segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

JIM O ESCOTEIRO DO FUTURO EM AS MINAS DO ESCARAVELHO NEGRO


AS LEGENDÁRIAS LENDAS ESCOTEIRAS

(Quinzenalmente ou mensalmente, iremos publicar contos na linha do imaginário. o titulo acima servirá para mostrar que o acontecimento é obra de ficção, mas não avalizo que possa ter alguma verdade. Você decide)

Historia de hoje: Jim, o Escoteiro do Futuro – Em as Minas do Escaravelho Negro

Capitulo I

Vocês já conhecem Jim, o escoteiro do futuro. Como disse antes tem entre 12 ou 13 anos. No conto I ele afirmou ter construído uma máquina do futuro e voltou ao passado, exatamente no início do primeiro acampamento realizado em Brownsea por BP em 1911. Fantástico não? Mas o inacreditável foi que Jim me presenteou com um CD, onde gravou sua viagem. Não sei o que dizer, sinceramente!

Sempre que vou à capital visito o Grupo Escoteiro do Jim. Gosto deles. São todos excelentes amigos e diferente de muitos. Quando chego me enchem de mimos, abraços, apertos de mão e não faltam convites para lanches, chope, uma noite em casa de alguém enfim, apesar de estarem em um bairro nobre da cidade, mostram uma fraternidade inigualável.

Ontem mesmo lá estive. Revi amigos, trocamos idéias, e claro, lá estava Jim, o escoteiro fantasioso e que em seu imaginário idealiza fábulas inexplicáveis, como se fosse um contista do futuro. Jim era único. Na patrulha Corvo era benquisto e sempre muito solicitado nas intrínsecas atividades do dia a dia da patrulha e do grupo. Super dotado intelectualmente, falava corretamente oito idiomas. De família classe alta, considerava o movimento escoteiro seu habitat natural.

Mas já fizemos a apresentação de Jim em nossa historíola anterior. Assim vamos aos “entretantos” e aos “finalmente”. Ouvi dele próprio. Uma historia burlesca e que nunca poderia ser cômica se não fosse pela criatividade, tão simétrica como Jim, com seu sorriso franco, em afirmar sempre que o Escoteiro tem uma só palavra, tem honra e tem caráter. Enfim, adjetivos que não esclarecem a veracidade da narrativa.

Como todos os Grupos Escoteiros, nos meses de férias escolares são interrompidos as atividades escoteiras. Salvo para cumprir programas montados anteriormente, sejam acampamentos, grandes excursões ou mesmo um Ajuri, Camporee, Encontro Nacional de Patrulhas, ou quem sabe um Jamboree. Fora isto, os jovens seguem seus pais em férias e só se ouvem falar deles no inicio das atividades com datas semelhantes com a do colégio.

Jim padecia com tais ociosidades. Seus pais viviam viajando. Poucos ligavam para ele. Poderia se quisesse fazer seu próprio programa. Seu benfeitor sempre colocou a sua disposição um veículo com motorista e era freqüente ter consigo um guarda costa. Poderia ir para onde almejasse.

O escotismo sempre foi uma taboa de salvação para Jim. Lá ele se encontrava. Eram afáveis com ele. O tratavam como igual. Ninguém se preocupava se era rico ou pobre, se falava diversos idiomas ou se sabia todas as respostas. Isto não era importante para eles. Este fato alimentava seu amor que dia a dia crescia pelo Escotismo.

Assim abominava as férias. Ficar longe dos amigos escoteiros, das atividades e dos acampamentos aborrecia e muito a Jim. Permanecia em sua casa, uma monumental mansão, com mais de quinze quartos, um sem número de empregados, uma governanta dominadora e sua Avó que pouco ligava. Subia escadas, ligava o PC, descia escadas, levava uma barraca até o jardim, usava de mil formas para armar em 2 minutos, enfim, uma rotina entediante.

Quando dava na telha, ia ao sítio, uma verdadeira fazenda próxima a capital. Lá tinha seu canto preferido, um pequeno porão, escondido nos fundos da cocheira. Não era um porão qualquer. Quem como eu que conhecia sabia que existia uma parafernália de computadores, peças, ferramentas, onde montava seus inventos, ou curtia um bom papo com vários escoteiros de uma centena de países. Mesmo assim a rotina retornava. Para ele era uma usança tediosa.

