domingo, 9 de junho de 2019

Histórias de fogo de conselho. A Guarda de Honra.




Histórias de fogo de conselho.
A Guarda de Honra.

Prólogo: - A Guarda de Honra das Forças Armadas é a tropa armada, especialmente postada para prestar homenagem às autoridades referidas no Regulamento de Continências, Honras, Sinais de Respeito e Cerimonial Militar das Forças Armadas. A Guarda de Honra conduz a Bandeira Nacional com sua guarda e Banda de Musica.

- Havia uma Guarda de Honra no Grupo Escoteiro Andrômeda. Era constituída por nove participantes, três lobinhos três escoteiros e três seniores. Esta é a história de Chuvisco um menino que não perdia um desfile do Tiro de Guerra e dos Escoteiros. Amava as passadas, a banda, mas tinha um carinho especial pela Guarda de Honra. Com cinco anos se perdeu entre os desfilantes atrás de uma Guarda de Honra dos Escoteiros. Encantou-se! Sonhava em estar ali com eles. Seus pais ficaram horas a sua procura e por último foram até a sede do Grupo Escoteiro e o viram lá, junto à meninada de final de desfile. Com cinco anos queria ser um deles e não podia. Teria que esperar sete anos. Demais para ele, pois em seus sonhos sempre se via portando o Pavilhão mais importante. A bandeira Nacional.

Seus pais humildes sempre faziam de tudo para Chuvisco ser feliz. Sua mãe dizia para ele que a amizade desenvolve a felicidade e reduz o sofrimento, duplicando a nossa alegria e dividindo a nossa dor. Chuvisco não entendia nada do que ela dizia, mas quando sorria ele ficava feliz. Chefe Coronel estava como sempre sisudo e olhava para aquele menino magro raquítico, sem os dentes da frente e disse aos seus pais secamente: - Quantos anos? Seis Chefe Coronel! – Não dá, espere ele crescer. Chuvisco se aproximou olhou nos olhos dele e disse: - Por quê? Chefe Coronel sorriu. Não era de sorrir. O estilo, a fala, a maneira de dizer o impressionou. – Tragam-no no próximo sábado, vamos ver no que vai dar!

- Não deu. Tudo aconteceu quando iam para a sede. Chuvisco caiu e não levantou mais. Na cidade não havia pronto socorro, só o Dr. Pancrácio que cobrava os olhos da cara. Capristano seu pai ofereceu dois cabritos, um capado e seis galinhas e o Doutor aperreado aceitou. Olhou o menino enviesado e disse: - Só na capital! Tem exames que aqui não tem. Naquela época era difícil diagnosticar. Chuvisco sofria uma doença conhecida como ossos de vidro. Uma osteogênese imperfeita, um transtorno genético e incurável que afeta os ossos do corpo provocado ruptura. Chuvisco não queria saber. Não chorou, mas não aceitou ficar de molho na cama. Sonhava em pertencer a Guarda de Honra dos Escoteiros, sonhava com aquele uniforme, com as luvas brancas e o talabarte de couro onde ficava o porte do pequeno bastão da bandeira.

No sábado seguinte com um esforço enorme lá foi ele para o Grupo Escoteiro Andrômeda. O Chefe Coronel sorriu. Menino danado pensou. Entrou como lobo e queria vestir o uniforme. Disse sem meias barrancas ao Chefe Coronel que ele queria ser da Guarda de Honra, se possível levar a Bandeira Nacional. – Chefe Coronel o olhou de alto a baixo. – Menino, cresça e apareça! Respondeu. Uma semana, duas um mês, três meses e Chuvisco promessou. Seu sonho estava chegando, exigiu treinar na Guarda de Honra. Chefe Coronel sabia que a fila era grande, mas sentiu que aquele menino ora dessas não iria mais andar. Meteu nele um talabarte, disse ao Encarregado da Guarda que o treinasse com carinho sem se esforçar.

Sete de Setembro. Chuvisco levantou às cinco da manhã. Tinha que estar na sede às sete. Não tretou e nem café tomou. Empertigado no seu uniforme de Lobo lá foi ele sacolejando as pernas para não cair. Sentia uma dor terrível na perna direita. Dona Domênica sua mãe chorava. Via a dor do filho, mas seu sonho era maior. Capistrano seu pai fez menção que ia carregá-lo. Chuvisco gritou: - Nem, nem! O Grupo Formado. Primeiro a banda, depois a Guarda de Honra. Após os lobos os escoteiros os seniores e alguns chefes que nunca apareciam no Grupo há não ser quando se tem festividades. Rataplã, pam, pam! A banda repicava o hino Alerta. Chuvisco encantado com suas luvas brancas, seu sapato preto engraxado, seu boné de lobo bem colocado sorria. Sou sonho tinha acontecido. Ao passar em frente ao palanque, Chuvisco sentiu que não dava mais. Sua perna doía horrivelmente.

Num gesto de respeito, disse a Pedregulho o Chefe da Guarda que precisava parar se tinha alguém para pegar a bandeira... Pedregulho correu para ele, pegou a bandeira e Chuvisco caiu. No chão sorria.  Ele fora um deles, olhou para suas luvas brancas, passou os dedos no lenço do grupo, tirou seu chapéu e desfaleceu. – O tempo passou Chuvisco nunca mais andou. Viveu contente, pois seu sonho se realizou. Vez ou outra Chefe Coronel e Pedregulho iam em sua casa. Contavam causos, e diziam a Chuvisco: - Olhe meu caro lobo, você venceu, o primeiro grau de heroísmo é vencer o medo e você foi exemplo. No Grupo Escoteiro Andrômeda você será sempre lembrado.

Chuvisco morreu aos trinta e oito anos. A doença dos ossos se alastrou e seu corpo frágil não aguentou. Contam até hoje como foi o desfile que o Grupo Andrômeda fez em suas exéquias. Ao toque do silencio pelo corneteiro Castilho, a Guarda de Honra em marcha lenta fez sua saudação, e seu esquife desceu até sua última morada. Não ouve choro, mas lágrimas caiam no campo santo. Firme! Gritou Pedregulho... Ao Chuvisco em saudação! Um tarol e uma caixa clara quebrou o silencio daquela tarde ensolarada e alguém jurou que viu Chuvisco com seu boné de lobo, seu lenço, sua luva branca a segurar o bastão da Bandeira do Brasil.    

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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