AS LEGENDÁRIAS LENDAS ESCOTEIRAS
(Quinzenalmente ou mensalmente, iremos publicar contos na linha do imaginário. o titulo acima servirá para mostrar que o acontecimento é obra de ficção, mas não avalizo que possa ter alguma verdade. Você decide)
Historia de hoje: Jim, O Escoteiro do Futuro.
Não há nada mais perigoso do que acreditar que se detém a fórmula que vai continuar sempre conduzindo ao sucesso.
Tom Lambert
Conheci Jim no outono passado. Um menino esperto para sua idade. Olhando poderia dizer que estava com 12 ou 13 anos. Não perguntei. Jim morava na capital do estado, em uma bela mansão e só pelos seguranças na porta, atentei que era de uma família de posse, e que Jim não tinha liberdade de locomoção.
Isto era habitual nestas famílias o que tirava muito o alvedrio em suas atividades cotidianas. Jim pertencia ao 847º G. E. Quênia, por sinal um magnífico grupo. Conhecia muitos dos seus chefes e sempre quando a serviço ou de férias indo aquela cidade, não deixava de visitá-los.
Jim era o sub.monitor da patrulha Corvo e todos gostavam e admiração sua figura. Ainda não tivera condições de ser um primeira classe, mas estava caminhando para isto. A patrulha tinha certo receio de Jim. Alem de literato mostrava ser douto em quase tudo que constava nos livros escoteiros editados em nosso pais.
Seu pai, um importante executivo de uma montadora alemã, viajava muito ao exterior e não se esquecia de Jim, comprando todos os livros do gênero que Jim gostava, principalmente de motes escoteiros. Possuía uma bela biblioteca em sua casa. Muitos dos livros escoteiros que estão no grupo, foram doados por Jim.
Desculpem. Não escrevi como Jim era. Estatura mediana para sua idade, magro, cabelos totalmente loiros, olhos azuis e adorava vestir o uniforme caqui curto, não deixando de lado o chapelão, comprado pelo pai em Londres. Seu chefe de Tropa me garantiu que Jim era um exímio interprete, falava e escrevia corretamente oito idiomas. Surpreendente! Não imaginava.
Soube também que era exímio em informática e a dominava com maestria. Podia dizer que poderia dominar qualquer programa ou subjugar o mais famoso hacker ou docente na área. Boa parte do seu tempo vivia enfurnado em seu quarto fazendo estripulias honestas na senda do mundo virtual.
Estava eu uma tarde de sábado a observar o andamento das reuniões na grande área reservada aos escoteiros pelo clube, que era a entidade mantenedora, quando Jim aproximou e pediu que o levasse para casa. Não estava passando bem. Procurei o Chefe do Grupo, que concordou e me avisou que não era a primeira vez. Para não me preocupar.
Cheguei à mansão de Jim, e quando ia me despedir ele insistiu que eu entrasse em sua casa. Tentei recusar, mas ele foi tão enfático que não pude denegar. Avisado os seguranças, entrei em sua casa. Seus pais não estavam, haviam viajado para a Europa na semana anterior. Estava somente sua Avó e uma governanta e por esta fui recebido.
Jim pegando em minhas mãos, me levou até seu quarto. Senti-me estranho e meio sem jeito com tudo aquilo. Fui com a sublime missão de satisfazê-lo e retornar em seguida. Não foi o que aconteceu.
Em seu quarto, bem grande por sinal, Jim me contou uma história, que para não desmerecê-lo, ouvi profundamente. O que narrava, para mim eram enigmas inteligíveis. Perguntou-me se tinha lido os volumes escritos por J.J. Benitez, Operação Cavalo de Troia. Claro que conhecia, mas perguntei a ele do que se tratava. Ele contou-me uma historia que sublinhava a perplexidade. Que imaginação tinha aquele menino.
Mas vamos ao relato de Jim. Explicou que após ler os seis volumes, achou que poderia construir uma maquina do tempo, bem melhor do que a escrita por Benitez. Ele tinha um conhecimento que os participantes na época do acontecido não tinham. Possuía hoje um tecnologia muito superior.
Demorou seis meses para construí-la. Usou um pequeno sótão no sitio, ou melhor, dizendo fazenda, onde passava alguns fins de semana. Poucas claro. O escotismo tinha preferência. Quando terminou ficou em dúvida aonde iria pela primeira vez na viagem do tempo. – Quanta fantasia! Pensei. Seria um ótimo novelista no futuro, quando crescesse.