Numa noite, Jim foi dormir bem na madrugada. Seus pensamentos voaram por plagas nunca antes imaginadas. Reviveu muitas das suas aventuras escoteiras. Do ralhar de sua Akelá tão amada, só porque com a matilha saiam a convidar outros meninos dizendo a alcatéia estava distribuindo chocolates. Claro não era verdade, mas conseguiam atrair múltiplos jovens ao movimento. Jim sempre pagava para eles uma guloseima qualquer na bomborniere perto da sede.

Não esquecia nunca o sorriso maroto do chefe da tropa, e até da reunião feita entre o Chefe do Grupo e seus pais, quando levou uma patrulha ao cemitério para uma prova de coragem. Afinal do que seria o escotismo sem uma pitada de criatividade?

Claro, foi bem planejada, foram bem camuflados, mas com o uniforme escoteiro por baixo. Não deram sorte, pois o administrador da necrópole viu e chamou a polícia. O uniforme serviu de prova e como disse Jim, um escoteiro se apresenta como tal, e quem foi lá deveria se portar como um escoteiro.  Interessante que a tal prova de coragem significava ficar sentado em um banquinho, dentro de um mausoléu por hora e meia, entre onze e três da madrugada.

Foram duas noites. Eram sete na patrulha e um dia só não dava. No segundo dia foram descobertos. Daí os atropelos, da polícia, dos pais, da reunião de chefes. Claro, dentro do grupo a traquinagem era aceita de maneira disfarçada, pois mostrava inventividade e argúcia, um dos princípios básicos do fazer fazendo até ver o erro.

Jim sorria de suas recordações. Lembrou também de outra atividade com a patrulha em um cinema. Sempre diziam que deviam fazer marketing do que é e o que fazem os escoteiros. Assim planejaram com Jim transmitir uns CDs em um cinema, onde passava um filme famoso que atraia centenas de cinéfilos. Como passar os CDs é que precisavam de uma boa dose de inventividade.

Jim deu a idéia. Comprariam em uma tabacaria uma boa quantidade de rapé, quando o cinema estivesse cheio, eles jogariam o rapé dentro da sala de operação e o operador teria que sair até ao banheiro. Com mascaras entrariam e com a porta trancada passariam os CDs já previamente gravados com atividades escoteiras. Jim fez uma abertura no cd que ultrapassava em muito as grandes criações do cinema.

O plano deu certo. Conseguiram passar todo o relato apresentado nos CDs. Parece que a gerencia não aderiu ao plano. De novo a policia, de novo os pais de novo a reunião de chefes. O pior é que foi assunto em toda a imprensa. A Direção Nacional quis saber de tudo. Sempre os adultos com aqueles aconselhamentos que nunca mostravam uma pitada de aventura.

Jim não esquecia a hilariante invenção sua de uma imagem tri-dimensional e com a patrulha a levaram até a Câmara de Vereadores e quando todos estavam reunidos, Jim com uma gravação já feita, lançava a imagem próxima a púlpito e os vereadores atônitos viam e ouviam sobre o Grande Movimento Escoteiro e de Baden Powell seu fundador.

A idéia era levar a imagem a um programa de auditório de uma grande rede de televisão, mas precisava ser antes testada. Até que valeu. A imprensa deu uma pequena ajuda.

Uma atrás da outra as recordações volitavam na mente de Jim. Ficou assim horas e horas. Sabia que seu pai se divertia com ele. Não dizia, mas apoiava. Talvez pela sua ausência. Quem sabe por que não teve esta oportunidade quando criança e sabia o quanto valia estas aventuras e criatividades para as fantasias de um infante. Acho que foi por isto que ele o matriculou no Grupo Escoteiro. Quem sabe ali teria tudo àquilo que não teve.

Pensando, refletindo, buscando no passado o sonho do presente, Jim dormiu. Bem tarde como disse. Dormiu até as duas da tarde. A governanta preocupada foi ao seu quarto e o acordou. Jim levantou sorrindo. Tomou banho, almoçou e foi até o jardim, onde embaixo de uma algodoeira em flor sentou-se na grama e sua imaginação começou a laborar uma aventura formidável.

Lembrou quando seu pai o levou até uma das fazendas que possuía em Mato Grosso. Tinha outras em Minas, Goiás e Paraná. A primeira, bem ao norte, fazendo fronteira com a Venezuela. Como era grande. Eram tantos bois que se perdiam de vista. Outro campo enorme com uma plantação de soja. O administrador logo ficou seu amigo. A cavalo ou motorizado, ambos “fuçavam” aqui e ali na labuta diária.

