quarta-feira, 6 de março de 2019

Lendas Escoteiras. Labrador, o cão solitário da Montanha da Lua.



Lendas Escoteiras.
Labrador, o cão solitário da Montanha da Lua.

Prologo: - A espécie de felicidade de que preciso não é fazer o que quero, mas não fazer o que não quero. Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada. Amei aquele cão por toda minha vida. Se era um fantasma eu nunca tive medo. Ele ainda mora em meu coração e ali ficará para sempre!

(Conta-se uma lenda que um Escoteiro se dirigia para um acampamento de sua patrulha, quando passou por um círculo de pedras e foi silenciosamente ultrapassado por uma matilha de cães negros espectrais acompanhados por um homem vermelho, com pernas compridas e soltando fogo pelas narinas. O homem parou em frente ao Escoteiro e a matilha fez um círculo em sua volta. – Aonde vais? Perguntou o homem sinistro. Os cães latiram. – Acampar responde o Escoteiro. – Toma isto! E o homem vermelho jogou em suas mãos uma trouxa. Sumiram depois em nuvens escuras desaparecendo no escuro da noite. O Escoteiro ao chegar ao acampamento teve uma grande surpresa. – Descobriu que enrolado na trouxa existia um esqueleto de um cão negro já morto. Ele nunca mais viu um cão como aquele e mesmo percorrendo o Caminho do Abade, onde eles aterrorizam os carneiros e os pôneis selvagens viu que sumiram para sempre nas trilhas da Montanha da lua).
...

                        Tino Marcus era monitor da Albatroz. Eram seis amigos que juntos tinham o mesmo desejo e o mesmo ideal. Viver na natureza enquanto pudessem. O Chefe Montanha autorizava sempre a patrulha acampar na redondeza. Quando podia fazia uma visita e sabia que eram responsáveis, unidos e dificilmente iria acontecer um acidente. A Albatroz tinha história. Patrulha antiga, com mais de quarenta anos de fundação. Estava agora na sua décima terceira geração. Tino Marcus sabia que podia contar com Tavinho, Rodnei, Lucas, Bebeto, Vantuil o sub. Todos sabiam o que fazer como fazer e não se apertavam em acampamentos, excursões ou bivaques como o do quase inacabado percurso dos Montes Camarões. Ali tudo deu errado, mas entre mortos e feridos escaparam todos. Era para terem saído às sete da manhã e por que o Bebeto teve que ajudar sua mãe em um serviço na Cascata do Rio Vermelho resolveram esperá-lo para que ele não fosse sozinho. Afinal escolheram acampar na Montanha da lua, e duas léguas sozinho naqueles caminhos não era fácil.

                            Só às cinco da tarde chegaram ao Sítio São Lourenço. O Senhor Samuel não estava, mas tinham intimidade bastante para deixar as bicicletas no Galpão das máquinas. Sabiam que ele iria sorrir quando visse e quem sabe iria a cavalo fazer uma visita. Escurecia e a noite caía. Não se via quase nada a frente. Resolveram montar barraca no Platô dos Bororós. Eles mesmo batizaram na primeira vez que subiam a Montanha da lua. Havia diversos lugares lindos, mas com a escuridão o melhor era ficar por ali. Dava para armar até três barracas de duas lonas e havia um pequeno aclive para montar a cozinha. Não precisavam de mais. Seria duas noites de acampamento e o programa poderia ser feito ali. A rotina não precisa ser contada. Afinal eram seis bons acampadores mateiros. Foram dormir cedo por volta de dez da noite. Tino Marcus ainda ficou com Vantuil até as onze. Quando foram dormir ouviram um uivo triste e gritante de algum lobo que devia estar bem próximo deles. Se fosse um lobo saberiam como agir. No acampamento de Serra das Araras fizeram amizade com um e na volta ele desapareceu e nunca mais o encontraram.

                           Levantaram cedo, por volta de cinco e meia. Tino Marcus avistou aquele que uivava a noite. Era um cão enorme, negro, olhos vermelhos e quando respirava saia de suas narinas uma espécie de fumava branca que é costume a gente ter quando o frio é grande. Ele se assustou. Chamou os demais escoteiros com o dedo na boca para fazerem silêncio. O Cão sentou em duas patas, não demostrou ser feroz e nem tomou posição de ataque. Tavinho com seu sorriso contagiante foi até ele. Acariciou seu dorso e sua cabeça, o cão não fez nenhum gesto. Nem abanou a cauda. Só respirando e olhando fundo nos olhos de Tavinho. Passado os primeiros momentos todos se aproximaram. Afinal o Escoteiro é bom para os animais e as plantas e ali estava um belo exemplar de um da raça... Qual raça? Ninguém sabia. Não era um Martim, não era um Dogue Alemão, não era um Pastor e nem um Mastim. Pelo sim pelo não o chamaram de Labrador. O cão permaneceu com eles todos os dias. Brincava, pulava, caçava e fazia mil e uma estripulias próprias de um cão selvagem.

                 Na noite de sábado fizeram um fogo do conselho. Labrador ficou deitado prestando atenção a tudo que faziam. Perto da fogueira viram quando suas orelhas levantaram. Um estalido de galhos secos dizia que havia intrusos na mata. Ele sabia o que era. Só podia ser uma Pintada das grandes. Todos o viram saltar para dentro da mata. Ouviram latidos e rosnados. Ele voltou com sua pose de rei da selva. A onça havia partido. No domingo pela manhã deram por sua falta. Até onze da manhã nada do Labrador. Resolveu dar uma busca. Quem sabe se feriu na luta com a onça. Aventuraram por boa parte da Montanha, desde o leste para o oeste, do sul para o norte. Descobriram quase à tardinha uma caverna. Entraram devagar. Não viram labrador, mas tudo ali dizia que era sua morada. Quando retornaram ouviram seu uivo cantante e triste. Voltaram e nada. Partiram às sete da noite. Por dois meses fizeram plano para voltar. Queriam saber o que ouve com Labrador.

                      Acamparam no mesmo Platô. Esperam o dia inteiro e nada. Ficaram dois dias esperando. Antes de partir resolveram subir a montanha e ver a caverna onde Labrador morava. Vazia nenhum sinal. Voltaram para o Platô pegaram suas tralhas e partiram. Na descida um clarão vermelho iluminou toda a montanha. Assustaram, subindo a trilha uma matilha de cães vermelhos estava subindo. Na frente um homem enorme, todo vermelho com fumaça em suas narinas seguia sem nada dizer. Saíram da trilha e observavam a passagem daquela figura fantasmagórica e assustadora. Um cão saiu da fila, parou e olhou os escoteiros. Tino Marcus gritou – Labrador é você? O cão levantou as orelhas. O homem vermelho sem parar falou: - Belzebu volte para seu lugar!  Pandemônio nos espera. O cão olhou para seu pai e para os escoteiros. Devagar voltou para a fila e partiram sem olhar para trás! Uma coisa eu sei, Tino Marcus, Tavinho, Rodnei, Lucas, Bebeto e Vantuil nunca mais acamparam na Montanha da Lua!

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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