segunda-feira, 10 de junho de 2019

Lendas Escoteiras. A lenda do escoteiro fantasma!




Lendas Escoteiras.
A lenda do escoteiro fantasma!

Prólogo: - A vida passa, as histórias ficam e a mente da gente vai pensando o quanto pode guardar dos tempos que já se foram. Ninguém pode fugir das chamadas do coração, se necessário estar pronto para a despedida ou um novo recomeço. Sempre com ânimo e sem lamurias. Dentro de nós mora um encanto que nos dá forças e nos ajuda a viver. Uma história de ficção, apenas para passar o tempo.

                     Esta é uma historia que me contaram em uma noite de gostosa em redor de uma fogueira. Tem histórias que a gente não esquece tem outras que aproveitam uma invernada com o vento gelado em noites de inverno e não voltam nunca mais. Quem contou foi um Chefe com uma barriga enorme que quase não sentar a moda escoteira do lugar. Seu nome? Não lembro. Assim ele começou: - A historia começa um acampamento em Águas Formosas, próximo a Estação de Derribadinha da Estrada de Ferro Vitória Minas. Tínhamos passe livre e explorar áreas desconhecidas fazia parte do nosso habitat. Sem incidentes chegamos à Fazenda do Conde. Marcos Tulio o proprietário não estava. Sabíamos que podíamos acampar onde quiséssemos, pois seu telegrama respondendo a um pedido nosso dizia da sua alegria e satisfação em saber que escoteiros iriam acampar em suas terras. Completou dizendo que iria retornar ainda para nos cumprimentar pessoalmente.

                       Fizemos um programa simples, um campo suspenso, quem sabe com cozinha e tudo. O Senhor Marcos Tulio disse que a madeira não ia faltar no bambuzal que lá existia. Marcelinho colocou no programa um pórtico que ele tinha visto em uma revista. O tempo era suficiente. Cinco dias quatro noites. Quatro horas após descer do trem estávamos chegando ao Vale da Serpente. Nostradamus o monitor riu quando soube do nome. – Bem ele não comentou de serpentes portando acho que podemos acampar sem medo. Nossa intendência no saco de patrulha estava quase completa. Fazíamos questão de ter tudo à mão e confiávamos em Lourival (tico tico) nosso intendente. Ele era bom nisso. Na fazenda Dona Sinhá sabia da nossa vinda. – O Senhor Marcos Tulio informou da chegada de vocês. Ofereceu um pequeno almoço que aceitamos sem relutar. Sabíamos que a montagem do campo iria demorar.  Gente fina Dona Sinhá. Um belo almoço e pé na taboa.

                           O local maravilhoso. Um mata fechada, grama baixa e na subida da serra uma bela vista apontava. Um córrego de águas límpidas e transparente próximo onde escolhemos o campo. Nostradamus comentou que se um dia voltássemos poderíamos trazer água ao campo da patrulha. Os bambus gigantes iriam servir para isto. Mãos a obra e nosso campo as oito estava quase montado. No fogão tropeiro Juvêncio o cozinheiro labutava com um belo sopão. Um cozinheiro fora de série. Anoiteceu, jantamos e ficamos em volta de uma pequena fogueira. Dormimos cedo. No segundo dia começou a montagem das pioneirías. Logo fizemos a barraca suspensa o toldo mateiro com os bancos e mesa. Hora do banho na cascata que formava um belo remanso divertimos muito. Os peixes brincavam ao redor, muita alegria muita diversão. Juvêncio nos reservou um belo jantar de linguiças fritas, uma farofa e ovos cozidos e um pão do caçador.