Jim se divertiu a beça. Andou e dirigiu diversos tratores de esteira, de pneus, aprendeu a manobrar um D-12 Caterpillar com maestria e nos primeiros dias foi uma descoberta. Andava as tarde léguas e léguas a cavalo. Quando resolveu fazer isto sozinho se assustaram. Jim nada disse. Um belo dia saiu no seu “campeio” diário e colocou todos os funcionários em polvorosa. Ligaram para seu pai. Ele disse para não preocuparem. Jim sabia o que estava fazendo.

Claro, Jim era escoteiro de segunda classe e não se apertava. Não se separava nunca da sua velha “Silva” de guerra (bussola). Sabia onde estava e onde deveria ir. Foi então que avistou em meio da floresta uma grande fenda, com crateras enormes. Em redor, grutas e mais grutas. Apeou do cavalo, amarrou o mesmo em uma árvore e se aproximou.

Levou algum tempo para descer até uma parte da cratera. Viu um grande lago e logo logo se aproximou de uma das grutas. Não deu para chegar perto. Precisa de cordas. Era enorme, com estalactites e tudo. Jim ficou fascinado. Sabia que um dia isto iria acontecer. Agora só, sem equipamentos e sabendo que os outros desconheciam onde estava se deteve e voltou à fazenda. Ficou o dia inteiro pensando em entrar nas grutas.

Perguntou ao administrador o que se tratava. Soube que antes do pai adquirir a fazenda, uma empresa de exploração de minérios ali esteve. Acreditavam que lá haveria uma mina de bauxita em grandes proporções. Mas quando atingiram as grutas, mais de 50 metros abaixo do solo desistiram. Não era viável. Seu pai comprou e ninguém mais lá esteve.

Jim sempre sonhou em explorar uma gruta ou mesmo uma caverna nunca visitada pelo homem. Era um sonho e quem sabe poderia se tornar realidade. Porque não aproveitar as férias e ir até a fazenda do se pai? Seria uma apoteose no seu currículo. Era só planejar e uma parte do seu sonho seria realizado.

Não pretendia fazer isto sozinho. Precisava de amigos. Carecia da patrulha. Os corvos eram bom em tudo que faziam. Nunca disseram não a uma boa aventura. Eram destemidos, audaciosos e intrépidos. Sempre que planejavam a tarefa era cumprida. Se conseguisse a ajuda deles seu plano teria um final bombástico.

Mas antes do convite, detalhou um plano com pormenores e como realizá-lo. A fazenda não ficava ali e sim a mais de 1.500 quilômetros isto até Cuiabá, pois alem teriam que viajar na rodovia Cuiabá-Santarém mais 233 quilômetros. Era uma jornada e tanto. Quando ia com seu pai, o jatinho levava pouco menos de três horas. Agora não. Não tinha jatinho.

Ligou para seu pai. Sabia que estava em Bremen na Alemanha. Não teve dificuldade em falar com ele. Depois das trocas saudosas de pai e filho distantes entrou no assunto. Seu pai autorizou que o motorista que o servia o levasse até a fazenda em Mato Grosso. Só pediu para levar junto um segurança. As despesas ele podia usar o cartão de crédito e gastasse o que fosse necessário. Para isto seria aumentado o crédito a favor.

Perfeito! Meio caminho andado. Pesquisou na internet quais os equipamentos necessários. Copiou a lista e durante uma semana percorreu as lojas especializadas. Não podia usar muito espaço no veículo. Precisava levar pelo menos 5 escoteiros com ele. Resolveu que o utilitário da fazenda também iria. Seu segurança seria o motorista.

        A constância é contrária à natureza, contrária à vida. As únicas pessoas completamente constantes são os mortos.
Aldous Huxley
ooxxoo

AS LEGENDÁRIAS LENDAS ESCOTEIRAS
Aqueles que fazem o pior uso do seu tempo são os primeiros a reclamar de que o tempo é curto.
Jean De La Bruyere
Historia de hoje: Jim, o Escoteiro do Futuro – Em as Minas do Escaravelho Negro

Capitulo II

Tudo pronto, agora era fazer os convites. Nada de telefones. Com o motorista foi em casa de cada um. O monitor tinha viajado com os pais. Não iria. Sobravam sete. O sub não viajou e nem ia viajar. Conversou com seus pais. Explicou. Se quisessem seu pai podia telefonar para eles. Só não entrou em detalhes da aventura que irão fazer. Concordaram.