Mas voltemos a Jim e sua história fantástica. Uma das suas manias era de pesquisar e conhecer bem, como teria sido realizado o primeiro acampamento escoteiro em Brownsea, como foi o convite, suas reações, como era o estilo dos jovens. Tinha o sonho de ver a sua frente Baden Powell em pessoa. Assim programou sua máquina para aquela época, dia e mês do evento. Pesquisou horário e não conseguiu uma cópia exata do uniforme da época.
Conseguiu fazer um uniforme escoteiro inglês (não tinha certeza se estava nos padrões), e embarcou em sua máquina, em um domingo, quando seus pais estavam ausentes. Seu destino era a Ilha de Brownsea, no dia 31 de julho de 1907, as 09 AM. Sabia que BP lá estava desde o dia 29, mas somente neste chegou os últimos 8 jovens convidados.
A viagem demorou exatos cinco minutos. Sua máquina pousou perto do local, em um matagal. Isto era esperado, pois a ilha era praticamente desabitada. Percorreu mais ou menos 300 metros e avistou a aglomeração de mais de uma dezena de pessoas. Pelos uniformes e participantes, tinha certeza que era horário da cerimônia da bandeira e ficou perplexo com o aspecto de BP e dos demais.
Quase não havia jovens pequenos. A historia dizia que foram escolhidos e convidados jovens entre 12 e 17 anos. Achou-os bem mais velhos. Estavam conversando entre si e logo um dos acompanhantes de BP que ele calculou ser Sir Percy Everatt chamou a todos e pediu para formarem um semicírculo. Colocaram uma bandeira em um pequeno mastro de madeira com todos cantando o hino inglês. Deus salve a Rainha.
Não teve dúvidas. Aproximou e fez a saudação habitual, dando um sempre alerta em inglês. Um dos adultos que só podia ser o Major Keneth Mc Larem, companheiro de armas de BP perguntou quem era e ele.
Como dominava bem o idioma inglês, explicou que era escoteiro brasileiro. Deram muitas risadas. Conversou pouco com o major e vi que estava incrédulo com tudo aquilo. Tentou se aproximar de BP, mas não conseguiu.
Sua maquina estava programada para retornar 20 minutos após o pouso e não tinha mais tempo. Só dez minutos restantes e voltaria para o presente. Se não estivesse nela no tempo final ficaria ali para sempre. Não era boa idéia. Que pena quanto daria para ter visto as quatro patrulhas, corvo, lobo, maçarico e touros em ação.
Deu adeus e correu em direção a máquina. Ninguém se preocupou com ele e não o seguiram. Entrou e em cinco minutos estava de volta ao presente. Tentou voltar outras vezes, mas a maquina não obedecia. Seu pai ficou zangado quando a descobriu. Mandou alguns empregados desmontá-la e nem perguntou sua utilidade.
Fiquei ali olhando para Jim. Estava preocupado com a imaginação fértil do menino. Seus pais deveriam preocupar-se mais no seu desenvolvimento. Naquele momento me preocupou a fantasia de Jim. Prometi a mim mesmo que quando retornasse ao grupo de Jim, falaria com o Chefe do Grupo.
Na saída, Jim me presenteou com um CD, disse que era de uma grande atividade que tinha participado. Coloquei no bolso do paletó e após agradecer ao seu convite, cumprimentei a Avó que estava na sala (me ignorou completamente) e parti.
No retorno a minha cidade nem pensei mais no assunto. Estava muito cansado e logo ao chegar a minha casa dormi o sonho dos anjos. Acordei cedo e voltei as lides profissional. Retornei lá pelas tantas, tomei um banho, fiz uma leve refeição e antes de dormir lembrei-me do CD de Jim.
Coloquei no aparelho, e quando apareceu às primeiras imagens quase caí da poltrona. Impossível! Jim tinha filmado todo o tempo que passou em Brownsea. Ali vi perfeitamente BP, o Major, Sir Percy e os demais escoteiros. Fiquei apalermado! Assustado mesmo! Ou para não dizer, pelas barbas do Profeta! – Na tevê com nítida imagem não podia haver qualquer montagem.
Afinal o que era o menino Jim? Um super dotado, um hacker inigualado? Um cientista promissor? Enfim, não podia contar esta historia para ninguém. Guardei o CD e nunca o mostrei para amigos ou colegas escotistas. Era meu dever ficar calado para não ser chamado de tolo!
(Aguardem para breve, outras aventuras de Jim, o escoteiro do futuro!)
E quem quiser que conte outra...
Quem estuda e não pratica o que aprendeu é como o homem que lavra e não semeia.
Provérbio árabe
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