                   No segundo dia à tarde o senhor Marcos Tulio nos visitou.  Simpático e alegre estava de uniforme. Dizia de seu orgulho de ter sido Escoteiro. Prometeu voltar à noite para uma conversa ao pé do fogo. Mal acabamos de jantar e ele chegou. Contou que foi Chefe Escoteiro e hoje não mais. A vida de fazendeiro me tom tempo Em seguida perguntou: - Já viram ele? – Ele quem? Perguntamos. O Escoteiro Fantasma! Rimos. Ele também riu e disse-nos para acompanhá-lo. Subimos riacho acima por uns quinhentos metros. Acostumamos com a escuridão e no caminho ele contou uma historia fantástica. Disse que quando jovem, um escoteiro da Patrulha avião caiu de uma árvore perto da ponte da Ravina Seca. Caiu de costas nas pedras do riacho. Morreu na hora. Foi um Deus nos acuda! Os pais inconsoláveis.

                  A tropa passou meses sem acampamentos. O tempo passou. Muitos esqueceram, eu não. Voltamos a acampar aos poucos. Dois anos depois voltamos novamente aqui. Um medo enorme de encontrar o nosso amigo. Nonato diziam zanzava nas noites de lua cheia. No ultimo dia quando no Fogo de Conselho um clarão enorme na mata, levantamos correndo e não vimos nada. Nonato apareceu de forma gigantesca. Seu tamanho descomunal foi diminuindo, estava de uniforme e chapéu escoteiro. Sorria e quando abria a boca parecia que um fogo azul saia de lá. Seus olhos eram enormes. Chispas de fogo nos dois. Corremos a mais não poder até a barraca. Até o chefe correu. A noite inteira ninguém arriscou a sair da barraca. No dia seguinte levantamos acampamento as pressas. Nunca mais voltamos aqui. Não por medo, mas eu não queria encontrar novamente o Escoteiro Fantasma.

                    Queira ou não a gente tem medo de fantasmas, mas aquele relato tinha de ser averiguado. Falei com a patrulha e eles me deram a maior força só não iriam comigo. À noite fui sozinho até lá. Afinal Nonato se fosse Escoteiro era amigo e não iria me fazer mal algum. Na ravina avistei uma bola de fogo e logo depois ela se transformou em um menino. Sentado pescava com uma vara invisível. Aproximei-me e o chamei. Ele se voltou, desta vez não dava para aguentar. Seu rosto não tinha mais carne, só ossos. Tremi e já ia sair em disparada quando ele falou baixinho. – Não vá! Preciso de um amigo! Contou-me uma historia tão triste que não vou repetir para vocês para não impressioná-los. Nunca fui herói e nem valente. Quando contei para o Senhor Marcos Tulio ele sorriu. A patrulha incrédula insistiu em ir até lá. Fomos no terceiro dia à noite. Na ravina para espantar o medo cantávamos baixinho. Eis que Nonato apareceu. Agora com rosto normal e afável. Soltava algumas faíscas pelos olhos e fumaça em suas orelhas. Assustador mas dava para aguentar. Ninguem disse nada. Ele deu um Sempre Alerta e todos responderam. Tentou cumprimentar, mas sua mão estava queimando. Vermelhas como brasa.

                    Perguntei por que estava sempre em fogo. Ele disse que foi uma escolha sua. Era bom para espantar os caçadores e pescadores. Ficamos mais três dias e passamos a receber a visita de Nonato. Ele fez da Ravina Seca sua morada. Disse-nos que amava o escotismo. Agora em outra dimensão não tinha amigos e ninguém para conversar. O medo acabou. Chegou o dia do retorno. Nonato tinha os olhos vermelhos. Pedia para voltarmos sempre. Precisava de amigos. O tempo passou. Voltamos lá muitas outras vezes até que um dia Nonato disse que iria embora. Seu tempo ali acabou. Despedimos e ele se foi para sempre. A patrulha resolveu manter a história no anonimato. Ninguem precisava saber. Nunca contei a ninguém, mas hoje me lembrei de Nonato. Quanto sofrimento. Espero que ele esteja ao lado de Anjos sobre as graças de Deus. Sei que vão achar que é invenção e não vou discutir. Mas eu gostaria mesmo de um dia rever Nonato. Aprendi a gostar dele.

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