Com o intendente da patrulha também teve a permissão dos pais. Ele estranhou que confiassem tanto assim nele. O próximo o bombeiro/lenhador tinha viajado. Mais um fora do mapa. O Construtor estava em casa. Foi muito difícil convencer seus pais. Liguei para o meu e ambos se comunicaram. Mais um na aventura. Faltavam ainda o socorrista e o escriba. Ambos viajando.

Seriamos, portanto quatro. Não era um bom número, mas dava para montar uma aventura incomparável. Todos ficaram cientes do que deviam levar como tralha. Não esquecer dois uniformes de campo completo. Os demais itens eram do conhecimento de todos. A saída seria dia 11 de janeiro e eu passaria em casa de cada um pessoalmente entre 06 e 08 horas.

Agora era esperar o grande dia, uma grande viajem que pelos seus cálculos terminaria dois dias depois. Não pretendiam viajar a noite. Traçou um roteiro onde dormiriam em um hotel beira de estrada. O administrador fora alertado para preparar a Casa Grande, pois iria receber alem de Jim, mais 3 jovens. Os dois motoristas ficariam na Casa de Hóspede.

Foi um grande dia a saída. O motorista era consciencioso, nada de correrias. Velocidade não era o seu forte. Muito bom. Pararam para almoçar e comeram um peixe delicioso. Às 8 da noite encontraram o hotel de pernoite. Já haviam percorrido quase a metade do caminho. Antes de dormir ficaram checando o programa, pois pretendiam ficar nas grutas três dias seguidos sem emergir de lá!

No dia seguinte, pé na estrada. O bom humor era uma presença constante. Piadas, repassaram todas as canções escoteiras que conheciam, lembraram de aventuras anteriores e ficaram macambúzios com a falta dos demais membros da patrulha. Próximo a divisa com o estado de Rondônia e quase fronteira com a Bolívia, entraram em uma estrada vicinal, de terra, das piores possíveis. Só as 19 h chegaram à entrada da fazenda.

Da porteira ate a sede, mais 12 quilômetros. Para quem percorreu mais de 1800 era café pequeno. A área onde ficava os galpões, a casa de maquinas e a Casa Grande estavam todas iluminadas.  Quando esteve lá na última vez, um gerador a óleo diesel fornecia a iluminação. Esta só à noite e desligada antes das 23 h. Agora não. A fazenda recebia eletricidade diretamente da Cia Energética e sem interrupção.

Cansados, dormiram logo. Acordaram com o canto do galo. A expectativa estava agora aflorando a pele.  Sabiam pelo programa que fizeram que somente no dia seguinte iriam para o local planejado. Jim os levou para uma volta a fazenda. Com um trator pequeno de pneu, colocou uma pequena vagonete e foram até a curralama, ao Rio Araguaia, conheceram parte do rebanho de gado, visitaram a casa de inseminação e só depois do almoço continuaram.

Ficaram abismados com a plantação de soja. Perdia de vista. Chegaram próximo a grande floresta amazônica e pela primeira vez tomaram contato com ela. Tomaram banho em um regato cheio de corredeiras com águas límpidas e muito frias.

No segundo dia, dormiram como anjos. Claro, acordando sempre com o cantar do galo. Depois do café, verificaram toda a tralha, os equipamentos, todos eles emborcados na mochila. O administrador os levou até próximo as crateras, pois dali em diante só a pé ou a cavalo. Claro, fez todas as recomendações possíveis, pois não aceitaram a ida de um adulto com eles. Achava um absurdo o pai de Jim autorizar tamanha sandice, e que ele reprovou desde que soube pela primeira vez.

Enfim, patrão é patrão. Ficaria de olho e diariamente daria uma volta próximo ao local para sentir se havia ou não necessidade de intervir. Jim disse que somente na sexta feira estariam de volta. Não haveria horários fixos. Acreditava que até as 18 h estavam de volta. Pedia para manter de plantão próximo o vagão para o retorno.

O jogo já começou guerra ou a aventura já começou. Lá estavam eles, equipados com suas mochilas e muitas outras tralhas, a observarem toda a extensão da cratera e o grande lago que no fundo se formava.

Começaram a descida. A principio sem ajuda de cordas. Quando se aproximaram da gruta escolhida, foi necessário usar uma corda de meia polegada para descer. Demorou, pois as mochilas foram arriadas em separado. A entrada da gruta era espetacular. Parecia um grande salão arredondado sem outras entradas ou cavernas visíveis. Exploraram toda a área.

