terça-feira, 14 de agosto de 2018

Contos de Fogo de Conselho. Um novo dia para viver!



Contos de Fogo de Conselho.
Um novo dia para viver!

Nota – Uma história hipotética. Quem sabe olhada por um ângulo só. Quem sabe a história de muitos que saem do escotismo ou para sempre ou vão para outra associação. Será que lá é diferente? Haverá democracia? Não é o escotismo de um só dirigente? E o que fazer para mudar tudo isso? É melhor dizer que somos disciplinados e nosso dever é colaborar com a juventude do nosso país? Real ou imaginário? Você decide.

                       James Nabor olhava incrédulo o Chefe Teobaldo. Nunca pensou em receber uma visita sua. Foram muitos anos atuando juntos. Não queria voltar no tempo, mas ele era um cavalheiro, tinha um coração escoteiro e recebeu Chefe Teobaldo com um sorriso sem fingimentos. Naquele instante James Nabor tentou pensar porque abandonara o escotismo. Dez anos passados! Lembrava o quando foi feliz. Os jovens escoteiros de outrora deixaram marcas em seu coração. Lembrava como gostavam dele e o que diziam. Chefe! O senhor é insubstituível.

                       Tinha liberdade e nunca tolhido em suas ações. Era apolítico e da direção se mantinha a margem de tudo. Amava seus escoteiros e sabia que eles o amavam. Consideravam-no o herói Escoteiro que sonhavam em ser. Quantas excursões? Quantos acampamentos? Quantas atividades volantes e belos bivaques? Sorria ao lembrar. Para ele o escotismo era os ensinamentos de Baden-Powell: -                “Escotismo é vida ao ar livre”! Sem isto não tem escotismo!

                     Orgulhava-se do que fazia. Perguntavam qual era seu segredo, qual era sua mágica em manter os meninos nas patrulhas por muitos anos. – Não tem segredos nem magia, basta ouvi-los e dar a eles o que querem, respondia. Os que passavam para os seniores sempre voltavam nas reuniões da tropa. Quatro preferiu serem seus Assistentes a passarem para os pioneiros. Nem tudo dura para sempre. A política começou aos poucos a soprar em seu Grupo Escoteiro. Já se via chefes se digladiando por cargos e exigindo normas, e eleição.  

                     – Só assim seremos um Grupo Escoteiro Padrão diziam. – Chefe! Este comodismo é o que mais incomoda. Na realidade é uma omissão. – Como pode fazer parte de uma associação se não a conhece bem? Já pensou quanto ganha por essa passividade em sua vida escoteira? Conhece a associação por dentro? Isto não está afetando nossa imagem? Como formar cidadãos úteis e participantes, se não participamos da vida administrativa e politica da associação?  

                             Será que os novos chefes estavam certos? Chefe James Nabor ficou em duvida. Chegou à conclusão que apesar de conhecer bem os meandros técnicos escoteiros ele nunca participou da vida política da Associação. Aqui e ali pululavam comentários, alguns prós e outros contras. Ele tinha o POR e os estatutos e resolveu ler novamente. Pensou em ir a Assembleia Regional ver melhor como funciona, iria também a Assembleia Nacional que seria em seu estado.

                           Lembrou-se de um artigo do Escritor Aldous Huxley: - “Uma organização não é consciente nem viva”. Seu valor é instrumental e derivado. Não é boa em si; É boa apenas na medida em que promoveu o bem dos indivíduos que são partes do todo. “Dar primazia às organizações sobre as pessoas é subordinar os fins aos meios”. Estava convencido que devia participar mais, viver plenamente a vida da Associação, participar, opinar, sugerir, conhecer e discordar se preciso for.

                   Começou a participar ativamente. Assustou quando conheceu as entranhas da Associação por dentro. Quantas vaidades, quanta prepotência. Alguns se achavam portadores do caminho para o sucesso. Não o de Baden-Powell, mas o dele. Viu ideias que nunca tinha pensado. Mas no final notou eram sempre os mesmos eleitos e poucos novos apareciam. Sempre com novas ideias deste que as normas soprassem com vento a favor... deles! Sentiu-se deslocado. Ali não havia democracia apesar de muitos dizerem o contrário.

                   Os eleitos eram escolhidos a dedo pelas suas regiões ou os próprios diretores da associação. Votar e ser votado, decidir sem participar era de responsabilidade de não mais que 0,2% do efetivo adulto nacional. Isto é representativo? Lembrou-se das Palavras de BP: - A maior ameaça a uma democracia é o homem que não quer pensar pôr si mesmo e não quer aprender a pensar logicamente em linha reta, tal como aprendeu a andar em linha reta. A democracia pode salvar o mundo, porém jamais será salva enquanto os preguiçosos mentais não forem salvos de si mesmos. Mas quem dava bola para Baden-Powell?

                   Chefe James Nabor sabia que boa parte dos participantes da Associação tinham condições financeiras para estarem presentes e participar ativamente. Seria difícil o assalariado, ganhando pouco participar. Ele pagou um enorme valor para estar presente na Assembleia Nacional. Uma pasta, um lenço e dois almoços. Três dias! Barato ou caro? Porque uma taxa assim? Mesmo quando a região conseguia patrocínio a taxa continuava alta. – Temos que financiar a passagem e estadia dos Dirigentes Nacionais, diziam a boca pequena.  

                   Não houve nenhuma discussão importante. Nunca aceitavam sugestões e quando um novato insistia diziam que ali não era o fórum apropriado. Sentiu saudades da ética, da lealdade do cumprimento do dever. Riu para sí próprio pensando que nada diferia dos nossos políticos Brasileiros. Para que modificar e perder as regalias atuais? Ele sentia pena dos que acreditavam que tudo poderia ser mudado. – Chefe! A pressa é inimiga da perfeição! 

             James Nabor voltou para casa pensativo. Ele não poderia jogar com duas moedas. Não tinha duas caras. Ou ficasse e lutasse para tentar mudar ou seria melhor ir para casa e deixar para outros. Disseram a ele das outras novas associações que estavam aparecendo. Será que serão democráticos e passar o poder a quem for eleito? Será que seriam melhores nas prestações de contas, no trabalho em equipe para diminuir os gastos dos voluntários e dos jovens?

              Agora dez anos depois estava ali o Chefe Teobaldo. – Precisamos de você. O grupo vai de mal a pior. A evasão cresceu. Precisamos de suas ideias práticas! Chefe James Nabor não tinha respostas. Ele sabia que nada mudou. Difícil mudar se não existe uma união de forças para tudo mudar. Ele sabia que sozinho nada podia fazer. Será que seus pares comprariam a ideia para mudar o escotismo em seu país?

Gostaria de ouvir sua opinião do que devia responder ao Chefe Teobaldo pelo Chefe James Nabor. Poderia ajudar?

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