Amélia.
Prólogo: - Parodiando
Mell Glitter, eu digo a você que não tenho nada a esconder. Se você me condena este é meu jeito de ser, esta minha
mania de transgredir e ir além entrego-me! Sou réu confesso quando se trata de
assumir que ultrapasso limites e me divirto com isso... Na verdade, o que não
sabem de mim, é pior do que o maior delito que me acusam! Amélia me entendeu
melhor!
Amélia uma Pioneira que
um dia foi lobinha, escoteira e Guia, sorrindo se acercou a mim e despachou a
pergunta que não quer calar: - Chefe o que fazer quando alguém nos diz que
precisamos mudar? – Olhei para ela com as sobrancelhas levantadas. O que seria?
Sou um bom ouvinte. Não gosto de interromper. Sou como aquele que diz que o
homem comum fala o sábio escuta e o tolo discute. – Ela sorriu levemente. – Continuei
calado. Tossi. Olhei para ela. – Chefe não entendeu? Dizem que o escotismo hoje
tem que se adaptar a pedagogia moderna. Sorri. Eu já conhecia tais sintomas de
mudança. Afinal tem gente que gosta tanto de carnaval que vive o ano inteiro de
máscara. – Vi que ela queria uma resposta. O que dizer? Afinal a educação é o
que sobra depois que a gente esquece o que aprendeu na escola da vida. – Chefe
e então? Precisamos ou não mudar? Olhei para ela espantado: - Amélia, você é
ótima, acabou de me colocar numa saia justa. – Eu sabia que nenhuma pergunta é
indiscreta. Algumas respostas é que costumam ser e eu não sabia o que
responder.
Não podia deixa-la
decepcionada. Quem quer arruma um jeito. Quem não quer arruma uma desculpa e
este não sou eu. O tempo deixa perguntas mostra respostas, esclarece duvidas...
O tempo infelizmente ou felizmente trás verdades. Pensei em Confúcio quando
disse que os extremamentes sábios e os extremamente estúpidos é que não mudam.
Mas mudar o que? - Perguntei a ela. – Chefe o senhor é conhecido como um
progressista do seu tempo. Quem o conheceu sabe que seu histórico ainda vive no
passado, afinal o senhor é ou não um tradicionalista? Dizem que seu legado não
foi posto em duvida, mas então, aceita mudar? Ela me pegou batendo o sino da
meia noite na Igrejinha de São Domingos. Deus me livre de Kenedy que disse uma
frase que nunca esqueci. – Se você agir sempre com dignidade, talvez não
consiga mudar o mundo, mas será um canalha a menos. Um tema que sempre me tocou
profundamente. Eu era daqueles que nunca devemos mudar de cavalo no meio do
rio. Eu era um tradicionalista que no passado foi chamado de conservador,
burguês e reacionário.
Precisava dar uma
resposta, qual? Nunca tive vergonha de corrigir meus erros e mudar de opinião,
porque nunca me envergonhei de raciocinar e aprender. O Velho Churchill dizia
sem nenhuma dúvida que não há mal nenhum em mudar de opinião, contanto que seja
para melhor. E era para melhor o que os novos sábios faziam? Está dando certo?
Kennedy no alto da sua sabedoria dizia se formos mudar as coisas de modo como
devem ser mudadas, teremos de fazer coisas que não gostaríamos de fazer. A
humanidade não era mais a mesma como no passado. Tudo vai se evoluindo, mas o
escotismo precisava mudar pelas mãos de quem não viveu o passado? – Amélia as
mudanças são benéficas desde que estejam dando certo. Eu posso mudar, eu posso
viver da minha imaginação ao invés da minha memória. Se eu acreditar que este é
o melhor caminho. – Eu adoraria dizer a você que tudo vai dar certo. Que o
sucesso está ali próximo de cada um de nós. Não existem obstáculos
intransponíveis, pois tudo que uma pessoa possa planejar é capaz também de
realizar.
Ela sorriu e se foi. Eu
fiquei a meditar. Não sabia se acreditava em minhas próprias palavras. Sempre
fui um discípulo das ideias do Líder. Seu seguidor fiel. Adaptei-me a realidade
dos novos tempos, mas francamente tinha enormes dúvidas do seu sucesso. Eu
sabia que o que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada.
Parodiando Millôr Fernandes, meu destino não passa pelo poder, pela religião,
por qualquer dessas mudanças idiotas. Meu script é original, fui eu quem fiz
baseado no escotismo que acredito e por isto não morro no fim!
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