Encontraram uma pequena fenda e ligaram suas lanternas presas ao capacete. Jim tinha comprado um modelo especial e mais moderno, tipo “magic click” com duas lâmpadas de alta potencia. Levavam lâmpadas de reservas. Estavam uniformizados.

A fenda mal cabia um deles. Jim foi o primeiro entrar. Gritou para os demais prosseguirem, pois havia um caminho perfeito para continuarem a exploração. Era uma espécie de mina, descendo a mais ou menos 45º e sempre em linha reta. Andaram uma hora e pararam. A descida era muito irregular. Seguiram novamente. Logo ouviram um barulho enorme, devia ser alguma cascata ou pequena cachoeira subterrânea.

A perspectiva da aventura fazia esquecer o medo. Eles não sabiam o que era fraqueza ou temor. Sentiam o sangue pulsar. A sede da descoberta aflorava a pele. Chegaram a uma pequena abertura onde avistaram o riacho, não era fundo, pois enxergavam as pedras abaixo. Sem tirar as roupas ou tênis seguiram dentro do riacho por uns bons vinte minutos.

Outro salão, desta vez maior. Ali descansaram e fizeram um lanche. Haviam levado quatro rações (refeições rápidas) e intendência para 3 dias. Se precisassem cozinhar não haveria problema. Claro a falta de lenha seria substituída por um pequeno fogareiro a gás que deveria durar mais de 6 h conforme o fabricante. A água não era problema. Jim sabia das nascentes subterrâneas e claro ainda levavam seus cantis.

Um dos escoteiros pediu silencio. Dizia ter ouvido um ruído. Ficaram quietos e nada. Jim nesta hora deu uma pequena pausa em sua narração. Era único. Perfeito na sua maneira de falar e agir. Achei que sua mente fértil precisava descansar para uma maior inventividade em sua historia. Eu gostava de ouvir o Jim. Poderia ficar horas e horas com ele. Narrava fazendo gesto, em pé, sentado enfim a gesticulação era freqüente.

Logo retornou ao fio da meada. Como os demais nada ouviram seguiram em frente em outra abertura a uns 50 metros abaixo. Agora podiam caminhar juntos. Um barulho de asas entrecortou a escuridão, aclarada pela luz de suas lanternas. Ficaram quietos e aguardaram. Nada mais ouviram. Devia ser morcegos. Só se for morcegos gigantes disse um escoteiro. Jim não se preocupou.

Caminharam novamente por duas horas. Jim olhou seu relógio, marcava 17 h. Viu que andaram bastante naquele dia. Achava que podiam seguir até as 20 h onde parariam para um jantar quente e uma noite de sono.

A mina se transformava numa imensa caverna. Maravilhosa por sinal. Surpresos viram uma luz tênue, mostrando ao fundo uma espécie de lanterna fulgurante de cor púrpura. Apagaram suas lanternas dos capacetes. Dava para ver o suficiente para andar e ver a distancia.

Não andaram muito. Diversos pássaros enormes, alguns voando outros parados sobre as pedras os observavam. Ficaram estáticos. E agora? Seriam perigosos? Seus aspectos não demonstravam ameaça. Seguiram em frente os pássaros nada fizeram a não ser piar um som desconhecido para Jim.

A surpresa foi agora maior. Um gnomo de proporções até maiores do que a lenda conta e um pouco diferente daqueles que aparecem em desenhos antigos. Estava diante dele, apareceu assim como um fantasma a formar um corpo e a sorrir de forma desafiadora.

Logo apareceram outros cinco. Um deles, falando um dialeto que Jim logo soube ser zulu (tinha que ser a imaginação de Jim era fora do normal) pediu para segui-los. Jim conhecia bem o idioma. Sabia que BP aprendeu e ele também não ficaria atrás.

Jim falou para os outros não terem medo. Traduziu o que entendeu como uma missão de paz e para tranqüilizá-los mais, foi até o que devia ser o chefe e o cumprimentou com a mão esquerda. O gnomo nada entendeu. Sorriu de novo e fez um sinal para segui-lo. Foram com eles. Agora era um caminho cheio de nevoeiros, mas que dava para ver o passo seguinte.

Andaram bem umas duas horas. Pelo cálculo de Jim, já devia passar de 21 horas. Mas o cansaço ainda não havia se externado neles. A curiosidade era maior que tudo. Todos da patrulha Corvo sabiam disto. Medo não era uma palavra usada na patrulha. A sede de aventuras era uma realidade. Mas sempre realizada com astúcia, inteligência e sagacidade. A responsabilidade era fato na patrulha.

