domingo, 3 de fevereiro de 2019

Contos Escoteiros. Sonhos não podem morrer.



Contos Escoteiros.
Sonhos não podem morrer.

Prólogo: - Um “pout-porry” de “causos” do escotismo. Qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência.

Ana Rosa – 13 anos – Escoteira.
- Ela voltava sozinha quando terminava as reuniões escoteiras de sábado. Morava perto e seu pai nem sempre ia buscá-la. Ficava olhando suas amigas da Tropa. A maioria os pais ficavam no portão, semblante apressado, esperando suas filhas que não vinham, pois a Chefe ou o Chefe tinham sempre uma última palavra a dar. Lembrou a Chefe Nany que precisavam acampar. Sentia falta. Adorava quando estava no campo. Esquecia-se de tudo e ali na vida ao ar livre seus pensamentos corriam soltos pelos campos, nas águas límpidas do riacho, e sua patrulha era sua família naqueles poucos dias que viviam juntos. Escotismo era seu balsamo. Ainda não tinha sonhos grandiosos para o futuro. Um dia pensou que poderia ser médica. Vibrava quando via historias e ou aparecia na TV os Médicos sem Fronteiras. Sabia que tinha uma família feliz. Seu pai um homem trabalhador e sua mãe também. Não lhe faltava nada apesar de não serem ricos. Ainda não tinha um smartfone. Não estava em seus planos. Ana Rosa virou a esquina pensando que a vida sem acampamentos não era nada.

Nico Paulistinha – 12 anos – Escoteiro.
- Pensou que seria seu último. Voltar? Nem pensar. Estava cansado, muito. Quando lhe falaram do bivaque ele vibrou. Sonhou com ele por semanas. Fez tudo que o monitor ensinou. Levar o necessário na mochila, tênis antigos e macios, um cantil não tão cheio, pois no caminho a água não iria faltar. Dois dias percorrendo a pé 26 quilômetros. Paradas para descansar a cada duas horas e outras quando necessárias para as refeições. Tinha feito duas excursões e um acampamento. Pensou que nunca iria perder outro e nunca deixaria o escotismo. Mas todas que fez não andou a pé. Na subida dos Sapos Molhados (riu quando lhe disseram o nome) maldisse sua vida escoteira. Nunca mais faria nada igual. Quando pararam próximo a uma cascata vibrou. Pôs os pés na água gelada. Bom demais. Porque não ficar ali? Dormir com as estrelas tendo o teto ou a barraca? Não disseram isto para ele quando entrou? O Chefe avisou – Vamos partir em cinco minutos se preparem. Iremos parar agora à noitinha na Fazenda do Curtume. Sua mente olhou para o céu. Pediu a Deus que pudesse voar. Partiu com a patrulha sonhando que era um pássaro, sonhos?

Chefe Nany – 36 anos – Chefe Escoteira.
Desanimada. Muito. O cansaço da vida aos 36 anos estava chegando. Nova? Desde que Tonho morreu que ela vivia por conta de seu filho. Ele não deixou quase nada, uma pensão de dois salários mínimos. Amava o escotismo. Oito anos de atividade. Seu filho quis ser um e ela acompanhou. Hoje não participa mais. Fez cursos, aprendeu muito com suas monitoras. Fora promovida na Empresa que trabalhava. Tinha que dar o máximo para mostrar que era capaz. Ah! Ser mulher não é fácil. Tem de provar que faz mais que o homem. As monitoras cobravam. – Chefe, e o nosso programa? – Ela sabia que não estava sendo cumprido. Como cumprir? Como procurar local de campo, preparar material comprar víveres providenciar transporte. Não era fácil. Marisa ajudava, mas era uma assistente mais dependente do que líder. Torquato o Diretor Técnico fazia ao que pode, mas não o suficiente. As meninas cobrando, as contas do banco chegando, A luz quem sabe seria cortada se não pagasse logo. Acampar? Deixou uma monitora dando um jogo. Sentou longe da Tropa. O que fazer? Preciso sonhar? Preciso pisar no chão e acreditar?

João Torquato – 63 anos – Diretor Técnico.
- Sorria quando chegava à sede aos sábados. Quantos deles? Muitos. Centenas ou milhares. Organizou o grupo há 30 anos. Cansado? Sim, foi uma vida, mas ele sabia que valeu. Quantos passaram por ali? Quantos um dia chegavam e o procuravam abraçando e agradecendo? Não tinha jeito para arregimentar voluntários. Até que tentou. Conseguiu uns poucos e muitas vezes teve que substituir a falta de um ou outro. E a sede própria? Sorria quando lia que algum Grupo Escoteiro fazia a inauguração. O que eles têm que eu não tenho? Rico não sou ele dizia, Mas não era fácil. Os pais não colaboravam tanto, uns poucos ainda ajudavam na sede. Sede própria? Ele ria quando pensava. Os mais abastados de outros grupos viviam ensinando. Ele prestava atenção, mas desistia logo. Tinha uma família, quatro filhos, uma sogra e sua mãe entrevada na cama. Ah! Noêmia esposa amada. Se não fosse ela não seria ninguém. Pensava em passar o bastão a alguém mais forte que ele. Quem? Seu olhar olhava o tempo que não olhava nada. Sonhar! Ainda bem...

                         Sonhar é não pensar que somos perfeitos. Aquele que sabe realizar sonhos sabe como caminhar em busca deles. Nos sonhos não existem príncipes nem princesas. Encare seu sonho como se fosse real. Acredite nas pessoas, mas de forma sincera e real. Se nos seus sonhos elas fazem parte não deixe de exaltar suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos. Acredite em você. Vá em frente, use e abuse do seu pensamento. Não viva só de momentos, como as nuvens no céu. Pense que nada é impossível, se não deu certo hoje amanhã vamos recomeçar. E não esqueça, é bom demais viver o dia a dia, vivendo assim a vida jamais cansa. Os sonhos são lindos e melhor ainda quando sabemos que a esperança faz parte dos nossos sonhos reais.

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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