguzela, bem perto do ouvido. Porque fizeram isto? Perguntaram. Ora Balu o sinal podia abrir e os carros passariam por cima deles. Só ajudarmos!
Bela ajuda. Existiram outras. Entraram em um jardim de uma residência, e ali colheram todas as flores disponíveis. Como nada entendiam do corte e como fazer, destruíram boa parte do jardim. O proprietário vendo aquilo os pôs para correr e foi até ao Grupo Escoteiro reclamar. De novo? – Bagheera perguntou. Hoje é o dia da mulher e íamos distribuir rosas e outras flores para todas as senhoras que encontrássemos!
Sem contar a boa ação que disseram ter feito, de amarrar com cizal todos os cachorros que encontraram na rua, uns com os outros e quando tinham uma matula de mais de 15 cães, eles fizeram uma grande algazarra em frente a um posto médico. Ora! Que boa ação foi esta? Perguntou o Balu. - Era para facilitar os donos encontrarem quando procurassem seu cão perdido!
Agora a Akelá precisava ser informada. Devido à viagem urgente ao interior motivado por enfermidade na família havia viajado. Voltaria no próximo sábado. Comentaram com o Chefe do Grupo que deu boas gargalhadas. Depois viu que não tinha agradado aos chefes. Parou de sorrir e perguntou o que fizeram a respeito.
Até agora só aconselhamos, tiramos pontos deles na reunião, estão sem se classificarem na contagem final para receberem o totem do Lobo Gris. Dois deles tem a entrega da segunda estrela suspensa assim como a primeira estrela de uma lobinha.
Não sei se vai adiantar. A Akelá vai chegar e vamos tentar novas reprimendas. Quando falamos em trocar alguns deles de matilhas, resistiram e choraram. Quem sabe é o corretivo que pode resolver. O Chefe de Grupo ficou pensativo. Nunca tinha visto nada igual.
Foi uma surpresa tudo aquilo. Pensando bem, eles não eram maus. Seus objetivos tinham finalidade e poderia se feito de outra forma com finalidades reais. Bastava ter criatividade sem prejudicarem a alguém. Sabia que eles tinham amor a alcatéia, ao grupo, e a sua maneira achava que cumpriam a Lei do Lobinho.
Mesmo com aquela idade não distinguia malicia nos seus atos. Claro que a vizinhança não pensava assim e tinham certas reservas. Isto podia prejudicar a imagem dos escoteiros. Assim sendo o assunto deveria ser tratado de maneira enérgica antes que o mal crescesse mais que a raiz.
A Akelá retornou e a colocaram-na ao par. Ela sorriu de leve e disse que não nos preocupássemos. Ela tinha uma boa idéia para isto e afinal, eles iriam mudar para sempre seus arroubos mirabolantes. Não nos colocou a par do que seria.
Lili havia feito oito anos. Não demonstrava isto. Quem não soubesse afirmaria que passara dos dez. Seu raciocínio e desenvoltura corriam paralelos a um adulto. Seus pais já observavam isto. Quem sabe foi o motivo para a colocarem no Grupo Escoteiro. Ouviram da psicóloga sobre matriculá-la em uma organização, onde houvesse uma disciplina mais rígida, sem tolher sua liberdade e criatividade.
Adorava seus amigos lobinhos. No inicio teve dúvidas. Com alguns meses já liderava a matilha Marrom. Não era a prima e nem segunda. Isto não importava. Todos ali gostavam dela e suas idéias eram acatadas sem discussão. Fora ela quem planejara todas as traquinagens da matilha. Nunca nenhum deles disse que ela é quem liderava. Assumiam juntos as responsabilidades.
Tinha uma grande admiração e amor pela Akelá. Quando a matilha fazia travessuras, Lili ficava com medo da descoberta pela chefe. Passou a organizar suas “expedições” em locais mais distantes. Já estavam agindo ha mais de 4 quarteirões da sede. Para isto chegavam sempre uma hora antes do início das reuniões.
Sabia de cor a Lei do Lobinho e em sua casa lera por inteiro o livro da Jângal. Conhecia de cor e salteado as aventuras da alcatéia de Sheone. Sonhava com Mogly e sempre pensou porque Kipling não tinham posto na história uma lobinha, companheira de Mogly.
As etapas para receber os distintivos conforme o desenvolvimento na Alcatéia, ela sabia de cor. Não tinha idéia por que não entregava a ela tudo aquilo que julgava ter direito. Não entendia a tal de progressividade. Considerava os demais da matilha como seus irmãos. Talvez por ser filha única, ali se encontrou como se fossem da mesma família..