Finalmente chegaram a uma sala de tamanho desproporcional, separadas por pequenos arbustos, tipo “hibiscos” (não sei como nasceram ali). Foram introduzidos em um local em que existia várias pedras formando pequenos bancos, algumas em círculos outras espalhadas de forma longitudinal. Sentaram em algumas delas e aguardaram.

Não demorou muito e viram aproximando um Gnomo bem velho, com um cavanhaque branco e comprido e ao lado, à frente e atrás, centenas de escaravelhos negros, insetos não muito agradáveis e adorados pelos Egípcios. Eram um pouco parecidos com aqueles de um filme que assistiram (A Múmia). Mas bem maiores aproximadamente 05 a10 centímetros de altura.

O Gnomo chefe levantou uma mão rente à cabeça e com um sinal pediu para aproximarem. Jim estava desconfiado. A perspectiva de desvendar tudo aquilo sobrepujava a razão. Achegaram todos. Foi então que observaram que a voz do Gnomo agora falava em português. Interessante que ele não abria a boca e o som vinha de dentro de cada um. Só podia estar ligado à mente de todos. Como fazia isto, deveras não sabiam.

Antes de iniciar, viram que em volta centenas ou milhares de gnomos se acercaram. Não os tinham visto chegarem. Não fizeram barulho e para dizer a verdade, disse Jim, parece que se materializaram no local. Estranhamos. Mas até o momento não nos fizeram mal. Se quisessem poderiam ter agido antes.

A esperança, enganadora como é, serve, contudo para nos levar ao fim da vida pelos caminhos mais agradáveis.

ooxxoo
 
AS LEGENDÁRIAS LENDAS ESCOTEIRAS

* Rosas são vermelhas, o céu é azul, alguns poemas rimam, mas não esse.

Historia de hoje: Jim, o Escoteiro do Futuro – Em as Minas do Escaravelho Negro

Capitulo III

Durante todo este período, os escaravelhos ficaram mudos e paralisados. Mas todos, sem exceções mantinham os olhos diretamente nos quatro escoteiros que invadiram o espaço de outra metrópole, desconhecida e olvidada por aqueles jovens. Jim nunca leu nada a respeito. Tampouco poderia imaginar algum assim. Pensou que poderia ser uma alienação, produzida pela descida, pelo ambiente enfim por qualquer coisa.

Mas se fosse como poderia os quatros estar sintonizados na mesma freqüência?
Impossível é claro. Jim pensava e meditava como explicar o fenômeno. Mas o Velho Gnomo, com sua voz metálica, mas simpática, estava transmitido a todos suas observações de tudo aquilo. Dizia o Velho Gnomo: (palavras de Jim)

- Nunca pensamos receber a visita de vocês. Achávamos que aqui não nos achariam. Depois que suas maquinas perfuram a terra acima de nossa morada, ficamos em dúvida. Pensamos em fechar todas as entradas, mas nosso mestre do universo disse para não fazermos. Ele disse que não nos preocupássemos. Com a rotação da terra e dentro de poucos anos, seríamos transferidos para outra dimensão e lá estaríamos salvo de vocês humanos.

Jim já intrigado mais encafifado ficou. O velho Gnomo continuou – Mas vocês chegaram. São jovens, não oferecem perigo. Vou consultar o mestre se deixamos vocês partirem ou se deverão ficar aqui para sempre! - Isto não estava no programa. Jim não pretendia ficar ali. Tinha que fazer alguma coisa, mas logo que pensou seu pensamento foi captado pelo velho Gnomo.

Foi neste período que Jim e os demais fizeram uma viagem das mais misteriosas. Tudo aconteceu em segundos, mas parecia ter passados anos e anos. Estavam viajando pelo universo em uma velocidade espantosa. Foram plantados em um planeta cor púrpura. Espetacular mesmo. Jardins imensos, flores e todas elas azuladas ou purpurina.  

Não avistaram casas, ruas nada. Só viram bosques imensos, grandes lagos de beleza indescritível. Milhares e milhares de Gnomos passeando e os escaravelhos juntos, como se tivessem o mesmo pensamento e a mesma forma de agir. Andaram aqui e ali, ou melhor, ali não se andava. Volitava. Sim, isto mesmo, estavam acima do chão, e pareciam ter asas.

