quinta-feira, 25 de abril de 2019

Negócio de ocasião. A venda um coração Escoteiro!




Negócio de ocasião.
A venda um coração Escoteiro!

Prologo: Quando se vê tantas discordâncias, tantas idiossincrasias diferente do escotismo que sonhei, quando se vê tanto egoísmo tanta prepotência, quando se vê pessoas que não tem a mínima noção de Espirito Escoteiro, quando se sente impotente na luta por dirigentes que querem a todo custo manter a pose de alguém que não é, a gente pensa que é hora de abdicar e passar a frente um velho e longo sonho escoteiro que parece não vai se realizar.

- Vendo a quem se interessar um canivete Suíço, usado por muitos anos e que serviu para limpar peixes que pesquei nos acampamentos que fiz. Vendo uma mochila verde musgo, que ganhei de um Capitão do Exercito lá pelos idos de 1951 em ótimo estado de conservação. Viajou em meus costados por longas jornadas me levou a lugares incríveis, serras e montanhas nunca imaginadas. Vendo um colchão feito de dois sacos de estopa, vazios, só fica cheio quando colocar o capim ou folha seca quando for acampar. Vendo uma marmita clara sem carvão, que ganhei de um soldado e nem sei se ele teve autorização para me dar. Vai junto um garfo e uma colher de pau que fiz quando tirei minha segunda classe lá pelos anos de 1952. A caneca eu não tenho mais. Uso folhas de bananeira ou de taioba que me servem sem reclamar.

- Vendo um lenço verde amarelo, quadrado da minha promessa de lobo, pois assim era usado e bem dobrado ainda em perfeito estado de uso. Vendo uma faca mundial simples, com bainha em perfeito estado e toda ela bem preservada com talco para não enferrujar. Vendo uma machadinha de Escoteiro, perfeita, cabo de madeira cortada de uma aroeira, envernizada, limpa, bem afiada e segue junto uma pedra de amolar que usei por muitos e muitos e muitos anos. Vendo um sapato Vulcabrás, usado sim, mas ainda pronto para percorrer léguas e léguas nas estradas de terra do meu Brasil. Vendo uma bússola Silva, quando fiz minha jornada de Primeira Classe em perfeito estado, sem quebras ou riscos. Vendo uma bússola Prismática, que ganhei quando Sênior do Chefe João Soldado.

- Vendo um bastão Escoteiro, duas polegadas de diâmetro, um metro e sessenta com ponteira de aço, com diversas marcas a fogo dos acampamentos que fiz. Tem a marca do Cordão Verde e amarelo, o dourado e do Correia de Mateiro que conquistei. Tem várias especialidades não tanto como hoje, mas me orgulho da de Sinaleiro, Mateiro, Construtor de Pioneirías, acampador cozinheiro e Socorrista. Vai junto uma bandeirola que ganhei de uma aventura no Pico da Bandeira e quem me deu foi um Policial Rural radicado na Serra do Caparaó. Vendo com uma dor no coração meu cantil francês, que um Escoteiro do Rio ganhou em um Jamboree no Canada e me presenteou. Está limpo, sua capa bem adornada sem manchas. Vendo cinco meiões já gastos, alguns puídos, pois viajaram por tantos lugares e guardam ainda belas recordações. Vendo um chapelão Escoteiro, de três bicos e garanto que ainda conservo as abas retas sem tortura. Tive três deles, mas só posso vender um os outros valem uma vida que nem posso mensurar...

- Com tristeza vendo também minhas estrelas de atividade. Todas de metal, algumas com cinco dez ou quinze anos e outras somente de um ano. Estão em perfeito estado, pois meu Chefe fazia questão delas brilharem. Vendo um livro de aventuras, onde anotei minhas noites e noites de acampamentos, fogos de conselhos, jogos noturnos, travessias em rios e balsas incríveis que hoje não existem mais. Vendo um sonho de menino que se realizou como escoteiro e dele nunca esqueceu jamais. Não posso vender minha honra escoteira. Dela não abro mão. Meu caráter seguirá comigo para a estrela que for me receber. Ainda guardo no coração o primeiro artigo da lei Pois o Escoteiro tem uma só palavra, nem posso vender ou ceder minha ética escoteira minha lealdade e meu cavalheirismo aliado à cortesia que nunca abandonei. Fica também sem oferta meus setenta e dois anos escoteirando e minha fé em Deus, pois sei que ele nunca vai me abandonar.

- Pensei em vender as estrelas brilhantes do céu que me acompanharam todos estes anos neste mundão sem fim. Os fogos de conselho que participei as canções que cantei as frases que fiz os tombos que levei.  Inegociável o sol meu amigo que não me pertence assim como e a lua espetada no céu. Desculpe não oferecer os milhares de cometas que passaram por mim em velocidades incríveis sem dizer adeus. Ah! Ia esquecendo, A coruja buraqueira minha amiga não me autorizou vender. O pardal o bem ti vi e a rolinha que me beijou um dia também não posso dispor. Quanto ao Lobo Guará, sempre desconfiado me dizia: - Nem pensar Vado Escoteiro, nem pensar...

- Quem se interessar espere minha partida e me procure em Capella, uma estrela distante onde irei morar quando partir. Está tudo lá, pois levarei tudo comigo amarrados em um cabo trançado que aprendi com um vaqueiro do nordeste e sempre bem apertado no meu cinto escoteiro que nunca troquei. Mas se um dia sentirem saudades das minhas histórias, venham sentar comigo em volta do fogo, da brasa ainda sem adormecer que todas as noites acendo na minha estrela.

- E então eu contarei a viva voz os dias felizes que escoteirando viajei nos meus sonhos e os transformei em realidades mil. Preço? Quanto valem? Não sei calcular. Venha se assente, use minha caneca e sirva de um cafezinho que está na chaleira na brasa. Faça uma oferta, e aguarde, pois mesmo decepcionado não sei se venderei meu sonho escoteiro. Ele não tem preço, são saudades que nunca irão se apagar na minha mente no meu sonho no meu orgulho de ser e acreditar que meu Escotismo está na alma e no coração de um Velho Chefe Escoteiro e nunca irá morrer.  

“DIGA NÃO AOS ESTATUTOS DA ESCOTEIRO DO BRASIL”!

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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