No sábado seguinte, após a reunião fora chamada para uma conversa em particular com a Akelá. Lili estava preocupada. Ninguém sabia que as idéias e as traquinagens eram dela. Mas a Akelá parecia saber. Pensou que seria afastada do grupo. Seu coração batia forte só em pensar nisto. Não poderia sair, ninguém tinha o direito de expulsá-la pensava.
Foi de cabeça baixa. Seus olhos estavam vermelhos. A Akelá a abraçou e disse para não se preocupar. Lili era tudo de bom que a alcatéia possuía. Sem ela dizia a alegria não seria reinante nas reuniões. Não entrou em detalhes de sua traquinagem e sua liderança sobre os demais. Somente a convidou para ir com ela ao Zoológico no domingo. E os outros perguntou? Só eu e você respondeu a Akelá.
Já falei com seus pais e eles deram autorização. Quero mostrar uma coisa para você que sei vai ajudá-la muito no seu crescimento e na sua forma de pensar e liderar. Não entendi bem, mas adorava ir ao Zoológico. Dormiu pensando no passeio. A Akelá chegou cedo. Ela ainda não havia tomado café. Colocou seu uniforme e viu que a Akelá também estava uniformizada.
Conversaram pouco durante a viagem. Mas se soltaram quando lá chegaram. A Akelá pediu para ela prestar bem atenção de como os animais, pássaros, repteis e peixes diversos se comportavam. Porque será que cada um tem sua morada. Porque não os colocam juntos como na floresta. Ela não entendeu bem, mas tentou ao seu modo olhar de maneira inusitada para todos eles.
Ao meio dia, pararam para fazer um lanche em um quiosque. Após, a Akelá começou a contar para ela como os animais viviam em seus habitat naturais. Explicou como o Rei da Selva tratava os demais. Falou sobre o respeito, as normas – claro, eles também tem normas disse. E que ali viviam melhor que como os homens vivem.
Nenhum deles de maneira nenhuma iriam brincar com quem não fosse da sua família. Quando ela e a matilha Marrom saiam para alguma diversão, estavam entrando na vida das pessoas. Cada uma tem sua maneira de ver, de achar, de interpretar o que querem ou não querem. E como se o javali invadisse o lago de hipopótamos para brincar. Seria morto na hora não?
Lili ficou pensando nas palavras da Akelá. Achava que a mensagem transmitida da ida ao Zoológico tinha coerência. Em nenhum momento a Akelá deu exemplos do que fizeram, mas Lili sabia onde ela queria chegar. Prometeu a si mesmo que iria mudar. Afinal como ela disse, todos nós temos nossos direitos e nossos deveres. Devemos ver onde começa e onde termina para não prejudicarmos ninguém.
Passaram-se dois meses. A Alcatéia vivia em plena harmonia. Não houve mais traquinagens. A matilha Marrom se transformou. Todas as demais notaram e se aproximaram mais dela. Lili ficou mais querida de todos os lobinhos e lobinhas. Recebeu sua segunda estrela e chorou de felicidade. Sonhava em ser uma lobinha cruzeiro do sul.
Não tinha a mínima idéia de como seria a tropa das Escoteiras. Sabia que um dia iria chegar lá. Mas o amanhã é outro dia. Lili vivia o presente, pensando nos erros do passado e tentando não errar para o futuro.
Seu pensamento agora era voltado para a grande aventura de sua vida. Iriam acantonar com mais cinco alcatéias com uma programação de 4 dias. A Akelá, o Balu e a Bagheera contaram como seria. Não disseram as surpresas, mas Lili vivia o presente pensando no mês seguinte. Como deveria ser maravilhoso. Conhecer mais de uma centena de lobinhos e lobinhas.
E a matilha Marrom continuou unida por muitos e muitos anos. Alguns passaram para a tropa, entraram outros, mas a amizade, a fraternidade e o respeito faziam parte da vida de cada um.
Nas cerimônias do Grande Uivo, os marrons saltavam com alegria e vivacidade a dizer a plenos pulmões quem eram e o que seriam – “Melhor, melhor, melhor melhor? – Sim, melhor, melhor, melhor e melhor”.
E quem quiser que conte outra...
Quem estuda e não pratica o que aprendeu é como o homem que lavra e não semeia.
Provérbio árabe
ADOREI... e com certeza esse lobinho ai é um traquina..mas muito amado por todos
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