Um Gnomo disse a eles que ali habitavam e todos eram como irmãos. Não havia crimes nada que transgredisse a paz. O amor era tudo que conheciam. Não precisavam dormir, alimentar, não precisavam de vestimenta, só os estudos transcendentais, espirituais e o trabalho do amor os satisfazia plenamente. Jim e os demais estavam fascinados!

Tinham os Kikalões (escaravelhos) como companhia. Eles os ajudavam em tudo. Nos serviços mais pesados e difíceis. Um pouco diferente dos animais domésticos da terra. Eram como se fossem irmãos, mas precisavam de alguns anos ou talvez milhares e milhares de anos para se aprimorarem mais. Claro que vocês não entendem o que significa anos. Para nós um ano é uma hora, ou pode ser um minuto. Depende do nosso crescimento no amor, na bondade.

Na terra sempre precisaram de nós os Ayesiwes, (nome do planeta). Estamos a anos luz de distancia de vocês, mas nosso transporte telepático se faz em questão de segundos. Não só lá como em vários outros planetas recebem nossa ajuda. Conhecemos o fundador de sua seita, ele era um “mwyrta”, espécie de mentor de uma raça menor, mas superior as suas.

Este era o motivo de lá estarmos com uma expedição de ajuda. Sempre levamos o amor como arma. Nosso maior instrumento de guerra é a paz. Sua terra disse está passando por uma fase muito difícil. Catástrofes, guerras, falta de fraternidade, de amor. Assim lá estamos sempre sintonizados com o bem. Este é o motivo de fazermos lá uma morada.

O passeio se evaporou como um passe de mágica. Estavam de volta a gruta e Jim começou a ficar com medo. Isto nunca aconteceu. Tudo que pensava o velho Gnomo ouvia. Falaram de amor, de paz, mas será que podiam confiar? Não podia pensar. Eles sabiam de tudo o que pensavam.

Ele de surpresa, falou para o velho Gnomo – Não precisam ter nenhum receio de nós. Não faremos nada. Nossos pais e amigos sempre alegaram que temos a imaginação fértil e nunca acreditam em nós. Afiançamos e para isto damos nossa palavra de escoteiro que o que houve aqui nunca será relatado. Acreditem em nós, somos escoteiros. Temos palavra, temos honra!
  
Parece que Jim falou muito alto e isto prejudicou muito a conversa. O velho Gnomo estremeceu e pediu a Jim que falasse só em pensamento. Era difícil para eles, não estavam acostumados. Claro tudo que pensavam estava sendo transmitido a todos os Gnomos ali presentes.

Jim notou que os escaravelhos começaram a fazer um círculo em volta de cada um. Isto o preocupou. O Velho Gnomo os tranqüilizou. – Jovens, os Kikalões são de paz. Se nada fizerem de mal, eles também não o farão. Jim contou que um dos escaravelhos ou Kikalões parecia estar dentro dele, sorrindo enigmaticamente. Caramba! Que bichos interessantes pensou Jim. Se pudesse levar um para casa para estudá-lo seria curioso tentar um relacionamento. O Velho Gnomo disse a Jim que não era possível.

É, pensava Jim, estou pensando e eles ouvindo. Como fazer para não pensar. Falou para todos os escoteiros ficarem recitando em pensamento, as dez leis escoteiras. Terminando e começando. Deste modo eles não leriam mais os seus pensamentos. Jim achou que valeu.

O velho Gnomo sorriu, fez uma espécie de saudação, fechou os olhos e todos desapareceram. Os escaravelhos começaram a fazer um círculo em volta dos quatro e ali permaneceram por mais de seis horas. Viram que não havia mais sinais de gnomos. Pensou no velho Gnomo e não obteve resposta. Estavam a mais de 18 h acordados.

Claro, que o cansaço tomou conta de todos. Logo colocaram suas lonas de dormir no chão e apagaram por completo. Jim disse que não soube o que houve neste período. Acordaram e nada viram. Os gnomos, os escaravelhos haviam desaparecido. Ficaram perplexo com tudo. Perguntaram entre si se foi um sonho. Não sabiam responder.

Resolveram retornar. Viram que era tarde de quinta e na sexta tinham prometido estar de volta. Sabiam que o retorno seria demorado. A subida, as pedras, as corredeiras tudo iria dificultar um melhor rendimento. Arrumaram suas tralhas e deixaram para fazer uma refeição quente longe dali.

Voltaram taciturnos, sempre pensando em tudo, duvidando da realidade e agora sabiam que eram a maior ou se não a grande aventura de suas vidas. Lembravam de sua promessa ao velho Gnomo. Afinal tinham palavra. Nada podiam dizer.

Pararam em uma caverna de tamanho médio, e fizeram uma sopa, e comeram com gosto. Até então só lanches frios. Dormiram por cinco horas. Acordaram e retornaram a subida.

Na sexta, aproximadamente às quinze horas chegaram a Gruta da entrada, galgaram sem dificuldade as saliências e subiram na cratera com facilidade. Não avistaram ninguém. Também não viram o vagão que Jim tinha solicitado. Olharam para a entrada da gruta para dizer adeus.

Impossível! Lá estavam milhares de gnomos e não sei quantos escaravelhos a sorrir e acenar um adeus diferente dos nossos. Bateram palmas. Era real. Um barulho surdo se ouviu e uma nuvem de pó cobriu a entrada da caverna. Quando se dissipou, não havia mais gruta e nem caverna. Só uma parede de pedra como se nunca existisse ali uma abertura.

Viram o administrador se aproximando. Acharam que nunca mais nenhum ser humano iria entrar ali. Não havia mais grutas. Eles os gnomos e os escaravelhos, ou melhor, os Kikalões do planeta Ayesiwes nunca seriam descobertos ou importunados. Sorriram entre si. A história dos Corvos agora era outra. Participaram da aventuras de suas vidas.

“qui, que quod, com o Corvo ninguém pode. Arka, uenka, lelenka, atenta! Atenta!” sou um corvo, agüenta! – Assim deram o grito da patrulha, para que ali naquelas plagas distantes, onde começa outra nação, saibam que a Patrulha Corvo estivera presente, e nunca em tempo algum tivera receio ou temor. Tinham aversão por medrosos.

O administrador não entendeu nada. Pudera. Nunca fora escoteiro, não sabia como ter o “Espírito dentro de nós”. Como dizia a velha canção escoteira: De BP trago o espírito, sempre na mente! Sempre na mente, sempre na mente! - De BP trago o espírito junto de mim e no meu coração estará!

Voltaram à fazenda. À noite, fizeram uma pequena fogueira. Em volta dela cantaram. Um escoteiro imitou o velho Gnomo. Riram a valer. Outro imitou o andar do Kikalões. Agora só faltava imaginar uma dança, para nunca mais, nunca mais mesmo esquecerem-se daquele magnífico povo de gnomos e Kikalões e daquele planeta – Ayesiwes! Onde o amor era tudo o que conheciam.

No sábado retornamos. Dormimos boa parte da viagem. Eu voltei as minhas lides da rotina infernal, aguardando ansioso o retorno as aulas e as minhas atividades escoteiras – dizia Jim. Estávamos sentados em um degrau da entrada do pátio, onde se realizava as reuniões, eu o Jim e mais três escoteiros da patrulha Corvo. Anoitecia.

Não sabia o que falar. Era mentira? Uma história inventada e falsa? Ou era um fato verdadeiro. Não sabia. Jim sempre me surpreendia. Riu a olhar para mim, e pegou sua mochila tirou de Lá um CD e me presenteou. Sabia o que seria. Jim novamente filmou tudo.

Pensei que com sua inteligência e seus conhecimentos de computação e informática, Jim poderia quem sabe montar através de programas criado por ele toda aquela história, frutos de sua imaginação, mas a dúvida me assaltava. Sempre me abordava aquele sentimento. Mas ao ver novamente o filme da aventura de Jim e seus amigos da patrulha não havia como duvidar.

Ali materializado na TV, as imagens eram nítidas sem nenhuma mostra de falsificação. Perguntei para Jim se ele comentou com outros. Claro ele disse, aqui somos todos irmãos escoteiros e o velho Gnomo sabe que o que aqui se diz aqui se fica. Em sonhos ainda tenho contato com ele. Conversamos muito. Ele muito me orienta e manda recados para os outros da patrulha que estiveram em visita ao seu lar.

É..., Jim é impagável. Extraordinário melhor dizendo. Aqui conto suas histórias, suas aventuras, suas criações ficcionistas por autorização dele. Sabe que todos que irão ler acreditarão ser historias sem h. Nunca aconteceram. São frutos da imaginação do escritor. Que assim seja.

Até outra aventura de Jim. O Escoteiro do Futuro!

E quem quiser que conte outra...

 Se não existe vida fora da Terra, então o universo é um grande desperdício de espaço.

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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